Ufam e Ufopa projetam sistema de integração para fortalecer a Pan-Amazônia
Há 40 dias na gestão da Universidade Federal do Oeste do Pará (Ufopa), o reitor, professor Hugo Diniz, deu início a uma agenda de visitas com o objetivo de integrar as instituições públicas de educação superior da região Norte e da Pan-Amazônia. O reitor da Universidade Federal do Amazonas, professor Sylvio Puga, recebeu a comitiva da Ufopa na tarde da última segunda-feira, 11, no gabinete da Reitoria, para discutir propostas de atuação conjunta.
“As tratativas de parceria de algumas ideias, como a Rede de Laboratórios e sistemas de integração para fomentar atividades de ensino, pesquisa, extensão e inovação”, adiantou o reitor da Ufopa, ao enfatizar que o crescimento é mais rápido e eficaz se houver parcerias. Com o professor Hugo Diniz, vieram também os docentes Domingos Luiz Diniz, pró-reitor de Pesquisa, e o Rodrigo da Silva, assessor de Relações Institucionais da Federal paraense.
O anfitrião, depois de apresentar o time de pró-reitores que deverá trabalhar com mais proximidade na elaboração de projetos comuns, recordou que a estratégica de fazer “uma Ufam conectada” foi o slogan de campanha que levou a equipe à Administração Superior. “Sozinhos não podemos fazer muito, e temos a consciência de que as parcerias fortalecem nossa identidade regional”, afirmou o professor Sylvio Puga.
Comparativamente, enquanto a Ufam possui hoje um orçamento em torno de R$ 650 milhões, cinco campi fora da Sede e cerca de 40 mil participantes da comunidade universitária, entre servidores e discentes, a Ufopa conta com seis campi descentralizados, orçamento anual de R$ 150 milhões e em torno de cinco mil discentes. Concluíram os gestores que as ações conjuntas favorecem, por exemplo, a participação em editais nacionais de pesquisa e fomento em prol da região Norte, da Amazônia brasileira e da Pan-Amazônia.
Estratégias regionais
Nesse sentido, a proposta é envolver, inclusive, universidades estaduais inseridas nesse contexto, tendo em vista o acesso mais direto aos recursos de Fundações de Amparo à Pesquisa (Fap) em seus nichos, assim como os Institutos Federais, conforme a expertise de cada unidade. Além disso, as instituições estrangeiras situadas em países fronteiriços pela região Norte, como Peru e Colômbia também são visadas. Nesse ponto, o Instituto de Natureza e Cultura de Benjamin Constant (INC/BC) da Ufam teria um papel importante na interlocução, município próximo a Tabatinga, a estratégica cidade da tríplice fronteira.
Em relação à proximidade entre a Ufam e a Ufopa, o Instituto de Ciências Sociais, Educação e Zootecnia de Parintins (ICSEZ), cidade 344 km distante de Manaus em linha reta e 277 km de Santarém, também em linha reta, município onde se localiza a Federal do Oeste paraense. Esse é outro fator a facilitar o intercâmbio entre Ufam e Ufopa, conforme apontaram os reitores.
Pontos fortes
Segundo a proposta apresentada pelo professor Hugo Diniz, é importante verificar quais são as áreas de maior expertise entre as instituições envolvidas na futura Rede. “Eu, por exemplo, sou da Matemática, mas temos outras áreas que são nosso ponto forte”, ressaltou, ao enfatizar que o primeiro passo será o mapeamento de grupos de pesquisa e a verificação da “massa crítica”. Nesse ponto, será preponderante a atuação conjunta entre os pró-reitores de Pesquisa e Pós-Graduação de ambas as instituições.
Representando a Propesp/Ufam, a professora Adriana Malheiro ficou encarregada de preparar um portfólio dos grupos de pesquisa e das principais áreas de interesse da Universidade, o qual será apresentado num evento a envolver ainda o pró-reitor de Pesquisa, Pós-Graduação e Inovação Tecnológica da Ufopa, professor Domingos Diniz.
Ele também se reunirá, oportunamente, com o pró-reitor de Inovação Tecnológica da Ufam, professor Waltair Machado. A proposta, depois de sistematizados os pontos em forte em comum, é fazer frente a editais de pesquisa e fomento em nível nacional. “Organizados dessa forma, em rede, poderemos concorrer aos editais a que a Ufopa sozinha não pode”, destacou o professor Domingos. “Hoje, esses recursos são captados por instituições do eixo Sul-Sudeste, geralmente com mais força política”, completou o reitor da universidade paraense.
“Com a rede, serão lançados editais a cada biênio, exigindo-se relatórios de alcance de metas para renovação de credenciamento. Assim, buscamos evitar a formação de verdadeiros ‘feudos’ dentro das universidades, ao mesmo tempo em que evitamos a concorrência entre as instituições da região Norte. Unir interesses é a melhor opção”, avaliou o professor Domingos.
Já em relação às questões de planejamento, a pró-reitora de Planejamento e Desenvolvimento Institucional da Ufam, professora Kleomara Cerquinho, mencionou a importância de fortalecer a representatividade das instituições regionais no Fórum Nacional de Pró-Reitores de Planejamento e de Administração das Instituições Federais de Ensino Superior (Forplad). “Será necessário fazer um auxílio mútuo para buscar investimentos comuns”, destacou ela.
Já o professor Sylvio Puga, satisfeito com as ideias, questionou: “O que podemos fazer em conjunto? Como podemos superar as adversidades que são peculiares à nossa região?”. Ele elogiou a proposta de uma agenda de cooperação interinstitucional entre Ufam e Ufopa em projetos, por exemplo, os relativos à bioprospecção de recursos.