Parceria: TV Universitária inova ao usar tradução em Libras no Boletim Virtual Ufam Em Pauta

Tradutores de Libras utilizam a estrutura da TV Ufam Tradutores de Libras utilizam a estrutura da TV Ufam Por Carlos William e Cristiane Souza
Equipe Ascom

Resultado de uma parceria firmada entre o Canal de TV da Universidade Federal do Amazonas (Ufam) e a Coordenação de Tradução (Ctrad), esta vinculada à Pró-Reitoria de Gestão de Pessoas (Progesp), parte da programação da TV já começa a ser traduzida em Língua Brasileira de Sinais (Libras). O Boletim virtual Ufam em Pauta, divulgado por meio do Facebook, foi o primeiro produto da grade a usar a tradução.

Conforme esclarece o diretor da TV Universitária, professor Guaraciaba Tupinambá, para além de mera adaptação técnica, aplicar a ferramenta é uma obrigação. “É do Governo Federal a decisão de se traduzir em Libras, então, o nosso papel é promover a adequação necessária”, esclarece o gestor, explicando ainda que, ao equacionar entraves referentes a recursos e estrutura, foi possível implantar a mudança.

“Os limitadores sempre foram materiais, em relação à equipe e à infraestrutura. Na TV, nós temos os equipamentos que são usados nas gravações em vídeo pelos tradutores e intérpretes da Coordenação de Tradução da Progesp”, complementa o professor Guaraciaba Tupinambá. Ele explica que o piloto da experiência, que é o boletim informativo, apresenta tanto a legendagem quanto a tradução em Língua Brasileira de Sinais.

Diretor da TV Universitária aponta melhoriasDiretor da TV Universitária aponta melhoriasSegundo o diretor, o conteúdo informativo “tem mais conexão com o uso de Libras”, tendo em vista a sua busca pela precisão. “Um conteúdo noticioso tem a finalidade de ser preciso e acessível a todos”, explica ele. Já no caso da ficção, além da complexidade, está muito presente a metalinguagem – e uma gama de significados possíveis. Hoje, a solução mais adequada, segundo o professor, ainda é adotar a legendagem para os produtos de ficção, embora a tendência seja incluir a tradução também nessas produções, no intuito de ampliar o serviço.

Os produtores do Boletim virtual Ufam em Pauta acreditam que uma das respostas positivas é o estímulo dos ouvintes a compreenderem o universo e a relevância das línguas de sinais. O público culto, que ainda não domina a Libras, poderia sentir interesse em ter essa iniciação.

Nesse sentido, o coordenador da Ctrad, Joabe Barbosa, reforça que esse não é um trabalho de acessibilidade, mas tão somente de tradução. “Não trabalhamos com acessibilidade, ou seja, diretamente auxiliando pessoas com deficiência visual ou intelectual, por exemplo. Ao contrário, a surdez não se trata de uma deficiência auditiva, de modo que passamos a atuar pelo viés da tradução”, afirma ele.

"Ctrad é uma coordenação inserida na estrutura da Progesp", explica Joabe Barbosa"Ctrad é uma coordenação inserida na estrutura da Progesp", explica Joabe BarbosaConforme explica Joabe Barbosa, a função da equipe é proporcionar o acesso à informação através de outra língua, assim como tradutores de inglês, francês ou espanhol. “Nós também trabalhamos com uma língua, que, de acordo com a lei, é uma língua oficial”, enfatiza.

Mudanças

Em se tratando de audiovisual, qualquer coisa que chame a atenção em algum espaço na tela deslocará a visão de outro ponto. Para os ouvintes, a diferença não é tão grande, podendo ser percebida de modo positivo ou negativo; por outro lado, as pessoas surdas ganham e muito, especialmente porque a iniciativa parte de uma TV Universitária.

“Essa demanda é muito mais justa do que qualquer outra. Além disso, a TV Universitária tem seu compromisso com o público escolarizado e deve reforçar o seu papel e mostrar seu posicionamento à sociedade. A Ufam quer que as pessoas, ao verem TV, percebam que outras pessoas estariam excluídas de compreender a programação caso não houvesse a tradução em Libras. Entendemos que esse é um dos nossos deveres”, frisa o diretor do Canal.

Ao mencionar as modificações ocorridas desde 2017, o coordenador da Ctrad chama a atenção para a justificativa para a desvinculação da equipe de tradutores e intérpretes da Ufam do Núcleo de Acessibilidade. “O principal motivo foi que a gente não trabalha com assistência, porque o surdo é independente, embora utilize uma língua não oralizada, sendo mais adequado se falar em tradução”, reforça.

Inicialmente, a equipe era atrelada ao curso de Letras Libras, atuando apenas no âmbito daquela graduação, cuja chefe de Departamento era a professora Joana Angélica. No ano passado, os tradutores e intérpretes foram remanejados para o Núcleo de Acessibilidade da Ufam, coordenado pelo professor Renato Brandão.  Já em 2018, foram finalmente transferidos para a Progesp, onde se encontram vinculados à Coordenação de Tradução.

A parceria com a TV Ufam é apenas uma das atuações da equipe composta por nove servidores técnico-administrativos. Eles respondem ainda pela tradução de reuniões, eventos, editais e bancas de proficiência em Libras.

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