Políticas indígenas e indigenistas e rodas de conversa são destaques no Dia do Índio na Ufam
O Instituto de Filosofia, Ciências Humanas e Sociais (Ifchs) e a Pró-reitoria de Extensão (Proext) promoveram no setor Norte do Campus uma programação especial alusiva ao Dia do Índio. No auditório Rio Solimões do instituto, o Departamento de Antropologia (DAN) realizou um debate onde professores, estudantes e especialistas discutiram o "Movimento Indígena e Políticas Indígenas e Indigenista" na Amazônia.
De acordo com o Coordenador do evento, professor Lino João de Oliveira Neves, o evento é constituído em sua programação por duas mesas de debates. A primeira realizada na quarta-feira, 18, sobre "Formação acadêmica – Formação etno-política" e a segunda com "Movimento Indígena e Políticas Indígenas e Indigenista".
Dentre as reflexões da primeira mesa, Neves pontua quanto a formação acadêmica de alunos indígenas tem recebido nas Universidades e na Rede Estadual e Municipal de Ensino. Com isso, o coordenador questiona se o conhecimento tem sido revestido e fortalecido pela luta etno-política desses povos indígenas. Para a segunda mesa, os debates transcorreram aos questionamentos dos movimentos indígenas e se, efetivamente, tem sido construído políticas publicas implementadas pelos próprios indígenas e pelo Estado Brasileiro.
Segundo Lino, a análise crítica do momento político que o Brasil passa é considerada bastante grave. “Todos sabemos que o governo federal, via congresso, deputados e senadores e o próprio poder executivo, está restringindo e retirando os direitos constitucionais dos povos indígenas.”
Para Christian Ferreirra Crevels, que proferiu a palestra `Terras Indígenas não demarcadas no Estado do Amazonas´, existe um senso comum de que as terras indígenas na Amazônia já foram demarcadas principalmente em nível fundiário. “As terras que teriam que ser demarcadas já foram demarcadas e de que os conflitos por terra na Amazônia são coisas menores”.
Crevels, que é mestrando do Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social (PPGAS) e do Conselho Indigenista Missionário – Norte I, ainda explica que quando se trata de demarcação indígena, a maioria das pessoas remetem seus pensamentos a outras etnias brasileiras, menos as etnias amazônicas. Entretanto, existem dados que demonstram uma quantidade enorme de terras na Amazônia com seus procedimentos e etapas para aprovação.
Programação cultural no Centro de Convivência da Ufam
Ainda como parte da programação da Semana do Índio na Ufam, a Pró-reitoria de Extensão (Proext), por meio do Departamento de Políticas Afirmativas (DPA), promoveu no Centro de Convivência, setor Norte do Campus, um dia de conscientização sobre a importância dos povos indígenas e suas heranças culturais, com rodas de conversas entre estudantes, docentes e comunidade externa.
Segundo o pró-reitor de Extensão, professor Ricardo Bessa, o Dia do Índio pela pró-reitoria é o primeiro de vários projetos que ainda virão. “Precisamos resgatar a nossa identidade amazônica. Nosso país foi construído com base na miscigenação de três raças: o negro, o índio e o branco. É fundamental que se reconheça que o Amazonas é o maior estado indígena do mundo. Só em São Gabriel da Cachoeira, por exemplo, temos 23 etnias. Então essa programação de hoje é uma forma de não deixarmos passar em branco o Dia do Índio. Esse é apenas o primeiro evento da Proext com essa temática indígena. Estamos em processo de cadastramento de indígenas destribalizados em Manaus, para que assim possamos uni-los no sentido de tentar congrega-los em atividades de extensão acadêmica”.
Além das rodas de conversa, o evento também contou com uma feira de artesanato indígena com a participação das etnias Tikuna, Kokama, Muro, Marubo, Saterê-Mawe e Tukano.