Psicóloga destaca importância do Trabalho como Operador de Saúde durante Seminário de Integração de Gestores da Ufam

No primeiro dia do encontro, cerca de 120 pessoas estiveram presentesNo primeiro dia do encontro, cerca de 120 pessoas estiveram presentes“Vocês, gestores, estão em uma posição privilegiada, porque têm acesso aos mecanismos de influenciar no trabalho da grande maioria das pessoas que trabalham na Universidade”. A declaração foi dita pela professora da Faculdade de Psicologia (FAPSI) da Ufam, Rosângela Dutra de Moraes, na tarde desta terça-feira (13), no auditório da Faculdade de Direito (FD), após mostrar todos os mecanismos necessários para que as dificuldades encontradas no dia a dia do trabalho sejam superadas com soluções que mexam com a criatividade e que gerem bem estar.

Rosângela foi a convidada especial deste primeiro dia do I Seminário de Integração de Gestores da Universidade Federal do Amazonas, cujo objetivo principal é promover a integração e o conhecimento entre os antigos e os novos gestores que estão diretamente, ou não, ligados à administração superior da Ufam. Tudo realizado por meio de apresentações de cada setor com suas estuturas, objetivos, ações desenvolvidas e equipes.

Após a reitora da Ufam, professora Márcia Perales, iniciar as atividades do dia com a apresentação do Seminário e após os Pró-reitores professora Kathya Tomé (de assuntos comunitários), professor Nelson Noronha (adjunto de graduação, representando o pró-reitor de ensino de graduação professor Lucídio Rocha), professora Socorro Chaves (de inovação tecnológica), Frederico Arruda (de extensão e interiorização), professor Gilson Monteiro (de pesquisa e pós-graduação) e professora Mariomar Sales (de planejamento) explicarem de que forma suas Pró-reitorias funcionam e apresentarem suas equipes, a psicóloga mostrou de que forma é possível transformar o sofrimento por vezes causado no ambiente de trabalho em prazer.

Professora Rosângela Dutra de MoraesProfessora Rosângela Dutra de MoraesEm palestra intitulada “Trabalho e saúde: a importância da relações intersubjetivas”, ela destacou que, primeiramente, é preciso atentar para o fato de que muito de nossa identidade está ligada aos locais de trabalho por que passamos em nossas vidas, uma vez que são às atividades desenvolvidas neles que dedicamos grande parte de nosso tempo. “Daí porquê estar bem no trabalho se traduz em estar bem de saúde também”, disse.

Ela alerta, entrentato, para os riscos que os problemas que o ralacionamento intersubejtivo feito de forma errada pode trazer. Segundo ela, é comum a pessoa ter algum problema com horários, alcance de metas, falhas em serviços, etc. durante a vida profissional, o que, geralmente, leva ao sofrimento, ao desânimo, à angústia. Só que é aí, de acordo com ela, que entram em ação dois aspestos que podem levar esse processo de sofrimento ao estado de prazer, de bem estar físico e mental.

“O primeiro é o plano subjetivo. Há uma direção acerca daquilo que cada um de nós faz para dar conta de mobilizar a inteligência, a criatividade, a experiência, a sensibilidade, a inteligência da prática corporal. Quando se diz: ‘como fez isso?’, e se responde ‘ah, não sei explicar’, surge uma sensibilidade que é anterior à cognição e, às vezes, nós nem sabemos explicar. O fato é que fazemos funcionar. Esse é o plano subjetivo”, destaca a professora.

O outro aspecto é o intersubjetivo. É nele que, segundo Rosângela, os gestores podem e devem atuar para acionar à cognição e a inteligência prática  de cada um de seus subordinados. Ele está dividido em quatro aspectos muito importantes dentro das relações que os gestores devem ter com sua equipe de funcionários e que os funcionários, por vez, devem ter com seus pares. A autonomia, a cooperação, o espaço da fala e da escuta e o reconhecimento são os caminhos apontados por ela para transformar sofrimento em prazer dentro do ambiente de trabalho.

 

Autonomia

De acordo com a psicóloga, a autonomia se refere à liberdade que cada ser humano tem, permitida pelo gestor, para adaptar a instituição ao seu ideal de trabalho e colocar a inteligência em movimento. “Na Universidade, os docentes, por exemplo, têm autonomia para propor o  projeto que acharem conveniente, para escolherem o pós-doutorado que quiserem”, diz. O problema é quando a gestão tenta impor restrições à autonomia. “Há gestores que am alguns momentos, mesmo não fazendo parte da cultura da Instituição, têm uma visão um pouco mais curta, que querem impor o seu modo de fazer, desconsiderando os saberes de cada um dos que estão alí fazendo o seu trabalho”, destaca.

