Emenda polêmica apresentada pela relatoria do Plano Diretor, na Câmara Municipal de Manaus (CMM), de tornar o entorno da Reserva Adolpho Ducke uma Área de Transição será tema de debate durante o Workshop “Reserva Ducke e o Plano Diretor de Manaus”. A proposta é apontada como retrocesso, por abrir caminho para que, em pouco tempo, o local nas proximidades da reserva se torne Área de Expansão Urbana.

O evento é resultado de parceria entre o vereador e presidente da Comissão de Legislação Participativa da CMM, Professor Bibiano (PT), o Departamento de Geografia da Universidade Federal do Amazonas (Ufam), o Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), o Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Estado do Amazonas (CAU/AM) e o Instituto Amazônico da Cidadania (IACI). O workshop acontece nesta quarta-feira (04), das 8h às 17h, no auditório da Ciência, no Inpa. A finalidade é mobilizar a opinião pública contra a proposta.

Os professores do Departamento de Geografia, Marcos Castro e Adorea Albuquerque participam da segunda mesa de palestras do Workshop, juntamente com a mestranda Luciana Lima de Matos. Os representantes da Ufam discorrerão acerca dos impactos das propostas do Plano Diretor para a Reserva Ducke.  De acordo com o professor Marcos Castro, não é recomendável transforma a Reserva em área de transição, pois isso converteria a Reserva em um fragmento florestal urbano, entre outros impactos, exporia a área verde a uma pressão constante do entorno. “A expansão é um processo inevitável. O que nós sugerimos é que isso se dê de forma responsável e com o mínimo de impactos possível. A cidade pode se expandir para o Norte e como está se expandindo para o Sul, por meio da região metropolitana”, declara o professor.

Marcos Castro informa ainda a relevância do Workshop “Reserva Duche e o Plano Diretor de Manaus”. “A importância está no fato de que a sociedade precisa discutir os impactos dessa proposta do Plano Diretor, que é apenas um paliativo, pois não impede que a expansão possa ocorrer na área da Reserva futuramente”, informa Marcos. Para o profissional, a Reserva Ducke deve permanecer inalterada. “A ideia é não permitir que a Reserva seja modificada, mas que continue como está, mantendo o contato com a floresta”, finaliza.

Área de Transição

O modelo de Área de Transição é caracterizado pela presença de elementos rurais e urbanos, apesar da terra continuar sendo considerada rural. Devido a essas características, especialistas apontam que esse tipo de área pode ser urbanizada de forma mais rápida, com o avanço, por exemplo, do mercado imobiliário. Tal cenário transformaria a reserva em um fragmento florestal urbano e colocaria em risco, a continuidade da ligação da Adolpho Ducke com a floresta.

            Os organizadores do workshop defendem que a proposta de implantação de Área de Transição seja abandonada. Além disso, reivindicam a realização de novas audiências públicas, com incentivo à participação da comunidade que mora nas proximidades da reserva, por considerarem que o debate sobre o futuro da maior área florestal conservada da zona urbana de Manaus não pode ser reduzido ao parlamento. A sugestão de criação de um comitê em defesa da Reserva Ducke, inclusive, com busca de apoio de organizações ambientais nacionais e internacionais, também deverá ser lançada.

Programação

Na programação do workshop, consta a realização de duas mesas-redondas. A primeira delas terá como tema central “A importância das áreas verdes na cidade de Manaus” e como subtemas: “A importância das áreas de preservação nas cidades”; “As áreas verdes de Manaus”; “Serviços ambientais da Reserva Ducke” e “Produção de mudas para arborização e recuperação de ambientes em Manaus”.

A segunda mesa-redonda terá como foco “Aspectos sociais, ambientais e legais que influenciam a elaboração e execução do Plano Diretor de Manaus”. Os sub-temas serão “A legislação ambiental e a proteção de espaços verdes em Manaus”; “A sociedade, as áreas de proteção e as representações de meio ambiente – ameaças e oportunidades para um plano diretor em Manaus”; “A densidade e os eixos de estruturação urbana”; “Plano Diretor: propostas e revisões”; “Os impactos da proposta do Plano Diretor para a Reserva Ducke”; “A construção de parcerias interinstitucionais e a mobilização popular” e “Mandado Popular em defesa da Reserva Ducke”. Os participantes do workshop receberão certificado.

Inteiramente gratuito, o evento é voltado à comunidade, principalmente moradores do entorno da reserva, pesquisadores, professores, estudantes e membros de movimentos representativos da sociedade civil.

Confira a programação completa abaixo.

Anexos:

Programação Workshop Reserva Ducke

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