A Amazônia do ciclo da borracha suscita reflexão na Mostra Amazônia Violentada

“A Selva”, de Márcio Souza, foi a atração da mostra Amazônia Violentada promovida pelo Museu Amazônico na tarde desta quarta-feira, 6, no Instituto de Educação do Amazonas (IEA). Apresentando a Amazônia do ciclo da borracha, o filme serviu de base para a discussão acerca da ocupação da região e os desdobramentos desse fato sobre o homem e o meio ambiente.

Estudantes discutem a Amazônia a partir de "A Selva"Estudantes discutem a Amazônia a partir de "A Selva"

“A Selva”, de Márcio Souza, foi a atração da mostra Amazônia Violentada promovida pelo Museu Amazônico na tarde desta quarta-feira, 6, no Instituto de Educação do Amazonas (IEA). Apresentando a Amazônia do ciclo da borracha, o filme serviu de base para a discussão acerca da ocupação da região e os desdobramentos desse fato sobre o homem e o meio ambiente.

Com roteiro produzido a partir do romance de Ferreira de Castro, “A Selva” retrata a situação dos seringueiros da Amazônia sob o olhar do português Alberto, que devido às circunstâncias da vida passa a viver na região. Mostrando o dia a dia dos trabalhadores da floresta, o filme expõe temas como escambo, o papel da mulher e relações de poder.

Professora Maria Helena OrtolanProfessora Maria Helena Ortolan

Para a diretora do Museu Amazônico, professora Maria Helena Ortolan, a exposição da película de Márcio Sousa visa suscitar a reflexão sobre o momento atual pelo qual passa o Amazonas comparando-o com o retratado na obra. “A relação que fazemos com os estudantes é que a história dá sentido para a vida presente. Podemos ver como se mantém vigente a forma de conceber o trabalhador no Amazonas e na Amazônia de maneira geral, a forma de conceber as mulheres, a percepção da relação com as crianças, por exemplo, na questão pedofilia e a concepção de que as pessoas vêm para cá enriquecer e depois vão embora”, explica a diretora. “São várias histórias tratadas dentro de uma história que é a dos próprios estudantes”, conclui.

Obra deu origem ao filmeObra deu origem ao filme

Laerte Aguiar é professor de Filosofia do IEA e ressalta a importância dos jovens amazonenses ampliarem a visão de mundo a partir de situações como a proposta pelo Museu Amazônico na mostra Amazônia Violentada. O educador afirma que iniciativas como essa contribuem para gerar a real compreensão acerca do cidadão da Amazônia, fortalecendo o autorreconhecimento. “Todo o esforço de fazer com que os amazonenses se reconheçam como amazonenses, como uma identidade própria, é muito significativo para a formação dos alunos e para a formação dos cidadãos”, destaca o professor. “Essas pessoas podem ter outra postura diante da vida. Podem mudar a  compreensão da sua própria existência e do meio em que vivem. Nesse sentido, o esforço da Ufam, através do Museu Amazônico, em trazer esses filmes que debatem a questão Amazônica, são muito valiosos para essa formação”, completa.

"Filme fala da nossa vida", diz Marcela, estudante do IEA"Filme fala da nossa vida", diz Marcela, estudante do IEA

Estudante do finalista do IEA, Marcela Santos, presenciou a exibição de “A Selva”. Para Marcela, o filme foi bastante interessante e trouxe informações importantes acerca da região em que vive. “É um filme bem rústico que fala da nossa vida, das nossas características. E funciona como uma forma de divulgação de quem nós somos”, diz a estudante.

Marcela, assim como o professor Laerte, acredita que o povo amazonense necessita aprimorar a visão que tem sobre si mesmo e valorizar a cultura da região. “O amazonense precisa se assumir. Muitas pessoas nunca leram um livro de literatura local, não procuram saber mais sobre a sua própria região e não sabem o quanto isso é enriquecedor”, declara a estudante que aos 10 anos conheceu o trabalho de Itamar Pimentel e, desde então, passou a buscar conhecer melhor a região onde nasceu. 

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