Sauim-de-coleira é tema de palestra no "Ciência às 7 e meia"

  

Desmatamento é principal fator de ameaça à espécie, aponta pesquisadorDesmatamento é principal fator de ameaça à espécie, aponta pesquisadorImportante dispersor de sementes e espécie encontrada na floresta do Campus Universitário, o Sauim-de-Coleira é objeto de estudo do professor Marcelo Gordo, do Instituto de Ciências Biológicas. Para salientar a importância da preservação da espécie e em alusão ao Dia do Sauim-de-Coleira comemorado dia 20 de outubro, o pesquisador participou do projeto “Ciência às 7 e meia” na última quarta-feira (30) no Teatro Direcional.

 

Com uma abordagem acessível ao público diverso o professor Marcelo Gordo, coordenador do Projeto Sauim-de-Coleira, mostrou o que foi pesquisado até agora sobre a espécie conhecida por ser importante dispersor de sementes, na medida em que os frutos são um dos seus principais alimentos e também alertou para a responsabilidade dos habitantes da cidade quanto à sobrevivência do Sauim-de-Coleira.  

 

Parte do conhecimento científico que se tem da espécie é proveniente dos estudos realizados a partir do projeto coordenado pelo professor que analisa os impactos que sofrem os animais com a urbanização da cidade e também as construções e acidentes dentro do Campus Universitário da Ufam. Existem 22 grupos da espécie que habitam o Campus da Ufam. O projeto monitora esses grupos há alguns anos, produzindo informações sobre o que comem, como se reproduzem, que tipos de alimentos são consumidos, entre outras. O projeto se tornou a principal referência de informações do animal no estado.

Na lista de ameaçados de extinção, a espécie tem mais de 15 mil habitantes e o desmatamento é o principal fator que ameaça os indivíduos. Nos últimos anos morreram, em média, 10 indivíduos por ano no campus por atropelamento. “Existe morte por causas naturais como a ocorrência de outra espécie de Sauim (Sauim-de-Mão Dourada, são pretos da mão dourada) que habitam a área em volta da distribuição geográfica do Sauim-de-Coleira. Não está confirmado isso, mas existe a presença dessa espécie e acredita-se que ocorre o conflito por território”, disse Marcelo Gordo.

No setor Norte do Campus Universitário, local de muitas obras, alguns grupos de Sauins sentem os impactos no ambiente natural. “Em locais de muitas obras no campus, alguns grupos começam a sentir os impactos na oferta de alimentos. É um impasse muito grande, mas deveríamos repensar a forma de construção dos prédios, não só pelo Sauim, mas pelas outras espécies também. Por exemplo, a verticalização dos prédios. Outra coisa que já vem sendo realizada é a recuperação de áreas degradadas no campus. Mas acho que a principal ação que a Ufam deve realizar é o combate aos atropelamentos. É o principal impacto que nós temos aqui no campus. O atropelamento de Sauins é muito sério, aumenta a probabilidade de extinção aqui dentro do Campus de maneira astronômica”, afirma o pesquisador.

Para a estudante Larissa Silva é importante conhecer os animais que habitam a floresta da Universidade e também de outros espaços de Manaus: “Devemos entender que estamos na floresta amazônica, a mais biodiversa do planeta e na maioria das vezes, em nome do nosso conforto permitimos que a urbanização invada e desmate espaços onde vivem esses animais. Se todos conhecermos um pouco do problema acredito que já é um ponto positivo para que pensemos com responsabilidade no assunto. Por isso as palestras que o Musa realiza são importantes, pois elas aproximam a ciência da sociedade, mostrando que estão intrisicamente ligadas e são fundamentais uma para outra”.

 

Sobre o Ciência às 7 e meia

 O "Ciência às 7 e Meia" leva toda última quarta-feira de cada mês ao teatro palestras e oficinas sobre temas científicos apresentadas em linguagem descontraída e com uso de imagens e recursos audiovisuais. O projeto é uma realização do Museu da Amazônia (Musa) e tem a intenção de mostrar ao público aspectos da ciência pouco conhecidos: o prazer da descoberta, as dificuldades da pesquisa, a beleza escondida, entre outros. Além de apreciar belas imagens, o público terá a chance de ouvir relatos mais pessoais sobre como é fazer pesquisa, especialmente na Amazônia. 

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