Mapa e aplicativo sobre a Violência de Gênero no Amazonas são lançados na Ufam

Os instrumentos divulgam dados de mais de dez mil registros de crimes contra mulheres em 11 municípios do interior, dentre os quais Tabatinga, Benjamin Constant e Maués

Professora Flávia Melo coordenou o Observatório de Violência de GêneroProfessora Flávia Melo coordenou o Observatório de Violência de GêneroDisponíveis na página do Observatório da Violência de Gênero do Amazonas (OVGAM.com), o mapa e o aplicativo são resultados de uma pesquisa iniciada no Alto Solimões, em 2010. Na primeira fase, foram analisados mais de dez mil boletins de ocorrência que tiveram mulheres como vítimas. Esses dados dizem respeito a 11 municípios do interior, mas já foram coletados mais de 18 mil registros policiais e o mapa será continuamente atualizado.

“A proposta não é estática, ou seja, o mapa está em constante atualização”, afirmou a coordenadora do evento, professora Flávia Melo. As atividades serão expandidas para a Região Metropolitana de Manaus pelo do projeto Ilhargas, coordenado pelo professor Fábio Candotti.

“Esse é um esforço multicêntrico para entender não só os registros policiais de vítima, agressor e ocorrência, mas do percurso que as mulheres fazem para buscar auxílio”, frisou a docente.

A iniciativa chamou a atenção da comunidade acadêmica da Ufam, mas também do público externo. Renata Martins, 20, estudante do 6º período de Psicologia de uma instituição particular, tem interesse em trabalhar com o tema gênero e sexualidade. “Hoje a formação está voltada para o mercado, mas é importante mobilizar os estudantes sobre a possibilidade de atuação em temas como mulheres e GLBTs, que merecem mais visibilidade”, destacou.

O mapa mostra, por exemplo, que lesão corporal é o crime com o maior número de ocorrências registradas, seguindo por calúnia, injúria e difamação, furto, ameaça e estupro. Na lesão corporal, a maior parte dos agressores dá socos (29,9% ou 381 casos), tapas (19,9% ou 253 casos) ou utiliza armas improvisadas (10,38% ou 132 casos).

Mapa e App

Na avaliação da professora Flávia Melo, o mapa da Violência de Gênero no Amazonas é um passo importante, porque não existiam informações consolidadas a partir daqui, e ainda menos para mostrar a dinâmica das cidades do interior. “O mapa da violência no Brasil é um instrumento da UNESCO e utiliza uma metodologia diferente da nossa. A proposta que iniciamos em Benjamin Constant, e que já avançou pro Baixo Amazonas e já alcançou São Gabriel da Cachoeira e a Região Metropolitana adota uma metodologia própria”, enfatizou.Estudante pretende trabalhar com o tema GêneroEstudante pretende trabalhar com o tema Gênero

Para compor o banco de dados que fornece informações para o mapa e para o aplicativo, uma equipe multidisciplinar e multicêntrica desenvolveu o trabalho de campo. Foram realizadas coletas das informações públicas dos registros em delegacias e categorização de dados para análise. “Tivemos um apoio jurídico para tipificar corretamente os registros, porque pode ocorrer de um BO registrar dois crimes. Ou de um crime que é mais grave sobressair sobre o menos grave”, explicou o professor James Santos, do departamento de Estatística da Ufam.

O aplicativo foi apresentado para o público as principais funcionalidades do sistema de busca elaborado para o mapa. Nele, é possível gerar tabelas e gráficos que relacionam os 11 municípios pesquisados (Amaturá, Atalaia do Norte, Barreirinha, Benjamin Constant, Boa Vista do Ramos, Maués, Nhamundá, Santo Antônio do Içá, São Paulo de Olivença, Tabatinga e Tonantins) a dez crimes registrados (Abandono de Lar, Ameaça, Ameaça de Morte, Crimes contra a honra, Danos Materiais, Estupro, Furto, Lesão Corporal, Tentativa de Homicídio e Violência Doméstica e Familiar).

Programação

Na quinta e na sexta-feira, dias 20 e 21 de outubro, os inscritos irão participar de atividades voltadas ao tema violência de gênero.

20 de outubro – A mesa redonda “A Universidade e os ataques aos estudos de gênero no Brasil” ocorre das 9 às 12h, no auditório Rio Solimões do ICHL.  Das 14 às 17h serão realizados os grupos de trabalho “Gênero, Violência e Direito”, “Gênero, Diversidade Sexual e Serviço Social” e “Gênero, Violência e Ciências Sociais”.Público acadêmico e externo prestigiam o eventoPúblico acadêmico e externo prestigiam o evento

21 de outubro – A mesa redonda “Cata o close errado: debatendo gênero e sexualidade como resistência”, com a convidada Amara Moira, no hall do Centro de Convivência. Das 14 às 17h, ocorrem os grupos de trabalho “Gênero, Sexualidade e Subjetividades”, “Relações de Gênero, Poder e Violência em Literaturas de Língua Portuguesa”, “Gênero, Violência e Segurança Pública”, todos nas salas da Faculdade de Direito, e o minicurso “Lei Maria da Penha e a aplicação do Novo CPC”.

Às 19h de sexta, será realizado o encerramento com a conferência “O mundo pelos olhos trans”, proferida por Amara Moira, e o lançamento do livro “E se eu fosse puta”, da mesma pesquisadora trans.

Observatório

O Observatório da Violência de Gênero no Amazonas é um Programa de Extensão Universitária que é vinculado à Pró-Reitoria de Extensão e Interiorização da Ufam.

Criado em 2012 como Observatório da Violência contra Mulheres no Alto Solimões/AM, o programa tem o objetivo de analisar e diagnosticar percepções locais das violências contra mulheres no Amazonas por meio de registros policiais das agências de segurança pública, além de promover ações preventivas.

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