Com Amor & Ciência – conheça uma das histórias que a Ufam ajudou a construir
A trajetória dos professores do IEAA, Keith Valente e Amazonino de Castro, é inspiradora para muitos casais que se conheceram na Universidade
Um romance pode começar onde jamais se imaginou. Num passeio solitário, num encontro casual, numa reunião entre amigos... E por que não na faculdade? A história de Keith e Amazonino começou há mais de 13 anos e teve a Universidade Federal do Amazonas (Ufam) como principal cenário, mais precisamente o Instituto de Engenharia, Agricultura e Ambiente, unidade acadêmica de Humaitá, onde eles cursaram Engenharia Ambiental na turma de 2006. Desde então, passaram juntos pelo mestrado, foram aprovados no concurso para docentes da Instituição e, hoje, cursam doutorado em São Paulo.
“Nós nos conhecemos no festival de danças de Novo Aripuanã, ainda na época do ensino médio. Ela dançava e eu tocava na banda e participava da organização”, recorda o professor Amazonino de Castro, sobre o primeiro contato com a esposa, também docente Keith Valente. Os dois nasceram em Novo Aripuanã, município na calha do rio Madeira. Enquanto os pais dele eram agricultores e comerciantes, os pais dela trabalhavam como professores da rede pública.
“Eu e ela viemos de famílias humildes e, ainda muito jovens, percebemos a importância dos estudos para conquistar o espaço profissional e a mudança de vida, então começamos a estudar juntos para o vestibular da Ufam que, à época, era o Macro Verão. Fomos aprovados já para ingressar na primeira turma de Engenharia Ambiental do IEAA, que ali também começava sua história”, ilustram os agora doutorandos em Ciências Ambientais no Instituto de Ciência e Tecnologia do Campus da Universidade Estadual Paulista (ICT/Unesp), em Sorocaba.
Muito antes, ainda quando eram discentes de graduação, eles enfrentaram muitas dificuldades. A rotina, as disciplinas, as provas, tudo isso eram exigências às quais o casal foi se acostumando junto. O que não dava mesmo para contornar era a saudade de casa. “Sentíamos muita falta dos nossos familiares, afinal, saímos de casa muito cedo. Eu e ela somos caçulas em nossas famílias, e nunca tínhamos estado tanto tempo afastados dos nossos pais. Essa mudança de Novo Aripuanã para Humaitá foi realmente muito difícil”, lembra Amazonino.
Mas nada disso os desanimou na trajetória pela educação superior na Universidade Federal, e encontraram um no outro o apoio de que precisavam para seguir em frente nas disciplinas e na vida. Segundo revela o professor, foi durante a graduação que o namoro ficou mais sério, quando os dois passaram a morar na mesma república estudantil. “Aí então percebemos que o nosso namoro iria durar mais que tínhamos imaginado para dois adolescentes”, avalia.
Arregaçaram as mangas e foram à luta juntos. Geralmente, o ponto fraco de um era a expertise do outro, e eles seguiram se ajudando. Foi ali que perceberam a possibilidade se planejar para tentar a pós-graduação da Faculdade de Ciências Agrárias (FCA).
Carreira e Família
Mesmo estudando juntos, suas afinidades são por subáreas diferentes dentro das Ciências Ambientais, o que gerou longas conversas sobre os projetos de pesquisa para concorrer ao mestrado na capital. E não demorou muito para que os dois fossem aprovados no Programa de Pós-Graduação em Ciências Florestais e Ambientais da Ufam (PPGCIFA). Mais uma vez, a Universidade tratou de mantê-los unidos em prol da ciência.
As coisas começaram a melhorar quando o casal conseguiu bolsas de financiamento estudantil para cursar o mestrado, ele pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam) e ela pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes).
Os projetos se desenvolveram bem. Enquanto Keith pesquisou sobre os atributos dos solos na Fazenda Experimental da Ufam, Amazonino investigou os impactos da agricultura itinerante na Reserva de Desenvolvimento Sustentável do Juma, na cidade de Novo Aripuanã.
“Ao concluir a pós-graduação, em 2014, prestamos vários concursos, dentre os quais fomos aprovados para a carreira de professor efetivo no IEAA, no curso de Engenharia Ambiental”, conta Amazonino. “Keith foi chamada de imediato e retornou a Humaitá, enquanto eu permaneci em Manaus como professor substituto na UEA [Universidade do Estado do Amazonas]. Quase dois anos depois eu fui assumir o cargo no IEAA. Mais uma vez nosso amor foi posto a prova e resistiu”, analisa o doutorando.
Os planos não pararam por aí. Assim que Amazonino voltou definitivamente para Humaitá, a primeira ideia era realizar o casamento, mas aí veio o primeiro filho do casal e o matrimônio aconteceu em dezembro de 2016. Na vida profissional, tinham planos de cursar doutorado, o que se concretizou com o afastamento do casal. Eles tiveram os projetos aprovados na Unesp e Keith preferiu aguardar a liberação do marido para irem juntos a São Paulo.
“Mais uma vez nos ajudamos nos projetos, embora com temas bem diferentes. Fizemos algumas seleções de doutorado, fomos aprovados e aqui estamos mais uma vez batalhando juntos”, comemora o professor. Enquanto a esposa pesquisa sobre heterogeneidade de fitoplanctos em reservatórios (qualidade ambiental da água), Amazonino trata dos índices de vegetação suas correlações com o manejo de bacias hidrográficas, na área de Geociências.
Sorte no jogo & sorte no amor
Os dois chegaram a uma importante conclusão: de que a Universidade teve um papel crucial que os fez seguir juntos na vida profissional quanto na vida conjugal. E eles garantem que o ditado popular que diz “Sorte no jogo, azar no amor” não se aplica a eles. “Costumamos dizer que a Ufam é nossa segunda casa, afinal, é onde passamos a maior parte do dia desde a época de estudantes, e é onde aprendemos sobre respeito e ética, e isso nós aplicamos na vida profissional e pessoal”, ressaltam Keith e Amazonino.
A jovem docente deixa uma mensagem para os casais que se encontraram ou hão de se encontrar na Ufam: “Aqui, além de um ambiente acadêmico, é um lugar transformador. É onde nós podemos encontrar as pessoas que mudarão a vida afetiva e profissional. Para quem encontra um grande amor, independente de cor, orientação sexual ou religião, desejamos felicidade plena e realização na vida de cada casal formado na nossa universidade”.
É dessa mesma forma que pensa o professor Amazonino, e ele vai além, deixando um conselho aos jovens universitários: “Aconselho que vocês possam viver cada fase intensamente, mas sempre com responsabilidade. É preciso que se respeitem e respeitem o direito dos outros, e nunca esqueçam de que, quando se tem amor, esperança e força de vontade, é possível vencer qualquer obstáculo da vida profissional e acadêmica”.
Depois do doutorado, eles pretendem retornar ao IEAA e contribuir ainda mais para a formação de profissionais altamente qualificados no interior do Amazonas. “Quanto aos planos familiares, pretendemos continuar vivendo as nossas vidas da mesma forma, afinal, em time que tá ganhando ninguém mexe (risos), e quem sabe até pensar na chegada de mais um membro para a família, quem sabe?”, planejam os dois, que são apenas um exemplo das tantas histórias de amor que começaram aqui na Ufam.