Vencedores da OBMEP são premiados na Ufam

Ao todo, 685 alunos da rede pública do Amazonas conquistaram medalhas de ouro, prata e bronze ou menções honrosas

Sexta-feira, 19 de agosto de 2016, foi um dia especial para os estudantes que participaram da premiação da 11ª Olimpíada Brasileira de Matemática das Escolas Públicas (OBMEP), no auditório Eulálio Chaves, localizado no Setor Sul do Campus Universitário da Universidade Federal do Amazonas (Ufam).

Francisco Rivail Jr. teve o melhor resultado do AmazonasFrancisco Rivail Jr. teve o melhor resultado do Amazonas

No Amazonas, quatro medalhistas de ouro, 14 de prata e 85 de bronze estão na lista de vencedores. Outros 582 estudantes receberão certificados de menção honrosa nas respectivas escolas. Todos os premiados são oriundos da Educação Básica da rede pública municipal, estadual ou federal e realizaram as provas na edição de 2015.

Francisco Rivail Júnior, 13, já fez história na Etapa Estadual, isso porque ele obteve a melhor nota do Amazonas na Olimpíada e conquistou o ouro. O estudante cursa o 8º ano do Ensino Fundamental da Escola Estadual Manoel Rodrigues de Souza e já foi medalhista de bronze na edição anterior. Sobre a rotina de estudos, ele garante que não precisa abandonar o vídeo game e só pensar nos livros para conquistar a “medalha olímpica”. “Eu estudo de manhã na escola e à tarde divido meu tempo entre brincar e estudar”, contou. “Quero ser astronauta”, completou o vencedor da OBMEP.

A lista dos premiados na Fase Estadual está na página da Olimpíada.

Reitora e vice-reitor entregam medalha de ouro à aluna BeatrizReitora e vice-reitor entregam medalha de ouro à aluna Beatriz

A reitora, professora Márcia Perales, e o vice-reitor, professor Hedinaldo Lima, premiaram os estudantes com as medalhas de ouro e prata. Em seu discurso, a reitora falou que a Universidade tem um espaço, o auditório Eulálio Chaves, onde os estudantes são acolhidos e premiados por suas conquistas, seja na OBMEP, seja ao receberem outorga de grau. “Quando concluírem o ensino médio, será uma grande honra recebê-los como universitários. É preciso acreditar com humildade para que os sonhos sejam alcançados. A vida é feita de sonhos, de convicção e de realizações, como a que vemos hoje”, disse.

Um talento especial para a Matemática” é como definiu o vice-reitor, professor Hedinaldo Lima, sobre os vencedores amazonenses da OBMEP. “O fato de vocês estarem sendo premiados hoje é uma forma de retribuir para a sociedade, que investe nesse talento especial que vocês possuem”, frisou ele.

Mas esse não é um resultado individual. Na avaliação do pró-reitor de Pesquisa e Pós-Graduação, professor Gilson Monteiro, todo sucesso individual é fruto de um trabalho coletivo. O desafio da escola é gerar conhecimento multidisciplinar com respeito e “temperado” com o comprometimento de professores e alunos.

“Foram 20 milhões de participantes da Olimpíada em todo o País”, afirmou o diretor do Instituto de Ciências Exatas (ICE), professor Cícero Cavalcante. No Amazonas, todas as escolas da rede pública estão aptas a participar, mas os verdadeiros talentos são os que se destacaram nas duas provas. “Isso é resultado de trabalho duro e disciplina”, apontou o professor.

Ao todo, 685 alunos se destacaram na OBMEP 2015Ao todo, 685 alunos se destacaram na OBMEP 2015

A mesa de abertura da solenidade também teve a presença do coordenador da OBMEP Estadual no interior, professor Carlos Wagner; do comandante do Colégio Militar de Manaus (CMM), coronel do Exército Carlos Alberto Garcia; dos representantes das Secretarias de Estado estadual e municipal (Seduc e Semed), Antônio Menezes e Francinaldo Mendes.

 

Ouro Olímpico

Os resultados da OBMEP 2015 foram premiados na solenidade, mas é comum os vencedores afirmarem que já participaram de outras edições da competição. “Eu ganhei o bronze em 2014 e agora consegui o ouro”, afirma Bianca Beatriz da Silva Conde, 13, da Escola Estadual Brigadeiro João Camarão Telles Ribeiro. A mãe, Jenilce Conde, que é professora, falou sobre o gosto da filha pelos estudos. “Desde pequena, ela já tinha contato com material didático do meu trabalho. Hoje em dia, os presentes que mais ela me pede são os livros”, disse.  “A Beatriz é uma ‘biblioteca ambulante’”, brincou.

