Em parceria com o Instituto Cultura em Movimento, o Cine & Vídeo Tarumã realiza a mostra de Cinema pela Verdade com filmes que retratam o período da ditadura civil-militar no Brasil. Desde abril, a edição 2014 está sendo exibida em, pelo menos, seis espaços universitários de cada Estado, tendo ao final totalizado mais de 160 exibições seguidas de debates. Os filmes visam trazer à tona aspectos decisivos do período recente da História brasileira, principalmente os casos de autoritarismo, perseguições, torturas e mortes de pessoas nestes 50 anos.

Nesta edição, estão reunidos três documentários inéditos ou de limitada circulação no país, que, com os debatedores, pretendem jogar mais luz no público universitário preferencialmente sobre os chamados anos de chumbo de nossa história. Os filmes são Repare Bem, da portuguesa Maria de Medeiros; Ainda Existem Perseguidos Políticos, trabalho da ONG Acesso e o Coletivo Catarse; e Camponeses do Araguaia – A Guerrilha Vista por Dentro, de Vandré Fernandes.

‘Repare Bem’, filme de 2012, foi exibido no dia 26, no Auditório Rio Negro, seguindo-se debate com o público a ser estimulado pelos convidados, a ativista do movimento de mulheres em Manaus Socorro Papoula e do historiador e professor Aloysio Nogueira. O filme narra a história real, durante a ditadura militar no país, vivida por Denise Crispim, filha de pais militantes, que se envolveu com o guerrilheiro Eduardo Leite, conhecido como “Bacuri”, e dessa relação resultou uma gravidez. É nesse momento que ela vive a perseguição de sua família pelo regime militar. Em pouco tempo, seu irmão é assassinado e sua mãe é presa. Quanto à “Bacuri”, ele é torturado durante mais de três meses e depois assassinado. Com o nascimento da pequena Eduarda, Denise consegue asilo político no Chile, embora o golpe de Pinochet force mãe e filha a se mudarem para a Itália. Mais de quarenta anos após os fatos, as duas recebem anistia do governo e decidem contar a sua história.

O filme‘Ainda Existem Perseguidos Políticos’, da ONG Acesso, de 2012, será apresentado na quarta-feira, dia 28, às 8h30, também no auditório Rio Negro. Os convidados para estimular o debate entre o público são os professores José Seráfico de Assis Carvalho e Osvaldo Coelho, que têm participação em movimentos semelhantes à Comissão da Verdade. O filme identifica semelhanças no agir do Estado, no passado e atualmente, demonstrando que a cultura do autoritarismo permanece arraigada em algumas instituições estatais brasileiras. Apresenta também imagens do projeto que levou este debate para os mais variados públicos (quilombolas, universitário, LGBTT, assentados do MST, comunidades periféricas etc) desenvolvido pela ONG Acesso – Cidadania e Direitos Humanos. Visa ainda fomentar o debate sobre a ausência de uma efetiva transição democrática no Brasil, pós-ditadura civil-militar implantada no País a partir de 1964.

Na sexta-feira, dia 30, às 8h30, será exibido o filme de Vandré Fernandes, de 2010, ‘Camponeses do Araguaia – A Guerrilha Vista por Dentro’. Com 73 minutos, o filme traz o depoimento de pessoas que foram vítimas da truculência da ditadura e hoje lutam para que o Estado reconheça os crimes cometidos e anistie os atingidos pela repressão. Ocorrida entre 1972 e 1974, a Guerrilha do Araguaia é um episódio importante da história do Brasil. Na época da ditadura militar, a região em que a guerrilha ocorreu foi palco da maior resistência armada contra o regime ditatorial. O local recebeu um contingente militar comparável ao da Força Expedicionária Brasileira (FEB), que lutou na Europa durante a Segunda Guerra Mundial.

O projeto Cine & Vídeo Tarumã é uma atividade de extensão do Departamento de Comunicação Social da UFAM, do Instituto de Ciências Humanas e Letras, localizado no Setor Norte do Campus Universitário. Todas as sessões são gratuitas e, nesta semana, trabalham em parceria com o ICEM, e apoio do LEPAPIS.