Estudo analisa presença de índios Tikuna em Manaus

Amilcar Jimenes, autor do trabalho de pesquisaAmilcar Jimenes, autor do trabalho de pesquisaDiscutir a presença Tikuna em Manaus é o tema da dissertação defendida nesta terça-feira, 4, pelo mestrando do Programa de Pós-graduação em História (PPGH) Amilcar Aroucha Jimenes. Participaram da banca examinadora os professores Luís Balkar Sá Peixoto Pinheiro, do Departamento de História da Ufam, Jorge Eremites de Oliveira, da Universidade Federal de Pelotas (UFPEL) e Marcos César Borges da Silveira, presidindo a avaliação.

Professor Jorge Eremites de OliveiraProfessor Jorge Eremites de OliveiraCom o título “Protagonismo indígena na cidade: os Tikuna em Manaus e a Associação Comunidade Wotchimaücü”, Amilcar Jimenes buscou responder questões acerca da experiência do povo Tikuna que há mais de 20 anos deixou a aldeia na região do Alto Solimões para habitar no bairro Cidade de Deus, zona Leste da capital do Amazonas. “Meu objetivo era enxergar a experiência dessas pessoas aqui na cidade; que articulações, que formas de fazer essa vida na cidade, como elas se organizam, como elas percebem o meio urbano, isso eu tinha curiosidade de saber. Esse foi o meu objetivo, buscar as vozes dessas pessoas”, revelou o pesquisador.

De acordo com Amilcar Jimenes, a vida dos indígenas da Comunidade Wotchimaücü sofreu mudanças inevitáveis diante do novo contexto em que se encontram. Uma delas foi a necessidade constante de falar em Português. Nas aldeias, os Tikuna se comunicam em sua própria língua – a Tikuna. “No entanto, a questão é eles se apropriam dessa vida na cidade e transformam em um espaço seu também, num espaço que é familiar, na aldeia deles. A cidade vira uma aldeia, uma grande aldeia. Elas têm transformado a cidade num lar”, enfatiza.

Professor Marcos César Borges da SilveiraProfessor Marcos César Borges da Silveira

Ainda conforme Jimenes, para realizar a pesquisa sobre os Tikuna de Manaus ele partiu do campo da História Oral para, por meio de entrevistas com personagens, captar a forma de vida na comunidade. Além disso, foi preciso adentrar nos conceitos antropológicos, o que para Amilcar, tornou-se um desafio. “Eu fui por um caminho conhecido pelos historiadores que é a História Oral e fazendo um diálogo com a Antropologia, que foi um desafio muito grande. Talvez ainda tenha muito a aprofundar nessa questão”, disse.

Segundo o mestrando, o interesse pela população indígena é anterior à realização do mestrado. “A questão indígena sempre foi algo que me sensibilizou desde os tempos da graduação. O trabalho foi uma tentativa de responder a algumas das perguntas que eu tenho não só como pesquisador, mas como ser humano mesmo”, disse Amilcar.

Professor Luís BalkarProfessor Luís Balkar

Para o pesquisador, a Comunidade Tikuna de Manaus ainda tem entraves para a sua melhor adaptação e organização no meio urbano, todavia, Amilcar Jimenes se confessa otimista quanto ao futuro do povo Tikuna. “Existem muitos limites, mas eles estão conseguindo com muita luta se apropriar do espaço. Vejo um futuro interessante para eles, todavia, isso vai depender de muitas variáveis. Mas eu tenho certeza que, no que depender deles, eles vão buscar o melhor caminho possível”, afirma.

Membro da Banca examinadora, professor Jorge Eremites de Oliveira, da Universidade Federal de Pelotas (UFPEL), comentou o trabalho de Amilcar Jimenes. “É um trabalho rico e instigante. Aprendi bastante com ele. Tanto PPGH quanto o estudante estão de parabéns”, elogiou.

Além de participarem da Banca que avaliou a pesquisa de Amilcar Jimenes, os professores Jorge Eremites de Oliveira e Marcos César Borges da Silveira são os preletores das Conferências do PPGH. “A História Indígena no Brasil” será conduzida por Jorge Eremites e “Uniões mistas, alianças e identificação entre os Tikuna de Manaus” por Marcos César Borges. As atividades acontecem no auditório Rio Negro, no Instituto de Ciências Humanas e Letras (ICHL), às 14h30 desta quarta-feira, no setor Norte do campus.

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