Retornando às suas atividades, o projeto Cine & Vídeo Tarumã, da UFAM, volta a apresentar documentários que discutem acontecimentos vivenciados no período da ditadura empresarial-militar brasileira, incorporados ao circuito universitário nacional do “Cinema Pela Verdade”. Na edição 2015, os filmes selecionados têm a intenção de contribuir para a recuperação da memória política, na luta pela promoção de justiça social e na condenação daqueles que promoveram atos de tortura, prisões e assassinatos no período em nome de um Estado autoritário, cerceador das liberdades civis e criminoso. Os filmes selecionados são Em Busca de Iara, de Flávio Frederico; 500 – Os Bebês Roubados Pela Ditadura Argentina, de Alexandre Valenti; e Democracia em Preto e Branco, de Pedro Asbeg. As sessões ocorrerão em horário especial, às 9 h, no auditório tradicional Rio Negro, no ICHL, com debates após as exibições.

Na segunda-feira, 13, o filme a ser exibido é Em Busca de Iara, de Flávio Frederico, de 2013. Com uma pesquisa desenvolvida pela sobrinha, Mariana Pamplona, também roteirista, o filme levanta dúvidas quanto ao veredito oficial de suicídio da guerrilheira Iara Iavelberg e acusa o governo da ditadura de cometer assassinato. Nascida numa família judia e de classe média alta em S. Paulo, Iara desviou-se de sua trajetória para abraçar a militância armada contra a ditadura de 1964, assim como seu irmão, Samuel. Culta e bela, ela se tornou mulher do ex-capitão Carlos Lamarca e morreu em 1971, aos 27 anos, num cerco policial em Salvador, Bahia.

Na quarta-feira, 15, será apresentado o documentário franco/argentino/brasileiro 500 – Os Bebês Roubados Pela Ditadura Argentina, de Alexandre Valenti. Durante sete anos, entre 1976 e 1983, a Argentina viveu sob uma ditadura militar. Dentre os aterrorizantes atos feitos durante esta época, está o sequestro de bebês e crianças, filhos de presos e desaparecidos políticos ou nascidos em prisões clandestinas ou centros de tortura e extermínio. O grupo ‘‘Avós da Praça de Maio’’ criou o ‘‘Banco dos 500'’, uma luta para localizar as 500 crianças a partir de amostras de seus próprios sangues. Hoje adultos, 114 das 500 foram encontradas e agora confrontam os dignitários da mais sangrenta ditadura Argentina, acusados de genocídio e crimes contra a Humanidade. Uma marca que nunca será apagada da história. Uma luta que só termina quando o último dos ‘‘500’’ for encontrado. O filme foi premiado com o FIPA D’Or (Prêmio do Júri para Novos Talentos) na XXVI FIPA Internacional (França)/13; Grande Prêmio e Prêmio de Público no XX FIGRA Internacional (França)/13; Menção Honrosa  no Prêmio Europa (Berlim)/13.

Encerrando a semana, será apresentado excepcionalmente na quinta-feira, 16, o documentário Democracia em Preto e Branco, de Pedro Asbeg, produzido em 2014. O filme fala da conhecida “democracia corintiana”, quando alguns jogadores do clube, liderados por Sócrates, Wladimir e Casagrande, passaram a influenciar a opinião pública com seu chamamento à participação pela restauração da democracia no país. Era o ano de 1982 e a ditadura militar completava 18 anos. Também a música popular brasileira sobrevivia de metáforas, devido a grande opressão e censura. No meio disso, o rock nacional começava a nascer. O filme mostra como a música, o esporte e a política se encontraram para mudar o rumo da história do país.

O projeto Cine & Vídeo Tarumã é uma atividade de extensão do Departamento de Comunicação Social da UFAM, com as sessões acontecendo sempre no Auditório Rio Negro, do Instituto de Ciências Humanas e Letras, localizado no Setor Norte do Campus Universitário. As sessões são gratuitas.