Museu Amazônico é palco da Exposição `Lá vem o Frei´
Abertura será na sexta-feira (10), às 19h, no Centro de Manaus. Entrada franca
A Universidade Federal do Amazonas, por meio do seu Museu Amazônico, realiza na próxima sexta-feira (10) a abertura da Exposição `Lá vem o Frei´, bloco de Carnaval de Manaus criado em 2011, que personaliza em bonecos gigantes moradores emblemáticos da rua Frei José dos Inocentes, localizada no Centro Histórico de Manaus. A exposição segue até o dia 8 de março, e o Museu está localizado na Rua Ramos Ferreira, 1036, Centro de Manaus.
No local, registros fotográficos irão contar parte da trajetória artística do fundador do Bloco do Frei, Nonato Tavares, ator, diretor teatral e cenógrafo, criador dos personagens/bonecos para não somente participar da folia carnavalesca em Manaus, mas, sobretudo, “mobilizar a comunidade da Rua Frei José dos Inocentes, tradicional espaço de cultura e divertimento dos manauenses, e seu entorno, para a melhoria das condições em que hoje se encontra o Centro Antigo de Manaus”, afirma Tavares.
Sob o olhar vigilante e misterioso de Mapinguari, figura mitológica entre os povos indígenas da região amazônica, e um dos bonecos gigantes da Banda, desfilam e compõem a Exposição os personagens Frei José, Dona Narzinha, Dona Chiquinha, Zé do Bar, Tita – filha do Zé do Bar – e a cantora e compositora Lucinha Cabral. A abertura da Exposição contará com a Banda do Frei, interpretando as principais marchinhas tocadas de 2011 até 2017.
Para a diretora do Museu Amazônico, professora Maria Helena Ortolan, e da Divisão de Museologia, professora Regina Vasconcellos, a Exposição `Lá vem o Frei...´ em um dos espaços de arte, ciência e extensão de Nossa Universidade, constitui-se para além da valorização da festa carnavalesca e popular da cidade de Manaus, em afirmar o Museu Amazônico a partir de um perfil mais diversificado e acolhedor das artes populares, buscando, com isso, democratizar os saberes e tornar mais dinâmico e vivo o espaço do Museu.
Bloco do Frei
Criado em 2011, a atração principal é o cortejo dos seis bonecos marotes (bonecos gigantes) que personalizam moradores emblemáticos da Rua Frei José dos Inocentes: Dona Chiquinha, Dona Narzinha, Seu Zé, Tita, o próprio Frei José e, a mais recente personagem, a cantora e compositora Lucinha Cabral.
A ideia de criar o Bloco do Frei surgiu de uma conversa entre Nonato Tavares, Lucinha Cabral e o percussionista Marinho Simões, em um bar da rua, após a realização de uma oficina de bonecos. Ao grupo se juntou Dona Narzinha, figura emblemática da rua, e da conversa informal entre amigos surgiu a primeira marchinha-tema e Dona Narzinha foi logo apontada para ser a madrinha do Bloco.
A cada ano, o Bloco conta com uma nova marchinha-tema, que em 2013 foram compiladas em um CD. A primeira que virou o tema do Bloco foi “Do Frei ao Rei” (ou vice-versa), em 2011. A segunda foi “Não derruba que o Bloco é nosso”, em 2012. A terceira “Amigos da luta na ilha do calor”, em 2013. A mais recente, “Lucinha na Folia”, em homenagem à cantora Lucinha Cabral, em 2016.
Como nos diz Nonato Tavares, o Bloco do Frei é mais que uma folia, por ser um momento de mobilização da comunidade da Rua Frei José dos Inocentes e seu entorno “O importante disso tudo é que a comunidade, além de participar dos eventos realizados na rua, vem se tornando parceira dos projetos para melhoria das condições em que hoje se encontra o Centro Antigo de Manaus”.
Sobre o Artista
Amazonense da região do Alto Solimões, mais precisamente do Rio Auati-Paraná (situado entre os municípios de Fonte Boa, Jupurá e Maraã), Nonato Tavares veio ainda criança com sua família para Manaus. Ao lembrar-se de sua infância, nos conta que entre suas brincadeiras prediletas, criava brinquedos com sobras de madeiras e improvisava teatro de sombra no quintal de casa. Demonstrando desde cedo sua aptidão para o teatro, Nonato e seus colegas penduram um lençol no varal, acendiam uma lamparina por trás e brincavam de inventar formas e histórias.
Na juventude, teve suas primeiras experiências com o palco, ainda de forma amadora, no Grupo Liberdade, que se reunia no bairro em que morava, o conhecido Morro da Liberdade. Foi quando participou de montagem de peças, jograis e autos de Natal apresentados na igreja e em outros espaços do bairro.
Muito embora o teatro fizesse parte da vida de Nonato Tavares desde as brincadeiras de menino, foi no Colégio Amazonense D. Pedro II que ele teve a oportunidade de estudar artes cênicas como uma das opções oferecidas na disciplina Educação Artística. Nesta ocasião, a professora de teatro Claudia Nascimento, integrante do Grupo de Teatro Experimental do SESC – TESC, convidou Nonato para conhecer a peça que estavam apresentando: O Aprendiz de Feiticeiro, de Maria Clara Machado.
Entusiasmado com o trabalho dos atores do TESC, Nonato Tavares chamou os colegas do Grupo Liberdade para assistir a apresentação. Os colegas de trupe, igualmente empolgados com o que viram, decidiram montar a mesma peça no Morro da Liberdade. Nesta montagem, foi diretor e também integrante do elenco no papel do personagem Dr. Uranus.
O Aprendiz de Feiticeiro, no Morro da Liberdade, selou definitivamente a ligação de Nonato Tavares com TESC, sem deixar de manter ligações com o seu grupo de teatral de origem. Reservando os finais de semana ao Grupo Liberdade, durante a semana passou a se dedicar ao TESC, atuando nos palcos e também em outros fazeres da produção teatral, o que desenvolveu no artista diferentes talentos.
Nonato Tavares também fez parte do grupo de teatro da Aliança Francesa e trabalhou em outros grupos independentes, como Tororei no Tororó, Emergência, Cultura Popular e Baleteiro. Além do teatro, na sua trajetória de trinta anos de vida artística, teve experiências pontuais na televisão e no cinema. Entre 2002 e 2004, foi presidente da Federação de Teatro do Amazonas – Fetam. Hoje, Nonato Tavares coordena a Cia Vitória Regia, o Bloco do Frei e, mais recentemente, o Ponto de Cultura Casa do Centro. Este último, localizado na Rua Frei José dos Inocentes, tem como objetivo articular atividades culturais no Centro Histórico da cidade de Manaus, certificado pelo Ministério da Cultura.
Figura emblemática da história do teatro e do empreendedorismo cultural amazonense, Nonato Tavares é o fio condutor da concepção desta exposição que pretende apresentar ao público visitante uma parte valiosa da história artística do Amazonas por meio da apresentação dos trabalhos da Cia Vitória Regia e dos bonecos gigantes da Banda do Frei.