As obras e o pensamento sobre a Amazônia do escritor, filósofo, professor e crítico de arte paraense, Benedito Nunes, abriram o ciclo de palestras do Programa de Pós-Graduação em Sociedade e Cultura na Amazônia, que ocorre nesta segunda (10) e terça-feira (11), no Instituto de Ciências Humanas e Letras (ICHL). 

Autor de obras como o “Dorso do Tigre”, “Passagem para o Poético”, “João Cabral de Melo Neto”, “O Tempo da Narrativa”, “A Filosofia Contemporânea”, “Hermenêutica e Poesia”, entre outras, Benedito Nunes era um nome de referência no Brasil e no exterior, na área da literatura e filosofia. Por seus vários escritos, recebeu os prêmios Jabuti (1987) e Machado de Assis (2010), o principal da Academia Brasileira de Letras, pelo conjunto da obra.

Segundo a mestra Stella Pessôa, da Universidade Federal do Pará, Benedito mantinha uma relação distante da temática regional, a julgar pelas suas obras. Nos seus últimos anos de vida (ele morreu em 2011), quis sanar parte dessa dívida. “Ele escreveu prefácios, artigos e um livro exponencial em coautoria com o escritor amazonense Milton Hatoum, intitulado ´Crônica de Duas Cidades – Belém e Manaus´, no ano de 2006”, enumerou.

Por ter de compor seu projeto de pesquisa para o mestrado, Stella acabou se aproximando do escritor e acompanhando-o a algumas premiações, tendo acesso a originais de escritos literários - primeiro eram datilografados, depois corrigidos de próprio punho - e, até fotos pessoais em família.  

Stella analisou, minuciosamente, onze obras de Benedito Nunes e buscou, dentro dos textos, contextos sociais para interpretar cada obra, observando a existência de uma “aura social distinta” sobre uma nova “linguagem” literária. O resultado dessa compilação será tema do doutorado da pesquisadora na UFPA.

O pensamento de Benedito Nunes e suas obras embasaram, igualmente, o objeto de pesquisa da professora doutora da USP, Jucimara Tarricone. 

Com o tema “Hermenêutica e Crítica”, a pesquisadora afirma que os escritos predominantemente literários nunca faziam uso da filosofia para transmitir sua ideia, mas seus textos filosóficos absorviam incursões de pensamentos de Frederich Nietzche, Paul Ricoeur e Martin Heidegger, “olhando o mundo do texto e o texto como mundo”, fazendo uso de metáforas.

Programação

As próximas palestras do PPGSCA contarão, ainda, com apresentações culturais, exposições e debates. Até amanhã, os trabalhos apresentados terão os seguintes temas: Indicadores de Sustentabilidade Aplicáveis à Gestão e Políticas Públicas para os Resíduos Sólidos Industriais: uma contribuição com foco no polo industrial de Manaus; Ciência, Religião e a Psicanálise de Freud; Os Corpos Amazoníndios na Mira dos Cronistas Ibéricos; Religiões de Matrizes Africanas.