Gestores traçam metas para a construção de Clínica-Escola da Ufam em Coari

Reitor em exercício e docentes da Ufam reuniram-se com a secretária municipal de Saúde de CoariReitor em exercício e docentes da Ufam reuniram-se com a secretária municipal de Saúde de Coari

Por Cristiane Souza
Equipe Ascom
 
Na tarde da última terça-feira, 6, gestores da Universidade Federal do Amazonas (Ufam) reuniram-se com a titular da Secretaria Municipal de Saúde de Coari, Francisnalva Rodrigues,município localizado a 366 quilômetros de Manaus em linha reta, para discutir projeto que prevê a construção de uma Clínica-Escola. O encontro ocorreu na diretoria do Instituto de Saúde e Biotecnologia (ISB), uma das cinco unidades acadêmicas que a Ufam mantém no interior do estado.

De um lado, dentre os sete cursos ofertados no Instituto, quatro são da Saúde: Enfermagem, Medicina, Nutrição e Fisioterapia. De outro, Coari é um dos maiores municípios do Amazonas, em área e em população. Hoje, seu sistema de atenção à saúde possui 13 Unidades Básicas (UBS) e uma UBS fluvial,para atendimento itinerante, além do Hospital Geral.

A Universidade busca, ao efetivar a parceria, dispor seus professores (médicos, enfermeiros, fisioterapeutas e nutricionistas) e seus estudantes dos quatro cursos da Saúde, pela via do estágio básico e supervisionado, para incrementar o atendimento à saúde dos coarienses. “Os ganhos serão para todos, e estou certo de que os resultados virão como melhorias significativas para a cidade e também para a formação dos nossos profissionais”, assegurou o reitor em exercício, professor Jacob Cohen.

“É um projeto de profundo alcance social, por promover inclusão sanitária de populações que habitam áreas remotas, historicamente desassistidas, como é regra em Coari e na maioria dos municípios amazonenses. Esse é um papel primordial a ser cumprido pela Universidade Federal do Amazonas” acrescentou o professor Luiz Fernando Passos.

Coordenador de Estágio Geral do ISB, professor Thiago Maciel atua no curso de FisioterapiaCoordenador de Estágio Geral do ISB, professor Thiago Maciel atua no curso de FisioterapiaA secretária municipal de Saúde, Francisnalva Rodrigues, explicou que a Prefeitura deverá disponibilizar toda a estrutura de Saúde do município para que a Universidade nela atue. Ela disse que o primeiro passo será fazer constar no Plano Municipal de Saúde o projeto da Clínica-Escola, ponto alto da parceria interinstitucional.

“Temos, hoje, muitas notificações de câncer de colo de útero. O que pretendemos, a partir de agora, é reduzir o tempo entre o diagnóstico e o tratamento”, explicou a secretária, ao mencionar uma das questões mais urgentes para a cidade, embora o atendimento básico seja o enfoque principal, sobretudo como fator de prevenção das doenças mais graves.

Estágio multidisciplinar

Coordenador do Estágio em Saúde, o professor Thiago Maciel também compõe a Comissão da Clínica-Escola. Segundo relatou o docente, em média, 25 discentes desses quatro cursos são também estagiários. A coordenadora acadêmica em exercício e vice-coordenadora do Estágio, professora Vanusa Pacheco, informou que os discentes de Fisioterapia, por exemplo, realizam atendimento ao público na estrutura da Unidade Acadêmica.

O estreitamento da parceria entre a Ufam e o governo municipal será importante para aliar as atividades de ensino e assistência. A ideia é que a Clínica-Escola seja erguida numa área próxima ao Bloco Multidisciplinar da Saúde, unificando ao sistema local a Clínica e também uma creche. “Essa creche será um local importante para a atuação dos estudantes de medicina, enfermagem e nutrição, principalmente. Já a Fisioterapia, que é toda ambulatorial, deverá ter mais espaço na Clínica-Escola”, adiantou o professor Cohen.

“É preciso haver uma interação efetiva, cujo resultado é o bom funcionamento da rede. Os primeiros passos já estão sendo dados: a contratação de docentes para o Instituto e o direcionamento dos alunos para áreas específicas. Pretendemos aumentar o nível de complexidade do atendimento médico, porque há necessidade de especialistas também”, completou o reitor em exercício, ao finalizar o encontro.Professor Luiz Fernando Passos, da Faculdade de Medicina de Manaus, trabalhará a medicina de áreas remotasProfessor Luiz Fernando Passos, da Faculdade de Medicina de Manaus, trabalhará a medicina de áreas remotas

Para além da sede

Regiões montanhosas ou de florestas estão entre aquelas caracterizadas como áreas remotas, ou seja, grandes extensões de difícil acesso. Coari tem aproximadamente 58 mil m² de extensão, quase 85 mil habitantes e densidade demográfica próxima de 1.5. “É um dos grandes exemplos brasileiros de área remota”, destacou o professor Luiz Fernando Passos.

Docente da Faculdade de Medicina do Campus Sede, ele foi convidado pela Administração Superior da Universidade para lecionar duas disciplinas aos acadêmicos do 3º período do curso que funciona em Coari desde 2016: Propedêutica, de cunho teórico; e Família e Comunidade, voltada à prática inicial da clínica médica. O docente passará 15 dias em Coari a cada mês, a partir do dia 5 de março, data em que terá início o semestre letivo 2018/1.

Com atuação pioneira na implantação do primeiro curso de Medicina no interior e na elaboração do respectivo Projeto Político-Pedagógico, o professor Luiz Fernando pretende, agora, implantar a medicina de área remota na cidade. “A Amazônia toda é uma área remota”, afirmou ele. Destacou ainda que Coari, município situado no Médio Solimões, há localidades tão distantes que somente podem ser acessadas após dois dias de viagem fluvial da sede.

“São populações desassistidas, principalmente quando se trata de saúde, educação e sistema produtivo”, enfatizou o docente. O que ele pretende, com a implantação dessa ideia pioneira, é aliar a indispensável prática de campo pela qual os futuros médicos devem passar à demanda por atendimento básico de saúde dos coarienses que vivem nas regiões mais afastadas, nas calhas Norte e Sul do Rio Solimões. “O objetivo é oportunizar o acesso à saúde pela realização de atendimento clínico básico ao paciente”, esclareceu o professor Passos.

“Estamos aqui para programar e planejar esse trabalho, apresentando a novidade de que será possível sim a atuação em áreas remotas”, concluiu o decano da Medicina. O município poderá ver uma melhoria sensível na saúde básica à medida que as propostas avançarem, tanto a de implantar da Clínica-Escola e a Creche quanto a de levar assistência aos locais de difícil acesso.

 
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