Mesa-redonda discute Golpe militar de 64
O duro Golpe de 64 foi lembrado na mesa-redonda “O golpe de 64 e as ações dos militares na Amazônia”, que traz discussões sobre o seu processo no contexto Amazônico. O evento ocorreu nesta quarta-feira, 10, no auditório Rio Solimões, do ICHL, e foi promovido pelo departamento de História e pelo Comitê Estadual de Direito à Verdade (CEDV), entidade vinculada à Comissão Nacional da Verdade.
O representante do reitor em exercício e também diretor do Instituto de Ciencias, Humanas e Letras (ICHL), professor Nelson Noronha, ressaltou em seu pronunciamento de abertura, que a Ufam apoia, de forma incondicional, as iniciativas da CEDV para quando for solicitada possa contribuir com seus recursos disponíveis. Na ocasião, diretor propõe uma reflexão sobre a questão da verdade, enquanto fator de representação social no contexto contemporâneo.
Nesse sentido, o representante se reporta ao posicionamento filosófico, justificando que a busca pela verdade se torna um fator congruente, quando todos os envolvidos buscam a transparência dos fatos. Segundo ele, a verdade é um objeto inextinguível de busca da humanidade, o qual particulariza essa ação no campo das relações políticas e sociais. “Devemos compreender com mais clareza a relação entre a Universidade e o Golpe Militar de 1964 e de como isso incomoda a nossas ações que estão presente na vida universitária”, completa Nelson Noronha.
O coordenador da mesa redonda, professor do Departamento de História, Hideraldo Costa, comenta que as discussões a cerca da Revolução Militar de 64 são importantes para que a comunidade acadêmica relembre desse fato histórico que marcou e provocou mudanças profundas no contexto político e social brasileiro.
As ações na Amazônia trouxeram transformações profundas, no que diz respeito à implementação de grandes projetos destinados para o desenvolvimento de integração com outras regiões do Brasil. As consequências desse fato histórico são aparentes em nossa atualidade. São problemas de ordem ambiental, de genocídios indígenas, de violencia contra os direitos civis e humanos que precisam ser reavivados constantemente para que isso não venha mais acontecer, explicou o coordenador.
Para o presidente do Sindicato dos Jornalistas do Estado do Amazonas e representante da CEDV, Wilson Reis, a revolução militar estabeleceu, sob o ponto de vista legal, para a sociedade brasileira um regime de Ditadura e da negação do Estado de Direito. Ele salientou que isso atingiu profundamente, afetando a cultura, a educação, os movimentos sociais e a própria organização política, representando um atraso e um retrocesso que consequentemente, causaram sequelas irreparáveis, percebíveis em nosso contexto contemporâneo brasileiro.
O consultor da Secretaria Nacional de Direitos Humanos, Egon Heck, disse que o evento é um momento histórico importante, que possibilita olhar para um período em que prevalecem as sombras, as incertezas e as meia verdades. A mesa-redonda significa algo importante para a sociedade, uma vez que as principais vítimas do milagre, do desenvolvimento, do investimento e do avanço do capital na Amazônia foram os povos indígenas, dizimados em nome do progresso econômico, frisa o consultor.
A jornalista Elaíze Farias e o professor do Departamento de História, Aluízio Nogueira, corroboraram com as discussões, que despertou a atenção de acadêmicos e de representantes de entidades de movimentos sociais.