Professor de economia da FES analisa bom desempenho do PIM em 2013 e expõe expectativas para 2014

Professor Mauro ThuryProfessor Mauro ThuryNa contramão da produção industrial brasileira, a Zona Franca de Manaus fechou 2013 com resultado positivo em termos de produção e geração de empregos. De acordo com dados da Superintendência da Zona Franca de Manaus (Suframa) a estimativa de vendas das empresas do Polo giram em torno de R$ 81 bilhões superando o ano anterior. O número de empregos também cresceu de 118,7 de 2012 para 129 mil no ano passado.

Segundo o professor de economia da Faculdade de Estudos Sociais (FES), Mauro Thury de Vieira Sá, é preciso compreender como são feitas as análises da produção industrial para então entender o porquê do bom resultado das empresas do PIM em um ano de baixa produtividade nacional. O primeiro ponto a ser considerado, conforme o economista, é o fato de o Polo Industrial local estar mais voltado para o mercado interno.   “A capacidade de consumo do mercado brasileiro persistiu em 2013. A indústria de transformação brasileira como um todo ainda sente as repercussões da crise internacional que afetou a demanda estrangeira por bens manufaturados fabricados no país”, explica Mauro ao se referir aos números em queda da indústria nacional.

Vieira Sá argumenta que nem todos os indicadores foram favoráveis às fábricas do Amazonas. Ele cita, por exemplo, o dado referente à produção física da indústria de transformação publicado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) que registrou crescimento de 1,6% no Estado, enquanto que, considerando o Brasil, subiu 1,8% na comparação entre o acumulado nos meses de janeiro a novembro de 2013 e o mesmo período de 2012. “Todavia a pesquisa do IBGE não abarca a contento alguns produtos que começaram a se destacar no ano passado, a exemplo dos tablets, cuja produção em 2013 atingiu 2,2 milhões de unidades. Crescimento de 11 vezes frente a 2012 na comparação do acumulado dos 11 meses iniciais de 2013 com o mesmo período de 2012,”, afirma o professor da FES.

Junto aos tablets, os videogames e microcomputadores também tiveram sua parcela de responsabilidade no êxito do PIM. De acordo com o professor, mais de 1,2 milhão de unidades de videogames foram vendidos no ano passado, produzindo uma expansão de 91,82% se comparado a 2012. “Tais dados são da Suframa. “Os dados de produção física do IBGE não computam estes três bens em seu levantamento”, informa.

Os smartphones, que mesmo com menos unidades produzidas, contribuíram significativamente em termos de aumento de faturamento no bom resultado do PIM. Os aparelhos se destacaram devido ao preço do produto que vem tomando o lugar dos celulares comuns. “O faturamento com celular para janeiro-novembro de 2013 já ultrapassou o faturamento de todo o ano de 2012”, assegura Mauro.

O aumento do número de empregos formais está diretamente ligado ao bom desempenho do PIM, de acordo com Mauro Thury. “Os dados de emprego do Amazonas foram favorecidos pelo maior faturamento do PIM. E a expansão do faturamento tem sido viabilizada pela manutenção de uma taxa de desocupação (desemprego) bastante baixa e de uma massa de rendimentos (soma de renda das pessoas empregadas) elevada nos grandes centros urbanos do Brasil”, esclarece.

 Para 2014, as previsões quanto à produção da Zona Franca são otimistas. Segundo o professor, mesmo com uma expectativa de crescimento de apenas 2,0% para o país, para o Amazonas há a possibilidade do Polo Industrial de Manaus crescer ainda mais do que em 2013 em termos de produção física. “É   provável que a produção de televisores cresça em 2014 por conta do “efeito Copa 2014”, diz o especialista.

Ainda conforme o pesquisador de economia, algumas mudanças ocorreram a partir de 2003 que contribuíram para o desempenho positivo recente:a legislação estadual de incentivos foi alterada de sorte a estimular o encadeamento produtivo dentro do próprio polo; alguns incentivos federais também foram aperfeiçoados a exemplo daqueles referentes às contribuições sociais. Os incentivos fiscais de fato propiciam um diferencial em favor da produção na Zona Franca de Manaus frente ao restante do País em especial quando se trata de bens com valor elevado em relação ao peso ou volume, isto é, quando se trata de bens menos sensíveis aos custos de frente e mais sensíveis ao peso dos tributos. “De qualquer modo, se a economia brasileira se desacelerar em 2014, a tendência é que o PIM seja negativamente afetado. Caso adquira mais dinamismo, o PIM deverá crescer mais”, salienta o profissional.

 

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