Reflexões para divulgação da ciência em espaços não formais são abordadas no Encontro Regional de Didáticas das Ciências

Compreender o significado das práticas pedagógicas em espaços não formais é eixo de reflexão do mini-curso “A divulgação da ciência nos espaços não formais de aprendizagem”, ministrada pela professora e coordenadora pedagógica do Museu Amazônico, Carolina Brandão Gonçalves, realizado durante o III Encontro Regional de Didáticas das Ciências, no Bloco Paulo Burhrnheim, Setor Sul. A Assessoria de Comunicação da Ufam (Ascom) esteve conversando com a pesquisadora que relata suas experiências e perspectivas sobre o tema. Veja a entrevista: 

 

Ascom: A temática nos remete a pensar sobre o processo pedagógico desenvolvido pelo filosofo grego Sócrates, como também faz lembrar quanto à difusão da cultura nas comunidades indígenas amazônicas.  Como essa prática pedagógica se dá em nossa atualidade?

Carolina Brandão: A temática “Divulgação da ciência nos espaços não formais de aprendizagem” não é algo novo na Historia da Humanidade, embora, agora, tenha se sistematizado com estudos centralizados sob o “olhar pedagógico”. Os espaços não formais de aprendizagem podem acontecer em qualquer lugar e de varias formas. Então, pode ocorrer com atividade intencional, organizada controlada, como é o caso das escolas regulares, em que o professor tem um conteúdo programático a seguir, organizando suas praticas de ensino para que obtenha seus objetivos.   Mas também, a ciência se aprende na vida diária, em razão de estar presente nas pequenas ações de nossa vida, tanto nas comunidades indígenas quanto na Escola Regular e outros espaços não formais, diferentes da Escola, é possível aprender Ciência.

Ascom: Alguns teóricos e até mesmo a sociedade acreditam que o conhecimento somente pode ser repassado a partir de uma didática instrumental. De que forma haverá um entendimento da Ciência, em que é  possível refletir sobre questões do nosso dia a dia?   

Carolina Brandão: Apesar de todo o conservadorismo na Educação, essa prática de Educação não Formal desenvolvida por Célestin Freinet, na segunda década do século passado, permitiu a criação das aulas-passeio. Hoje, é proibido utilizar esse termo para Educação não formal. Atualmente, se entende como visita guiada, estudos orientados, mas de qualquer forma, a percepção de que se aprende fora da Escola conduzindo os alunos ao questionamento e a curiosidade pelas coisas da Ciência e do mundo é uma discussão relativamente antiga também. Claro que existem resistências que acreditam que o ensino seja o mais formal possível, carregado de conteúdo cientifico e que essa vivencia fora da sala de aula não é boa. Por outro lado, existem teóricos que vão defender a experiência fora da sala de aula e vão dizer que todos os espaços da sociedade são ambientes de aprendizagem e que é possível ensinar e aprender ciência em qualquer lugar. De fato, a Escola é um espaço institucionalizado, formal, em que as situações de aprendizagem acontecem de forma regular e controlada, mas, com essas novas discussões sobre a aprendizagem para além dos muros da Escola, se observa que é possível criar oportunidade aos alunos para aprender e ter curiosidade.

Ascom: A experiência que a senhora relata também se estende ao ensino superior?

Carolina Brandão: Eu tive oportunidade de trabalhar em muitas instancias da pedagogia. No ensino regular trabalhei com diferentes níveis de aprendizagem, como por exemplo, a educação para jovens e adultos, crianças, adolescentes, então, para cada uma dessas instancias, é uma situação de aprendizagem. Agora, na Universidade, obviamente tenho trabalhado com alunos da graduação e pós-graduação. O Museu Amazônico realiza atividades junto ao público das escolas básicas, ensino fundamental e médio, e isso não me deixa distante, estamos sempre junto e considero isso uma paixão. Eu tenho que está sempre perto e meu trabalho está voltado para esse público. Então, posso dizer que trabalho com os dois segmentos, mas que são perspectivas e maneiras diferentes.

Ascom: No âmbito da Escola Pública, a divulgação cientifica ocorre de maneira transparente?

Carolina Brandão: Existem varias polêmicas com relação ao termo. Por ser polissêmico e controverso, no qual envolvem atores diferentes, cada qual pensa de acordo com suas particularidades. Nesse sentido, questiona-se: o ensino é divulgação cientifica? Alguns autores vão dizer que sim, outros dirão que não.  Essa polêmica será discutida durante o transcorrer do mini-curso.          

Ascom: O III Encontro Regional de Didáticas das Ciências é importante para área pedagógica, como a senhora avalia o evento que voltada para as discussões sobre as Didáticas das Ciências?

Carolina Brandão: Avalia com muita alegria, entusiasmo e com certa tristeza, porque quem está à frente da organização é o Curso de Ciências Naturais, considero uma iniciativa importante na área das Didáticas das Ciências, mas sinto a falta do Curso de Pedagogia que deveria está realizando um trabalho concomitante.                     

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