Educação e desenvolvimento – professor da Ufam analisa projetos de desenvolvimento da região Norte em Mostra Amazônia Violentada
Estudantes assistem ao documentário sobre a exploração da Amazônia
Tendo como base o documentário “Amazônia – herança de uma utopia”, de Alexandre Valenti, o professor José Alcimar de Oliveira, do Departamento de Filosofia, comentou a forma de ocupação da região Amazônica a partir dos projetos de desenvolvimento aplicados a essa área do país. A atividade faz parte da mostra Amazônia: Cidadania Violentada, promovida pelo Museu Amazônico, na tarde desta segunda-feira, 25, no Instituto de Educação do Amazonas (IEA).
Professor José Alcimar comenta a forma de ocupação da Amazônia
Abordando diversas tentativas de colonização da Amazônia brasileira, no século XX. O filme apresenta, por meio de um recorte histórico, os impactos sociais, demográficos, econômicos e ambientais resultantes das iniciativas para desenvolver o Norte do Brasil. Partindo do Ciclo da Borracha, passando pela construção da Hidrelétrica de Balbina e pela mina de ouro de Serra Pelada, por exemplo, até o projeto Sivam, (Sistema de Vigilância da Amazônia), inaugurado em 2002, o trabalho de Valenti mostra como essa região foi tratada do ponto de vista político nos últimos 100 anos.
Professor defende formação cidadã para desenvolver a Amazônia
Após a exibição do filme, o professor José Alcimar de Oliveira teceu comentários relativos aos temas expostos e esclareceu as dúvidas do público presente, em sua maioria estudantes do ensino médio do IEA. Segundo o professor, todos os momentos da história da região Amazônica registrados no documentário foram projetos verticalizados, indicando o predomínio da vontade das autoridades públicas e a ausência de participação da população da área na criação desses projetos, os quais se revelaram prejudiciais sob diferentes aspectos e não alcançado o fim proposto. “Todos eles foram projetos danosos para a Amazônia. Uma sucessão de erros e violência”, disse. “Projetos autoritários, de cima para baixo. Não conectados com a realidade local”, acrescentou.
O professor destacou ainda o papel da educação na construção de um futuro diferente para a Região. Para José Alcimar, a educação proporciona a aquisição de conhecimento crítico, pelo qual, as pessoas podem discernir melhor o mundo a sua volta e exigir das autoridades constituídas a criação de políticas públicas que realmente atendam os interesses da sociedade. “Com o conhecimento as pessoas são capazes de filtrar a informação que recebem. E isso faz com o nosso olhar para a Amazônia seja mais nítido”, orienta. “Precisamos de uma formação para a cidadania. Quanto mais passivos formos, mais fáceis de enganar,” alertou.
Estudante revela que terá mais interesse pelos temas da Região
Itaciara Rodrigues de Oliveira tem 18 anos e é estudante do 2º ano do IEA. Para ela, a atividade desta segunda proporcionou um aprendizado significativo. “Foi excelente. Gostei muito do documentário e do professor, da forma como ele mostrou a exploração da região Amazônica e todas as consequências que ela trouxe”, informou Itaciara. “É importante que estudantes saibam disso porque é uma realidade que nós estudamos, mas que, muitas vezes, não encaramos como um problema de fato, que afeta a Floresta e também quem vive na Floresta”, comentou.
Depois de toda a reflexão suscitada, a estudante declara que a atividade do Museu Amazônico despertou o seu interesse pela região em que mora.“Eu saiu daqui sabendo que a Amazônia é explorada e por isso eu tenho de estar atenta aos assuntos que dizem respeito a ela. Isso é da minha conta. Eu vivo aqui. As pessoas que vivem aqui vão sofrer, se nós não dermos atenção a isso. O nosso futuro depende disso”, afirmou a estudante.