Eduçação inclusiva: Psicóloga alerta para necessidade de inclusão de alunos com altas habilidades

Estudante tira dúvidas com a pelestrante, primeira da esquerda para a direitaEstudante tira dúvidas com a pelestrante, primeira da esquerda para a direitaDurante a rodada de palestras realizadas na tarde desta quarta-feira (21) como parte dos encontros que discutem, na Universidade Federal do Amazonas (Ufam), a inclusão ampla de alunos com ou sem deficiência física no contexto amazônico, a professora da Faculdade de Psicologia (FAPSI) da Ufam, Maria Alice Becker, chamou a atenção para a necessidade de detecção e acompanhamento de crianças e de jovens com altas habilidades cognitivas.

“A educação especial está, realmente, muito preocupada com as deficiências físicas. Mas é preciso atentarmos, também, para além disso. Uma alta habilidade, por exemplo, não se observa muito facilmente, não é aparente. E, como na inclusão a preocupação é tão grande com as deficiências, as crianças que têm maior potencialidade são absolutamente desconhecidas, são invisíveis”, disse.

Conhecidas popularmente como superdotadas, as crianças com altas habilidades são aquelas que geralmente apresentam interesse maior e aprendizagem mais rápida em determinadas áreas do conhecimento e que, caso não sintam que a escola está ajudando-as a desenvolver o conhecimento de suas áreas de interesse, desistem de frequentar a sala de aula, diz a professora.

As altas habilidades integram á área de educação especial. Contudo, segundo Becker, ainda não recebem a devida atenção aqui no Brasil e em muitos outros países. “Esse campo de estudos começou a existir quando os russos lançaram Sputinik. Vendo que estavam ficando para trás, os estadunidenses começaram a pesquisar em suas universidades o que estava acontecendo com os alunos que tinham maior potencial. De lá para cá, entretanto, até mesmo nos EUA, essas experiências são incomuns”, comenta.

Como uma das consequências dessa carência, a pesquisadora afirma que esses talentos acabam se perdendo. Mudam de cursos por várias vezes, já que não conseguem achar o foco maior de interesse. E, como são pessoas que estão sempre trabalhando, fazendo algo, precisam encontrar pessoas parecidas para trocarem ideias, se sentirem bem, se relacionarem.

Aqui em Manaus, de acordo com pesquisas realizadas por Becker e estudantes da FAPSI, os professores ainda apresentam total desconhecimento, inclusive, sobre essa área de estudos. Segundo ela, é comum professores desacreditarem que existem “crianças mais inteligentes que outras”, o que segundo a professora é algo normal em qualquer ambiente. “Em qualquer lugar há pessoas que se destacam”, lembra ela.

Apesar do pequeno conhecimento sobre a área, já existem iniciativas em escolas e universidades brasileiras que buscam auxiliar essas crianças a desenvolverem suas habilidades e a se tornarem grandes líderes nas áreas que mais lhes chamam a atenção. Na Ufam, Becker diz que está contactando professores que tenham interesse em montar um núcleo de atendimentoa essas pessoas. "A gente vai começar a sensibilizar professores sobre essa área para montarmos nosso núcleo", afirma.

 

Encontros

Coordenadora dos encontros, professora Suely MascarenhasCoordenadora dos encontros, professora Suely MascarenhasIntitulada “Enriquecimento Educacional para Estudantes com Potencial em Altas Habilidades”, a palestra ministrada pela psicóloga Maria Becker, realizada no auditório Rio Amazonas (Faculdade de Estudos Sociais), integra o III Seminário Internacional Desafios da Orientação Educativa na Educação Básica e Superior, IV Congresso de Educação, Democracia e Cidadania, III Congresso Educação Direitos Humanos na Amazônia , IV Semana de Pedagogia do IEAA e o II Seminário, que estão sendo realizados concomitantemente na Ufam.

“Estamos realizando em conjunto o evento porque entendemos que é necessário construirmos uma base de orientação da ação educativa, tanto na educação básica como na superior, voltadas para o desenvolvimento da consciência cidadã para que se promova a democracia, a cidadania e o bem estar socioeconômico no contexto Amazônico”, explica a coordenadora dos eventos, professora da Ufam
Suely Mascarenhas.

Com o tema “Inclusão ampla, diversidade, multiculturalismo e qualidade de vida em tempos de direitos humanos, democracia e cidadania – Desafios amazônicos na atualidade”,os encontros iniciaram nos dias 19 e 20, no campus da Ufam em Humaitá.

O evento encerra nesta quinta-feira (22), com mais seis palestras no auditório Rio Amazonas e apresentações de pôsteres, coordenadas pela professora Patrícia Souza e pelo professor Rockson Pessoa.

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