Gabriel Soares da Cruz Cassimiro, 14, da Escola Estadual Waldocke Frecke de Lyra, tem trajetória parecida com a de Beatriz. O ouro na edição de 2015 da OBMEP veio após o bronze em 2014. A rotina do adolescente mudou desde que ele percebeu que “era bom em Matemática”, depois do primeiro resultado. “Hoje parece mais fácil. Fiz a prova não pensando no ouro, mas para conseguir o meu melhor. O ouro veio como consequência”, afirmou Gabriel.

A escola, segundo ele, teve um papel determinante para os bons resultados dele e de outros alunos, que conquistaram medalhas de prata, bronze e menções honrosas. “Temos um preparatório para a Olimpíada. Todos os alunos fazem a primeira prova, com questões objetivas. Quando sai o resultado, os professores lecionam duas horas de aulas extras por semana para os que foram classificados para a segunda fase, que é uma prova discursiva com seis questões”, explicou o medalhista de ouro.

 

Interior

Parintins é a cidade onde estuda Pedro Lima Garcia, único do interior a ganhar medalha de ouro. Ele estuda na Escola Estadual Nossa Senhora do Carmo, mas não pôde comparecer à cerimônia de premiação.

Henrique veio de Maués para a premiaçãoHenrique veio de Maués para a premiação

O coordenador estadual da OBMEP responsável pelos 61 municípios do interior, professor Carlos Wagner, explicou que a sistemática pode ter contribuído para esse resultado. “Tivemos um crescimento do número de premiados de escolas do interior: foram 29 alunos. Em Parintins, dois professores universitários que orientei no mestrado ficaram responsáveis pela preparação dos alunos, um roteiro que é parte do processo”, esclareceu.

Outro medalhista foi Henrique da Cruz Salviano, 14, que levou para Maués a medalha de bronze conquistada logo na primeira vez em que fez as provas. “Eu não achava que poderia conseguir esse resultado, mas fiquei muito satisfeito, porque só temos preparação nas aulas. Foram 150 alunos concorrendo só na minha escola, e três conseguiram o bronze”, disse.

A mãe, Selma Salviano, contou que a viagem até Manaus durou cerca de 20 horas, mas valeu a pena pela felicidade de Henrique. “Saímos de Maués 4 horas de ontem e chegamos hoje, meio-dia. Fiz questão de trazer o meu filho para receber esse prêmio. É muito importante para todos nós”, contou.

As medalhas são o melhor resultado, mas o professor Wagner foi enfático ao dizer que, em se tratando de interior, as menções honrosas são como medalhas. “Queremos alcançar e preparar o maior número de alunos em todos os municípios, e não apenas nos que têm melhores condições de ensino. Nosso objetivo é conquistar um ouro inédito na 12ª edição”, concluiu.

 

OBMEP

A Olimpíada Brasileira de Matemática das Escolas Públicas é realizada pelo Instituto de Matemática Pura e Aplicada (IMPA) há mais de uma década. O objetivo é fazer que os alunos de escolas públicas sejam incentivados a estudar a disciplina e a desenvolver potencialidades nessa área.

As provas da segunda fase da OBMEP 2016 ocorrem no dia 10 de setembro.

A Olimpíada é dividida em três níveis, como explica o coordenador estadual que é responsável pela capital, professor Nilomar de Oliveira, do ICE. “O primeiro nível é para alunos dos 6º e 7º ano; e o segundo para os que estão no 7º ou 8º ano do Ensino Fundamental. Já o terceiro nível abrange os estudantes do Ensino Médio”, detalhou o docente.

Em Manaus, foram 306 escolas participantes na primeira fase, composta apenas por questões de múltipla escolha. Para a etapa seguinte, 5% dos aprovados fazem uma prova mais complexa, com seis questões abertas. Além dos alunos, os professores que foram destaque na Olimpíada, “os treinadores” dos medalhistas, também receberam premiações.

Ao ser destaque na OBMEP, o aluno tem a possibilidade de participar do Programa de Iniciação Científica Júnior (PIC Jr.), enquanto ainda cursa as séries da educação básica, ou do Programa de Iniciação Científica e Mestrado (PCIME), após ingressar na Universidade. As oportunidades são ofertadas inicialmente aos medalhistas; na ausência de interesse destes, os agraciados com menções honrosas podem se inscrever dos Programas.

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