 

Cooperação

Em uma sociedade em que a competição leva cada vez mais para o individualismo, surge a necessidade da cooperação, conforme ela. “Se nós tivermos um colega como adversário, como é que vamos trocar ideias? Se o nosso colega de departamento, de setor está querendo a nossa sugestão para algo, como é que vamos trabalhar juntos? Então, vamos pensar que todos nós, juntos, teremos capacidades potencializadas e faremos opções melhores se estivermos trabalhando em termo de cooperação”, frisou.

 

Diálogo

Em estudos realizados em Manaus, por meio da psicodinâmica, em que se colocam grupos de pessoas para conversarem sobre suas dificuldades, a pesquisadora revela que surgem logo de início reclamações, sofrimento, sempre sobre algo que está ruim no ambiente de trabalho. Porém, em seguida, comumente surgem ideias sobre possibildiades de mudanças a partir dos próprios trabalhadores. “Em vez de ficar só reclamando que o chefe não deixa, as pessoas começam a se ver como agentes de mudança. É aí que acontece a emancipação do sujeito no sentido de promover mudança naquilo que agrava seu sofrimento. Dessas experiências  vemos a importância do espaço para a fala e para a escuta”, afirma Rosângela.

 

Reconhecimento

Por último, a professora cita o Reconhecimento com a mais importante ferramenta para se transformar sofrimento em prazer no trabalho. Retribuição simbólica, ele é entendido como o reconhecimento do valor da contribuição que cada um dá para que o trabalho seja exitoso. Esse processo se dá por meio de dois aspectos: do julgamento de utilidade, vindo de superiores, quando o chefe diz que algo está sendo bem feito para que a Instituição alcance suas metas, e o outro é o do julgamento da beleza estética, quando um colega elogia, por exemplo, os resultados do seu trabalho.

“Embora tenhamos a regulação do salário, quase todos nós estamos na Universidade não por causa dele, pois, provavelmente, estaríamos ganhando bem mais em outras Instituições. Estamos aqui porque temos um projeto de vida que se articula com certa visão de sociedade, na qual a Ufam entra como um agente importante na identidade de cada um de nós”, disse ela, lembrando que a retribuição, o reconhecimento do trabalho são fundamentais para a criatividade.

“Reconhecimento é algo que é esperado. Se eu contribuo, se dou o máximo da minha Inteligência, da minha capacidade, se eu coloco todas minhas disponibilidades enérgicas para aquilo dar certo, eu espero receber os parabéns, muito bem, obrigado. Então, sem essa retribuição eu me sinto incompleto e a tendência é que isso influencie na minha atividade”, destacou.

Ressaltando que a Ufam já possui posição de destaque por ser um espaço verde dentro de uma cidade como Manaus e ser uma Instituição referência no ensino, a professora lembrou que os gestores devem ter essa noção do enobrecimento, do engrandecimento da subjetividade, para que todos possam se sentir bem com o que fazem, tendo a dimensão da contribuição individual no progresso da Instituição e da grandeza que é construir uma universidade pública em uma Região como a de Manaus. “Agora vocês, eu, podemos alterar o nosso microespaço para que essa Universidade seja referência, também, como um lugar bom para se trabalhar, onde as pessoas possam ser valorizadas, reconhecidas, incentivadas, para que deem o melhor de suas capacidades e que assim consigam fazer desse lugar não só um lugar de ganhar pão, mas também operador de saúde”, disse.

 

Seminário

Professor Heriberto Catalão JúniorProfessor Heriberto Catalão JúniorNesta quarta-feira (14), segundo e último dia do evento, é a vez dos representantes dos órgãos suplementares da Ufam apresentarem suas equipes, suas estruturas, o que fazem e objetivos. As apresentações são, novamente, no auditório da Faculdade de Direito (FD) da Ufam.

Além dos pró-reitores, assessores e diretores da unidades de Manaus, o evento conta, também, com a participação de diretores de unidades do interior do Estado. O professor Heriberto Catalão Júnior, atualmente na direção do Instituto de Ciências Sociais, Educação e Zootecnia (ICSEZ), em Parintins, destacou a importância do encontro. “Essa primeira tarde foi muito produtiva, inclusive pelo fato de todos os gestores terem a oportunidade maior de se conhecerem. É uma equipe relativamente nova, por isso é importante essa primeira apresentação”, disse.

A Reitora da Ufam explica que a ideia do encontro foi promover diálogo, despertar possibilidades “de a gente ter um local de trabalho que seja mais agradável, em que as relações interpessoais e profissionais sejam não só produtivas, mas que sejam potencializadas em relação àquilo que a gente quer”.

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