Curso de Letras Libras da Ufam é reconhecido com conceito máximo do MEC
O primeiro curso da Universidade Federal do Amazonas (Ufam) com foco totalmente inclusivo, o curso de Letras-Libras (Língua Brasileira de Sinais) recebeu o conceito máximo, 5, na avaliação do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), do Ministério da Educação (MEC). Com a avaliação, a Universidade recebeu o reconhecimento do curso.
Criado em 2014, o curso de Letras – Licenciatura em Libras passou pela primeira avaliação do Inep em 2018. A última fase do processo, a visita à unidade acadêmica, foi realizada nos dias 30 e 31 de agosto. Considerando três dimensões (corpo docente, áreas pedagógica e estrutural), os representantes do Inep puderam conferir presencialmente as informações a respeito do funcionamento do curso, inclusive por meio de entrevistas com os estudantes. O resultado, divulgado no último dia 11 de setembro, trouxe muita alegria e satisfação para gestores, técnico-administrativos e estudantes que contribuíram para a criação e funcionamento do curso.
De acordo com o pró-reitor de Ensino de Graduação, professor David Lopes Neto, a notícia foi recebida como reconhecimento do trabalho feito desde a criação do curso até o momento, com a preparação do curso para receber a Comissão de Verificação in loco. “Estamos buscando a elevação dos indicadores dos cursos e para isso traçamos ações estratégicas, como orientar aqueles que serão avaliados com base nos instrumentos de avaliação do Inep/MEC. O curso de Letras Libras é um curso novo, que tem seu diferencial, por isso, o reconhecimento foi de grande êxito para a Universidade, pois indica que ele está sendo ofertado dentro dos padrões de qualidade”, declarou.
Participante de todo o processo de avaliação, o diretor da Faculdade de Letras, professor Wagner Teixeira, informa que foi preciso buscar as condições para o oferecimento do curso com a qualidade necessária, como possuir um estúdio próprio para gravações de vídeos. “Isso foi possível graças ao apoio da PCU [Prefeitura do Campus Universitário] e do CTIC [Centro de Tecnologia da Informação e Comunicação], a quem agradecemos imensamente”, revelou.
“O resultado está sendo muito comemorado, pois revela e coroa o trabalho de cada membro do curso - seja em funções pedagógicas ou administrativas, hoje e também no passado desde sua criação - em prol da formação de qualidade de professores de Libras surdos e ouvintes em Manaus e, principalmente, da difusão da cultura surda e da Libras no Amazonas”, comentou o diretor.
Durante a visita, os avaliadores puderam conhecer as instalações do curso, que tem atividades realizadas no setor Sul do campus universitário. Além disso, tiveram acesso aos documentos necessários para o funcionamento da graduação, entre os quais o Projeto Pedagógico do Curso. Um dos fatores apreciados pelos representantes do MEC foi a parceria com a Gallaudet University, maior universidade com pesquisas para surdos do mundo, para a tradução de pesquisas produzidas pela instituição. “A avaliação tem peso muito importante. É o reconhecimento do curso, dado pelo MEC, declarando que ele pode funcionar e isso com o conceito máximo. É muito satisfatório porque reconhece o esforço dos docentes, que mesmo dentro do contexto atual, têm conseguido driblar os problemas orçamentários”, expôs o coordenador do curso, professor Edgar Veras. “É simbólico também, pois, significa uma conquista da comunidade surda. O reconhecimento do MEC mostra essa vitória”, disse o coordenador.
Segundo o docente, o curso tem novos objetivos a serem alcançados em breve. O primeiro é buscar a criação do curso de Libras como bacharelado, com foco específico na formação de tradutores da língua. A interiorização também está entre as metas. A equipe estuda formas de como oferecer o curso nos municípios do interior para capacitar professores da educação básica, principalmente depois da Lei Nº 4.552, de março deste ano, que estabelece o ensino de Libras nas escolas da rede pública do Estado. A criação de escola pública bilíngue é outro objetivo do curso de Letras-Libras da Universidade.
Egressa da primeira turma do mais novo curso da Ufam, Arlice Monteiro desejava trabalhar no ensino de surdos e confessa que ficou surpresa quando soube que a Ufam ofereceria a graduação que buscava. “Foi ótimo, nem acreditei que teria a formação na área”, conta.
“O curso foi ótimo, perfeito. Os professores e alunos foram muito engajados. Dedicados à mesma causa. Todos apaixonados pela língua e cultura surda, por isso deu tão certo”, expôs. Segundo a ex-aluna, o curso foca nas metodologias de ensino voltadas para pessoas surdas e conta com professores bem preparados. “A gente aprende muito. As metodologias são primordiais para o nosso trabalho, pois os surdos dependem muito de imagens. Eles têm a mesma capacidade que os demais, apenas são surdos. Quanto mais professores houver, mais eles se desenvolverão”, ressalta a professora de Libras do Estado.
“Graças a Deus por esse conceito. Ficamos muito orgulhosos porque quando a gente começa a ter contato com a comunidade surda e a aprender a língua, nos encantamos e descobrimos o quanto ela é importante para que eles tenham as mesmas oportunidades que as outras pessoas”, finaliza a egressa.