UFAM inicia discussões para a implantação da licenciatura em educação indígena - Sateré-Mawé

 

Encontro reuniu, em Parintins, lideranças tradicionais, representantes de organizações indígenas, do ICEI-Brasil e da UFAM para discutir a implantação da licenciatura em educação indígena – Sateré-Mawé.

Lideranças tradicionais, entre elas Tuissá (tuxauas), Nagnia (sábios) e representantes de organizações indígenas do povo Sateré-Mawé, a coordenadora, professora Ivani Ferreira e acadêmicos do Curso de Licenciatura em Políticas Educacionais e Desenvolvimento dos Pólos Tukano, Baniwa e Nheegatu da Região do Alto Rio Negro (município de São Gabriel da Cachoeira-AM), sob o comando do coordenador do Conselho Geral da Tribo Sateré-Mawé (CGTSM), Antônio Tibúrcio Neto, iniciaram, nos dias 4 e 5 de dezembro, em Parintins, a discussão para implantação da licenciatura em educação indígena – Sateré-Mawé. A iniciativa tem o apoio do Instituto Cooperação Econômica Internacional (ICEI-Brasil) e da Universidade Federal do Amazonas (UFAM), por meio do Instituto de Ciências Sociais, Educação e Zootecnia (ICSEZ). Estiveram presentes o diretor e a coordenadora acadêmica do ICSEZ, professores Antônio Catalão e Sandra Damasceno.  

No primeiro dia do evento, discutiu-se a necessidade de se construir uma política educacional para o povo Sateré-Mawé com o intuito de fortalecer a cultura indígena e o desenvolvimento sustentável. Os participantes avaliaram que as maiorias dos projetos educacionais desenvolvidos pautam-se em pedagogias autoritárias, as quais promovem e valorizam muito mais o conhecimento não indígena em detrimento do saber e do princípio do conhecimento Sateré-Mawé, o Wará.

Visando a romper com esse autoritarismo pedagógico academista hierárquico e estatal, e ao mesmo tempo valorizar e desenvolver as tecnologias e conhecimento Sateré-Mawé, os participantes sentiram a necessidade de ter o controle da agenda educacional, tendo em vista que ao longo do tempo a agenda sempre foi definida pelas ordens religiosas e pelo Estado.

No segundo dia, a temática central discutida no encontro foi a tomada de decisão em ter o controle político dos princípios norteadores que irão compor o projeto político pedagógico da licenciatura em educação indígena. Os participantes observaram a necessidade de ampliar o debate e assim realizar uma reflexão junto às comunidades, lideranças e sabedores tradicionais, professores, gestores e agentes de saúde.

A implantação da licenciatura em educação indígena - Sateré-Mawé é necessária, pois se promove o exercício da cidadania participativa indígena e a construção da autonomia educacional do povo Sateré-Mawé.  

Dessa forma, almejando difundir e ampliar o controle sobre a agenda educacional indígena e objetivando a romper com os pacotes educacionais elaborados nos gabinetes para os índios, os Sateré-Mawé darão continuidade a essa discussão na XXI Assembleia Geral do CGTSM que ocorrerá nos dias 21, 22 e 23 de janeiro de 2013, na comunidade Vila Nova II, rio Marau, município de Maués. No centro do debate estará o Patawi, elemento simbólico que provoca a pensar o mundo, e por extensão a educação, o tempo e cosmologia Sateré-Mawé.

 

Texto de Raimundo Nonato Pereira da Silva

Bel.  em Ciências Sociais/UFAM

Licenciatura Indígena Políticas Educacionais e Desenvolvimento Sustentável

 

Sobre o curso de Licenciatura Intercultural em Políticas Educacionais e Desenvolvimento Sustentável da UFAM

A Licenciatura Indígena Políticas Educacionais e Desenvolvimento Sustentável é um curso específico destinado à formação em nível superior de professores de escolas indígenas.

Oferecido desde 2010 pela UFAM, o curso é destinado a indígenas de três polos território-linguísticos: Baniwa, Tukano e Nheegatu e está sob responsabilidade do Conselho Universitário Consultivo e Deliberativo do Curso, composto pela Federação das Organizações Indígenas do Rio Negro (FOIRN), pela UFAM, pela Fundação Nacional do Índio (FUNAI), pela Secretaria Municipal de Educação e Cultura (SEMEC) de São Gabriel da Cachoeira, e pela Secretaria de Estado de Educação (SEDUC) do Amazonas, por representantes discentes das turmas Baniwa, Tukano e Nheegatu, coordenadores indígenas de cada turma, lideranças tradicionais e representantes docentes.

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