A Amazônia sob diversos aspectos – professor Renan Freitas Pinto participa da Mostra Amazônia

Professor Renan Freitas Pinto discute a ocupação da AmazôniaProfessor Renan Freitas Pinto discute a ocupação da AmazôniaEm bate-papo com estudantes do Ensino Médio do Instituto de Educação do Amazonas (IEA), o sociólogo e professor aposentado da Ufam Renan Freitas Pinto abordou a forma de ocupação, a cultura e o desenvolvimento da Região mais verde do país. O encontro faz parte das atividades da Mostra Amazônia: Cidadania Violentada, realizada pela Universidade Federal do Amazonas, por meio do Museu Amazônico, com o objetivo de discutir a política de ocupação da Amazônia Legal.

Partindo do interesse que a Amazônia desperta no mundo atual, o professor Renan Freitas Pinto expôs algumas razões pelas quais os olhos do país e do mundo estão mais voltados para a região Norte. Segundo ele, a Amazônia é a última fronteira do território brasileiro não totalmente explorada do ponto de vista do capital, por exemplo. Para o sociólogo, a grande diversidade cultural dos povos indígenas amazônicos é outro ponto de destaque. “São mais de 150 línguas vivas na Região”, diz o professor para mostrar a riqueza cultural ainda desconhecida por muitos.

Professor destaca a valorização da cultura localProfessor destaca a valorização da cultura local

De acordo com o professor, desde o início da colonização, a Região foi alvo de exploração de latifúndio. “A Amazônia surgiu como uma grande congregação de latifúndios. Eram castanhais, seringais, rios inteiros que tinham dono”, registra. Renan Freitas Pinto abordou ainda as constantes lutas por terra na região. Segundo ele, à estrutura latifundiária do início, se acrescentou a ocupação dos grandes negócios (madeireiras, mineradoras) agravando o problema de concentração de terra, gerando conflitos entre índios, agricultores, extrativistas e empresários. “Você tem um grande confronto desigual que envolve forças distintas”, analisa.

Os direitos dos cidadãos indígenas também foram considerados pelo professor Renan. Para ele, essa é uma das principais questões quando se trata da Amazônia. “O futuro da região passa pela questão indígena”, diz ao comentar a política indigenista brasileira na atualidade. Outro viés exposto pelo pesquisador foi a forma como a Amazônia é mostrada no exterior e como é vista pelos próprios moradores da região. Renan falou acerca do não reconhecimento dos amazonenses como indígenas atribuindo a isto a formação educacional, que segundo o professor, não contém o elemento crítico. “Nós não estamos proporcionando uma educação crítica, porque senão a situação não seria essa”, declarou.

"Temos de nos orgulhar da nossa cultura", diz estudante após palestra"Temos de nos orgulhar da nossa cultura", diz estudante após palestra

Sobre o desenvolvimento da Amazônia, o sociólogo destacou a importância da interiorização da universidade. Renan disse que essa política favorece o autoconhecimento e o nascimento de uma nova consciência sobre as questões regionais. “Isso vai ajudar a mudar a face da Amazônia, desde que a visão crítica seja a quarta peça na formação universitária”, indicou.

Ao fim do encontro com os estudantes, o professor avaliou positivamente o trabalho realizado pelo Museu Amazônico. “Considero esse momento de muita importância”, revelou. “Congratulo-me com o Museu pela iniciativa de abrir suas portas e sair ao encontro de vocês”, finalizou.

Adriana Soares é estudante do segundo ano do Ensino Médio e assistiu à palestra do professor Renan Freitas Pinto. Para ela, o bate-papo foi muito instrutivo, pois suscitou reflexões importantes sobre a região em que vive. Adriana citou a valorização da cultura local como um dos pontos mais interessantes para ela. “Ele abordou algo muito importante, que é o fato de não querermos a cultura que temos e buscarmos uma de fora, nos produtos, modos de falar e agir. Ser considerado indígena não é ruim. É a nossa cultura e nós temos de nos orgulhar dela”, afirmou a estudante.

Mostra Amazônia: Cidadania Violentada

A mostra tem o objetivo de debater a forma de ocupação da Amazônia tanto em relação ao homem quanto ao meio ambiente, apresentando documentários como fonte para as discussões. Cada exibição conta com a participação de um especialista que comandará o debate. A atividade ocorre às quartas-feiras no IEA. A entrada é franca.

Programação

Dia 06/11 – será exibido o filme “A Selva”, de Márcio Souza, o qual conduzirá o debate.

Dia 20/11 – é a vez de Amazônia – Heranças de uma utopia, de Alexandre Valenti. Para discutir o tema, o convidado será José Alcimar de Oliveira.

Dia 04/12 – “Mura – Quem ainda somos – Quem já não somos mais? – de Márcio Fernandes e Roni Valle -  encerrará a Mostra e terá a diretora do Museu Amazônico, professora Maria Helena Ortolan como condutora dos comentários.

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