Ufam apresenta mapa da vulnerabilidade socioeconômica dos discentes durante coletiva
Com mais de 29 mil respondentes, a Instituição se destacou pelo maior percentual de participação do País e resultados são muito representativos
Em entrevista coletiva realizada na tarde de sexta-feira, 17, a Universidade Federal do Amazonas (Ufam) recebeu a imprensa local para compartilhar os resultados da V Pesquisa do Perfil Discente, realizada pela Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes) no ao passado. O levantamento revela a situação de vulnerabilidade socioeconômica dos graduandos de 63 Universidades Federais e dois Centros Federais nas cinco regiões brasileiras e foi aplicado entre os meses de fevereiro e junho de 2018.
Um dos resultados concretos da quinta edição é o Mapa da Vulnerabilidade Socioeconômica 2018. O último levantamento foi feito há quatro anos, quando o Nordeste teve o maior índice de vulnerabilidade socioeconômica entre os graduandos de instituições públicas participantes. Hoje, o cenário é diferente: 81,9% dos universitários nortistas têm renda per capita média de 884,24 reais, contra 78,3% de nordestinos com renda familiar per capita menor que um salário mínimo e meio. Nas regiões Centro-Oeste, Sul e Sudeste, o percentual de universitários nessa situação gira em torno de 60%.
A pró-reitora de Gestão de Pessoas, Maria Vanusa Firmo, recebeu os jornalistas, agradeceu a parceria e destacou o impacto desse resultado para toda a sociedade amazonense. “Nós entendemos o quanto a Universidade é importante na vida desses alunos. Eles não teriam oportunidade de cursar o ensino superior sem essa contrapartida”, sustentou.
Os números da Ufam
Para compreender a real situação da Universidade no contexto da investigação, é preciso analisar o índice nacional e o regional. Em todo o País, 70,2% dos discentes de graduação presencial são oriundos de famílias cuja renda média per capita não supera um salário mínimo e meio. Na região Norte, o percentual aumenta para 81,9% e, mais especificamente na Ufam, que é a única instituição federal de ensino superior do Amazonas, 80,3% dos estudantes de graduação pertencem a famílias com renda de até um salário mínimo e meio, o que corresponde a 22.246 universitários dentre os 29.393 que responderam o questionário.
A Instituição se destacou pelo maior percentual de participação do País, ou seja, os resultados são bastante representativos da realidade. Segundo a diretora do Departamento de Assistência Estudantil da Pró-Reitoria de Gestão de Pessoas (Daest/Progesp), Mônica Pereira, a pesquisa é o instrumento norteador das políticas de assistência estudantil. “Ações no âmbito do Plano Nacional de Assistência Estudantil [PNAES] são desenvolvidas pela Universidade visando a atender necessidades específicas do nosso público estudantil”, explicou a gestora.
Ainda segundo ela, ao descrever o cenário sociocultural e socioeconômico dos estudantes de graduação, a pesquisa traz á tona a realidade regional, especialmente aquela que vivenciam os estudantes do interior, numa das cinco unidades acadêmicas localizadas em Benjamin Constant, Coari, Itacoatiara, Humaitá e Parintins. “Cada localidade tem as suas idiossincrasias, e elas devem ser olhadas com responsabilidade e respeito. Não é só permitir o acesso à Universidade. É preciso garantir a permanência e a conclusão do curso superior no tempo regulamentar”, argumentou a diretora do Daest/Progesp.
Os exemplos não faltam. “No Instituto de Natureza e Cultura (INC), que atende a população da calha do Alto Solimões, 169 acadêmicos receberam auxílio transporte intermunicipal que possibilitou o deslocamento das cidades de Atalaia do Norte e Tabatinga para assistir às aulas em Benjamin Constant. Em Coari, 99% dos estudantes receberam algum tipo de auxílio da Universidade no ano passado em decorrência da vulnerabilidade socioeconômica”, demonstrou Mônica Pereira, ao informar que os dados específicos estão em análise para posterior divulgação à comunidade em geral.
Se, de um lado, existe a dependência de recursos para a manutenção da assistência estudantil, de outro, verificamos que a Ufam teve um corte de 38 milhões no seu orçamento, o que compromete, ainda que reflexamente, os objetivos do PNAES. “O contingenciamento é para as despesas com água, energia, segurança e limpeza. Mas, sem água ou energia, como os discentes terão acesso ao restaurante universitário, por exemplo? Ainda que se tenha garantido a manutenção das ações de assistência estudantil, as perdas são reflexas e inevitáveis”, argumentou. “A Ufam não está na sociedade, ela é a própria sociedade. Nada como o conhecimento para derrubar mitos”, finalizou a gestora do Daest.
PNAES 2018
No ano passado, 2.940 graduandos em comprovada situação de vulnerabilidade socioeconômica foram beneficiados pelo PNAES. Nesse universo, 89% (ou 2.601) são oriundos de famílias com renda per capita de até meio salário mínimo. Na faixa entre meio e um salário mínimo, foram 182 discentes (ou 6%) atendidos pelo Plano em 2018; enquanto os 5% restantes (ou 157) comprovaram renda per capita entre um e um salário mínimo e meio.
Ainda no grupo de beneficiários do PNAES, 98% cursaram o ensino médio em escolas públicas, o que equivale a 2.880 acadêmicos, contra 56 que são egressos de instituições particulares. Entre os alunos dos estados da região Norte, 78,1% dos estudantes das Ifes são oriundos de escolas públicas. Ao se considerar as cinco regiões brasileiras, o percentual cai ainda mais, ficando em 64,7% de egressos de instituições públicas de ensino médio dentre os respondentes do questionário da Andifes.