Edua Digital: lançamento de livros em formato digital amplia a oferta e reduz custos de produção
A expectativa é de que 100% das obras editadas pela Edua saiam primeiro em selo digital
“Ampliar a oferta, racionalizar os custos e garantir a qualidade”. Essa é a tríade adotada pelas editoras universitárias públicas e privadas do País para enfrentar um dos principais desafios do segmento e contornar a escassez de recursos aplicados no processo produtivo tradicionalmente utilizado na produção de livros impressos. A Editora da Universidade Federal do Amazonas (Edua) aposta no formato digital ao lançar seu selo digital.
A proposta surgiu do entendimento entre gestores de editoras universitárias de todo o Brasil durante o 1º Seminário Brasileiro de Edição Universitária e Acadêmica, inserido na 31ª Reunião Anual da Associação Brasileira das Editoras Universitárias (Abeu). Com o tema ‘Edição Acadêmicas em perspectiva de diálogos’, o seminário foi realizado entre 22 e 25 de maio de 2018, na Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) da cidade de Petrópolis, Rio de Janeiro.
O diretor da Edua, professor Sérgio Freire, recorda que a escassez de recursos direcionados às editoras das universidades é um desafio que precisa de atuação criativa das instituições, tendo em vista a maior disponibilidade de tecnologias de informação e comunicação, a partir dos anos 1990, e a própria função das editoras, adaptada ao longo do tempo.
Ser digital
Ao lançar o programa Edua digital, a proposta é dar vazão à produção intelectual da comunidade universitária. Quanto ao trabalho de editoração, que confere qualidade técnica e avaliação do conteúdo das obras, este permanece inalterado. Ou seja, a Comissão Editorial adota os mesmos critérios para todas as obras, independentemente do formato, e elas precisam passar por igual processo de revisão e edição gráfica.
A expectativa é de que 100% das obras editadas pela Edua saiam primeiro em selo digital, para noutro momento serem avaliadas as possibilidades de se ter uma versão impressa, que pode ser financiada com recursos da Ufam, de financiadoras externas ou do próprio autor. No momento, existem 11 livros em processo de editoração. “Esses serão os primeiros lançados digitalmente”, adianta o professor Sérgio Freire.
“Importante ressaltar que nós não estamos abandonando o livro impresso, porque, caso o autor queria publicar nesse formato, conforme a disponibilidade, os recursos serão empregados na impressão. No entanto, nosso objetivo é que, encerrada a fase de editoração, desde logo o produto digital seja disponibilizado no Repositório Institucional da Ufam”, esclarece o docente, para quem é preciso criar a cultura de consulta ao RIU. Para ter sua obra disponível de forma gratuita, o autor assinará um contrato permitindo a inclusão no RIU.
Confira o fluxograma do processo editorial.
Atualização
“Até a década 1990, a função primeira das editoras universitárias era a publicação de teses e dissertações. A primeira grande mudança foi do ponto de vista do conteúdo, porque elas passaram a repensar sua publicação acadêmica – que é um gênero – e começaram a editar livros – um outro gênero, com uma linguagem mais simples e acessível”, explica o professor Sérgio Freire.
Na sequência, avalia: “Conseguimos resolver um problema, referente ao conteúdo; mas ainda persistia a questão do formato”. Nesse ponto, o diretor da Edua aponta para as possibilidades de uma verdadeira “digitalização da vida”, conceito que se fortaleceu a partir dos anos 1990, com a disseminação da Internet e das novas tecnologias.
Nesse contexto, indispensável repensar o modus operandi até então adotado, considerando, inclusive, as regras da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), ao avaliar igualmente os livros publicados tanto em formato impresso quanto digital. “Será atribuída igual pontuação, com a exigência de que o livro digital esteja disponível em repositório institucional”, informa o professor Sérgio Freire, ao mencionar que a avaliação se tornou mais flexível.
Assim, a disponibilização das obras através da Internet, com acesso gratuito aos repositórios, já se consolida como uma das estratégias mais eficazes adotadas pelas editoras universitárias. Isso porque, ao mesmo tempo em que se dá publicidade aos trabalhos da comunidade acadêmica, é facilitada a circulação do conhecimento. Segundo reforça o gestor da Edua, em qualquer dos formatos, a obra terá o ISBN (do inglês International Standard Book Number).
Em se tratando de custos, o professor compara: “Certo livro, impresso e com cerca de 200 páginas, tem custo da tiragem de 300 exemplares entre 10 e 11 mil reais. Caso o mesmo livro seja publicado em e-book ou PDF, o custo será entre 3,5 e 4 mil reais”.