Estudo revela que antigos medicamentos ajudam no tratamento do câncer, diz pesquisadora na XI Semana de Farmácia

 Na programação do último dia da XI Semana de Farmácia, a palestra “Novas aplicações de medicamentos `antigos´ no câncer”, proferida pela professora da Universidade Federal do Pará (UFPA), Raquel Montenegro, traz uma nova abordagem quanto à aplicabilidade de antigos medicamentos no tratamento do câncer. O evento finaliza suas atividades nesta sexta-feira, 9, no auditório Rio Amazonas, da Faculdade de Estudos Sociais (FES).      

Uma bala de canhão para acertar uma mosca. É mais ou menos assim que funcionam os medicamentos usados em quimioterapia para o tratamento do câncer, informou a palestrante. Pensando em contribuir nos procedimentos quimioterápicos, o estudo da pesquisadora Raquel Montenegro, mostra que antigos medicamentos ajuda no tratamento do câncer. A pesquisa utiliza antigos fármacos que estão no mercado, como por exemplo, os anti-flamatórios e os parasitários, que juntos com os já existentes, dão um novo direcionamento quanto à  aplicação.

“Isso é uma nova visão de reutilização desses medicamentos, os quais  utilizam os mesmos mecanismos de ação, ou seja, de funcionamento, aplicados em uma nova abordagem. Esse olhar deve ser constante, no sentido de procurar sempre novas alternativas, talvez no que já existe ou que possa redirecionar o tratamento com drogas resistentes”, declara a professora.

Para Raquel Montenegro, a reutilização de medicamentos antigos torna o acesso mais fácil à população, pois todos os estudos clínicos e pré-clínicos  de segurança e toxicológicos foram realizados como também sua consolidação no mercado. A  pesquisadora disse ainda que, o estudo teve inicio em 2010 e, portanto, essa metodologia é considerada muito recente na área da Oncologia.

A professora relata que dentre os medicamentos utilizados na pesquisa, destaca-se a Talidomida: um anti-inflamatório utilizado para enjoos de grávidas nos anos de 1950 e 1960, que durante esse período causou efeitos congênitos em bebes, atrofiando os membros superiores e inferiores. A partir daí, os pesquisadores levantaram a hipótese de que se esse medicamento pode inibir o crescimento dos membros do ser humano, poderia inibir também o crescimento do tumor cancerígeno. O resultado dos testes mostrou-se positivo. Em animais, comprovou-se a diminuição do tamanho do tumor. Com isso, atualmente, esses medicamentos estão sendo aplicados na quimioterapia de pacientes.

O segundo medicamento mencionado pela pesquisadora é o Mebendazol, utilizado para o tratamento de parasitas no organismo humano com a  finalidade de desestruturar o citoesqueleto de uma célula. Nesse caso, os pesquisadores questionaram a atuação do medicamento numa célula tumoral.  Estudos revelaram que a ingestão do Mebendazol diminui o tumor, sem efeitos colaterais severos, o que possibilita o uso do produto no tratamento da doença.

De acordo com a pesquisadora, a utilização desses medicamentos no tratamento do câncer em nossa região é extremamente viável, em razão do baixo custo que eles apresentam em relação aos quimiterápicos convencionais, considerados de preços elavados. A inserção de medicamentos eficazes e de baixo custo, torna o tratamento com a terapia muito mais barato para o Estado com também para o paciente, ressalta a professora.       

A professora disse que os estudos estão bastante avançados na Universidade Federal do Pará, tendo destaque o tratamento de pacientes com câncer no estomago. A formação de um grupo de pesquisa junto a Faculdade de Ciências Farmacêuticas (FCF) da Ufam está sendo delineado para que a população do Estado do Amazonas possam obter os mesmos benefícios de tratamento, finaliza a professora.

Sobre a pesquisadora

Raquel Montenegro possui graduação em Ciências Biológicas pela Universidade Federal do Ceará, mestrado em Farmacologia pela Universidade Federal do Ceará e doutorado em Farmacologia pela Universidade Federal do Ceará/Universidade de Chicago. É membro afiliado da Academia Brasileira de Ciências. Atualmente é professor adjunto da Universidade Federal do Pará. Tem experiência na área de Farmacologia, com ênfase em Oncologia, atuando principalmente nos seguintes temas: cultura de células, citotoxicidade, Farmacogenética, Biologia Molecular e Biotecnologia.

 

 

 

    

  

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