Agroufam comemora cinco anos e apresenta principais resultados

O número de empreendedores saltou de 46 para 102, um aumento de 121,74%. Além disso, o volume de vendas pode chegar a R$40 mil mensais

Por Cristiane Souza
Equipe Ascom/Ufam

Entre os dias 8 e 10 de maio de 2019, o Núcleo de Socioeconomia da Universidade Federal do Amazonas (Nusec/Ufam) realiza uma edição comemorativa dos “Cinco anos da Feira Agroufam”.  O objetivo é consolidar ainda mais esta feira de comercialização dos produtos da agricultura familiar, com base nos princípios da agroecologia, do desenvolvimento sustentável, da segurança alimentar e nutricional, da inovação tecnológica, da extensão universitária, do associativismo e da inclusão social. Além dos clientes da Feira, são esperados agricultores, técnicos de extensão rural, pesquisadores, professores, estudantes de Agrárias e áreas afins.

A programação terá a apresentação de  trabalhos técnico-científicos, em forma de pôster, que foram desenvolvidos por docentes e discentes da Ufam. Haverá ainda uma feira de produtos agroecológicos, como estratégia de divulgação e de popularização desses produtos, o que contribui, ao mesmo tempo, para o fortalecimento das áreas envolvidas.

Em cinco anos, o número de empreendedores saltou de 46 para 102, o que representa um crescimento de 121,74%. E esse é somente um dos motivos que os organizadores, parceiros e clientes têm para comemorar. Isso porque, em 2016, foi possível tornar a Feira sustentável – também do ponto de vista econômico – pela criação de um fundo solidário, este formado por um grupo de trabalhadores que se organizaram em associação para viabilizar toda a logística da feira, como a montagem de barracas e a limpeza do local após cada edição. Por sua vez, o volume de vendas mensal varia entre 30 e 40 mil reais a cada edição. Isso se traduz em emprego e renda para muitas famílias do interior do estado.

“Essas pessoas protagonizaram um território produtivo diferenciado, transformando o espaço da Academia num lugar onde é possível enxergar a sociobiodiversidade amazônica”, destaca a coordenadora da atividade, professora Jozane Lima, vinculada à Faculdade de Ciências Agrárias (FCA) e ao Nusec. “Temos aqui um grupo de pessoas que, ao longo desses cinco anos, vem construindo um processo autogestionário, empreendedor, e crescendo juntos”, acrescenta.

Programação

Durante a abertura da edição especial, a coordenadora do Programa Agroufam, professora Therezinha Fraxe, fará um balanço desses cinco anos, divulgando resultados socioeconômicos que a Feira tem gerado para as comunidades. Professoras Jozane Lima e Therezinha Fraxe coordenam a comemoração dos cinco anos de realização da FeiraProfessoras Jozane Lima e Therezinha Fraxe coordenam a comemoração dos cinco anos de realização da FeiraEla ainda fará uma análise do impacto no campo da pesquisa acadêmica na Ufam. A partir de 2016, por exemplo, há uma participação cada vez mais intensa de docentes das diversas Unidades Acadêmicas, e já são mais de 16 ações de extensão vinculadas à Agroufam, que vão desde a criação de embalagens, pela área do Design, até atividades de compostagem, entre outras.

“A alegria que nós compartilhamos é saber que a Agroufam ultrapassou os muros da Universidade, inclusive com experiências que acontecem fora da Universidade. Essa forma de se fazer também estimulou outras instituições a também criarem espaços nos mesmos moldes de ocupação dos espaços institucionais”, comemora a coordenadora da Feira.

A carta-convite reitera que o encontro busca dar ampla divulgação dos projetos desenvolvidos pelo Nusec e seus parceiros. “Os conhecimentos produzidos pelo Núcleo dizem respeito ao contato com os sujeitos sociais, através de trabalhos que associam os saberes tradicional e científico em prol do desenvolvimento da agricultura familiar”, diz o convite.

Veja aqui a programação completa.

Trajetória de sucesso

“Essa história teve início como projeto de extensão, em 2014, que, à época, estava inserido num projeto maior, o Parque Científico e Tecnológico. O Nusec integrou o projeto do Parque e o Centro de Agroecologia. Então, a Feira estava vinculada a essa proposta inicial, como uma materialização do processo que o Nusec, há mais de 17 anos, vem desenvolvendo com as comunidades rurais”, recorda a professora Jozane Lima.

“Acompanhamos a aplicação dos princípios da agroecologia nas comunidades que já têm um modo de produção bem específico e peculiar aqui na Amazônia, nos moldes da produção familiar. Juntando todo esse processo, foi possível executar a primeira edição da Agroufam, por meio de outro projeto do Nusec, vencedor do Pró-Rural e chamado ‘Organização Social e Potenciais de Mercado’. Naquele momento, uma equipe formada por 16 bolsistas de diferentes áreas ajudaram a conceber a feira”, completa.

Diversos segmentos fazem parte da Feira. No primeiro deles, o dos produtos oriundos da agricultura, há dois subgrupos, a tradicional e a familiar, esta de base agroecológica, que significa um estilo de agricultura sustentável cujo modo de produção é peculiar da Amazônia. A separação nesses dois modelos produtivos ocorreu em 2017, de modo que, no hall da FCA I, estão os produtores em transição para a agroecologia e aqueles que têm produção orgânica com certificado do Ministério da Agricultura.

A Agroufam mantém o segmento do artesanato desde o início, integrando artesãos que usam recursos naturais e outros insumos. Além desses, existe o segmento dos processados, com produtos feitos de matérias primas da biodiversidade amazônica, como molhos, pimentas, doces diversos etc. Na praça de alimentação, o outro segmento, há valorização de iguarias regionais. “A Agroufam é, hoje, um complexo formado por 102 empreendimentos”, analisa a professora Jozane Lima.

Segundo a coordenadora, “mais do que um espaço de comercialização, a Agroufam já se tornou um lócus para a troca de saberes, numa aproximação entre aqueles que produzem e a própria Universidade”. Em outro momento, acontecia o movimento contrário, quando a Universidade foi até essas comunidades e, hoje, a Feira funciona também como um rico campo de aprendizado para os estudantes a partir de diversos cenários da produção familiar local. Outro aspecto é o da integração de trabalhadores que estavam fora do mercado e que têm na Feira o seu espaço de geração de renda.

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