Cine & Vídeo Tarumã faz programação com filmes de cineasta desconhecido

   Revelar cineastas relativamente desconhecidos do público de Manaus é um dos objetivos do Cine & Vídeo Tarumã, da UFAM. Apesar da fama e do reconhecimento mundial por premiações em diversos festivais e núcleos de crítica cinematográfica, alguns diretores continuam não sendo prestigiados até por públicos onde o cinema está mais desenvolvido no país. Exatamente visando a contribuir para esse merecido reconhecimento, a programação da próxima semana do projeto Cine & Vídeo Tarumã é dedicada ao romeno residente na França Radu Mihaileanu, que desde 1993 vem mostrando sua produção em longas-metragens e encantando o mundo por sua crítica aos estados totalitários (ele viveu, quando criança, a perseguição nazista por ser judeu e depois o regime do ditador Ceausesco, na Romênia) e tecendo reflexões sobre a multiplicidade cultural, sempre com uma boa dose de humor. Os filmes selecionados são: Trem da Vida (98), Um Herói do Nosso Tempo (05) e O Concerto (09). Em 2011, um dos filmes de Radu (A Fonte das Mulheres) esteve concorrendo na Mostra Competitiva Internacional de Longas-Metragens no Amazonas Film Festival, mas nem por isto tornou-se conhecido do público manauara. Agora é uma oportunidade de ouro para que esse reconhecimento seja confirmado.

Na segunda-feira, 27, será exibido o filme que projetou o diretor Radu Mihaileanu no cenário internacional como uma grande promessa – Trem da Vida -, que acabou se confirmando com seus filmes posteriores. Realizado em 1988 e lançado poucos dias depois do premiado “A Vida é Bela”, o filme toca igualmente num episódio que é muito caro àqueles que sofreram a perseguição nazista. Em tom de comédia dramática, o filme se passa em 1941. Num vilarejo na Europa Ocidental, as pessoas recebem o alerta de que os nazistas estão chegando para deportar todos os judeus. Quem dá a notícia é Schlomo (Lionel Abelanski), o bobo da aldeia, que é o único capaz de sugerir uma saída: os próprios habitantes irão forjar um trem nazista, interpretando eles mesmo os alemães, os maquinistas e os deportados. Antes da chegada dos verdadeiros nazistas, o trem parte com destino à Terra Prometida. Tudo vai conforme planejado, exceto pelo fato de que as encenações começam a ficar cada vez mais realistas. Os “nazistas” se tornam mais autoritários; os “deportados” começam a tramar uma rebelião contra seus falsos algozes, e outros se declaram “comunistas”, querendo lutar contra os fascistas, os burgueses e os imperialistas. O filme foi premiado como Melhor Filme Estrangeiro no David Di Donatello Awards/99; Melhor Filme no Festival de Miami/99, no Festival de São Paulo/98 e no Festival de Veneza/98; e Prêmio World Cinema no Festival de Sundance/99.

Um Herói do Nosso Tempo, de 2005, que será exibido na quarta-feira, dia 29, narra a saga de Salomão (Moshe Agazai), um garoto de nove anos nascido na Etiópia. Ele é o que se pode chamar de verdadeiro caldeirão humano de culturas e religiões: é um cristão negro nascido na Etiópia, que vive em um campo de refugiados no Sudão e que, para sobreviver, sua mãe (Meskie Shibru Sivan) o ensina a se fingir de judeu, de forma que possa entrar em Israel. Lá ele é adotado por uma família de judeus de origem francesa. Obrigado a usar os mais variados recursos para justificar a mentira de que é judeu e órfão, Salomão também enfrenta dificuldades em se adaptar com sua nova vida. O filme recebeu 11 prêmios, dentre eles três no Festival de Berlim/05; Melhor Roteiro e Filme no Festival de Copenhague/05; Melhor Roteiro no César Awards/06; Melhor Filme (Público) no Festival de Vancouver/05 e no Lumiere Awards/06, além de sete indicações.

Encerrando a semana, será apresentado excepcionalmente na quinta-feira, dia 30, O Concerto, produção de 2009. Também em tom de comédia dramática, o filme tem como protagonista o renomado maestro Andrei Simoniovich Filipov (vivido por Aleksei Guskov) que, depois de 30 anos trabalhando na orquestra do Bolshoi, foi demitido. Ressentido, mas sem poder reagir, continuou trabalhando no teatro como auxiliar de limpeza. Um dia, ele acaba descobrindo que o Bolshoi foi convidado para tocar no Châtelet Theater, em Paris, e decide reunir seus antigos amigos para tocar no lugar da atual orquestra. Para integrar sua equipe ele pretende que a jovem e exímia solista de violino Anne-Marie Jacquet (a bela Mélanie Laurent) os acompanhe. Se os planos derem certo, este tem tudo para ser um concerto muito especial e um verdadeiro triunfo. O filme ganhou o prêmio de Melhor Música no César Awards/10; Melhor Filme Europeu no David di Donatello/10; Melhor Filme no Festival Cinemagia/09 (Canadá), e foi indicado a Melhor Filme Estrangeiro no Globo de Ouro/11.

O projeto Cine & Vídeo Tarumã é uma atividade de extensão do Departamento de Comunicação Social da UFAM, com as sessões acontecendo sempre às 12h30, no Auditório Rio Negro, do Instituto de Ciências Humanas e Letras, localizado no Setor Norte do Campus Universitário. As sessões são gratuitas e recebem o apoio cultural da Take Video Locadora.

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