Caua inaugura exposição 'Jacaré Pinta Queer', nesta quarta, 14
O Centro de Artes da Universidade Federal do Amazonas (Caua) inaugura nesta quarta-feira, dia 14 de novembro, às 19h, em sua sede localizada na Rua Monsenhor Coutinho, Centro, a exposição ‘Jacaré Pinta Queer’, de autoria do artista visual Sebastião Alves.
Na exposição serão apresentados 20 trabalhos, em técnica mista sobre papel vergê, em que aborda o universo subjetivo de temática gay. 'Jacaré Pinta Queer' ficará na Galeria do Caua até o dia 19 de dezembro, com visita das 8h às 12h e das 14 às 16h30, de segunda a sexta.
Sobre a exposição
A série 'Jacaré Pinta Queer' surgiu a partir da reflexão das obras do cantor e compositor, Arrigo Barnabé. Clara Crocodilo e Tubarões Voadores são os referenciais que transitam na cultura amazônica tendo o jacaré como elemento principal de discussão dentro do universo gay amazônico. Alves explica que Arrigo Barnabé criou seus personagens nos anos de 1980, em que fez parte do movimento artístico chamado 'Vanguarda Paulista', que mistura música e teatro, formatando um novo conceito na Música Popular Brasileira (MPB). Com muita irreverência, Barnabé influenciou gerações daquele período, disse Alves.
O objetivo da exposição é mostrar um universo gay amazônico imaginado a partir de uma releitura subjetiva da imagem do jacaré amazônico. O artista disse que, diferentemente das personagens aterrorizantes de Arrigo Barnabé, o jacaré da exposição se coloca em evidência, em razão de sua ação estar voltada para estabelecer alegria e encantamento. “Muito diferente de sua característica original, a criação surge somente para encantar e ser seduzido num espectro de vaidades. Essa é a finalidade principal”, disse o artista.
A partir dessa reflexão, segundo o artista, sua poética se adequa ao universo amazônico, evidenciando o jacaré a outros mitos amazônicos, como por exemplo, o da Cobra-Grande e do Boto Tucuxi, que no imaginário ribeirinho, são seres de força e poder que durante o contato com os seres humanos, leva a um mundo encantado de sedução. No entanto, disse o artista, em vez de apresentar uma imagem monstruosa e tenebrosa às comunidades ribeirinhas amazônicas, o 'Jacaré Pinta Queer' foi criado para abduzir as pessoas para um contexto de alegria e diversão. “A exposição é um convite à diversidade demonstrada no Jacaré Pinta Queer, que reverbera toda uma complexidade amazônica rica no seu aspecto cultural, social e territorial”, completa o artista.
De pouca representativa, o jacaré amazônico passa por uma transição metafórica até alcançar uma condição de um ser enigmático, afirma o artista que disse ter sentido a necessidade de elaborar um ser mítico que extrapolasse ao conceito convencionado, mas, expô-lo, através de toda indumentária, fluindo total alegria existente no universo gay. “O Jacaré Pinta Queer é um ser que transborda alegria, encantamento e amor”, disse o artista, que acredita que nessa interfase, destacou o principal conteúdo da subjetividade, que é preservar a cultura amazônica como forma de garantir a construção de uma arte inteiramente regional”, comenta Alves.
“Meu imaginário atinge essa subjetividade não romantizada e muito menos isolada de um contexto, mas sustentada por uma história particular, no entanto, o 'Jacaré Pinta Quer' apresenta uma representação da liberdade referenciada na expressão do corpo. A partir das interfaces, é possível migrar de um lado para outro, possibilitando ao espectador encontrar a liberdade no sentido mais amplo. É possível transitar nos diversos campos do conhecimento, possibilitando ao artista a compreensão de sua própria realidade”, completa o artista.
A possibilidade de tratar um tema tão contemporâneo, que é a questão da diversidade de gênero, coloca o artista na posição receptora e facilitadora de entendimento através da imagem, afirma Alves. Ele diz que a série 'Jacaré Pinta Queer' é um trato com a diversidade de gênero. Como já dizia Judith Butler, ‘a sexualidade humana assume formas diferentes’, nos diversos contextos (Saiba mais sobre a exposição).
Sobre o autor
Sebastião Alves iniciou seus estudos em arte, no ano de 1981, no curso de Educação Artística da antiga Universidade do Amazonas (UA), hoje, Universidade Federal do Amazonas (Ufam). Em 1986, realizou sua primeira exposição enquanto aluno da Associação Paulista de Belas Artes e da Escola Cândido Portinari, em São Paulo. De lá para cá não parou de expor suas pinturas, fotografias, instalações e vídeoinstalações. Sua última apresentação ocorreu ainda neste ano com a exposição “Expocuir: corpos transcendentes”, na Casa das Artes, cuja série fotográfica SweetQueerSweet, que teve a curadoria de Cristóvão Coutinho e Paulo Trindade.
Ele também é jornalista, especialista em Planejamento Estratégico, e em Design, Propaganda e Marketing. Além de mestre pelo Programa de Pós-Graduação em Sociedade e Cultura na Amazônia, da Ufam.
Informações: (92) 3305-5150 / 3305-5183 / O endereço de e-mail address está sendo protegido de spambots. Você precisa ativar o JavaScript enabled para vê-lo.