Neste 11 de agosto, estudantes estrangeiros compartilham a experiência de estar na Ufam

O Dia do Estudante será ainda mais especial para os estrangeiros que escolheram fazer parte da comunidade universitária da Ufam, seja na graduação ou na pós-graduação

Calouro de Psicologia, Andreas realiza trabalhos voluntários em ManausCalouro de Psicologia, Andreas realiza trabalhos voluntários em ManausNeste Dia do Estudante, o destaque é para aqueles que vêm de longe – de outros países e até de outros continentes – para compartilhar conhecimento aqui. Os alunos estrangeiros, com trajetórias e culturas bem diferentes das nossas, se juntam a nós para formar uma comunidade universitária com a riqueza, a diversidade e a complexidade dignas de uma instituição centenária.

Ao elencar os diferenciais da Universidade para atrair alunos de graduação, pós-graduação e ações de mobilidade fora do País, o assessor de Relações Internacionais e Interinstitucionais, professor Naziano Filizola, destaca as questões que envolvem o meio ambiente. Mas não para aí, pois há estrangeiros matriculados em diversas áreas do conhecimento e em todos os níveis de formação.

Novatos – Javier Monagas, que ingressou no Brasil como turista em 2004, já naquela época teve interesse na Ufam. “Como sempre gostei de saber, procurei conhecer esta casa de estudos. Durante a passagem por aqui, conheci muita gente, a maioria professores, alunos e servidores”, recorda o venezuelano, hoje calouro do curso de Ciências Sociais.

“A paixão de viajar pela América”, conta o jovem, “foi dando lugar à vontade de voltar a Manaus e ficar”. Foi assim que, após ter filhos na cidade, decidiu estabelecer-se aqui. Depois de morar no município amazonense de Janauacá, e vir periodicamente à capital vender seus trabalhos artesanais, Javier ingressou na Universidade. Segundo ele, a qualidade do trabalho dos docentes é uma motivação a mais. Após concluir a graduação em Ciências Sociais, ele já sabe qual será a próxima: Antropologia.

No curso de Psicologia, outro calouro estrangeiro ainda está desvendando a Universidade. Andreas Vom Dorp nasceu na cidade de Lucerna, na Suíça, ainda na década de 1960, mas herdou a nacionalidade alemã dos pais. Concluiu o ensino médio aos 19 anos e adiou o curso universitário. “Preferi viajar para a Inglaterra, onde trabalhei em várias funções por dez anos, na cidade de Londres. Gostei muito, mas depois eu quis conhecer outras partes do mundo e outras culturas que não fossem as europeias. Sempre tive uma fascinação pela América do Sul, especialmente pelo Brasil, por causa da mistura de raças de três continentes – índio, negro e branco”, conta.

Andreas já passou por Minas Gerais, Rio de Janeiro, São Paulo e outros estados das regiões Nordeste e do Centro-Oeste desde que chegou ao Brasil, em 1992. “Em 1995 vim visitar amigos em Manaus e acabei ficando. Moro aqui há 21 anos e dou aulas de alemão e de inglês”, explica o calouro que, na verdade, já havia iniciado o curso de Psicologia em instituições particulares antes de ser aprovado na Ufam. A nota no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) deu a ele a oportunidade de continuar os estudos na Federal. “Acredito que a Ufam pode me oferecer uma boa formação e bastante experiência prática através de estágios”, argumenta Andreas.Professor Naziano Filizola explica a importância da mobilidade para fortalecer a Ufam no cenário internacionalProfessor Naziano Filizola explica a importância da mobilidade para fortalecer a Ufam no cenário internacional

Enquanto aguarda o aproveitamento da disciplina de Psicanálise, o calouro acompanha as aulas como ouvinte e cursa outras duas: Sociologia e Anatomia. “A professora de Sociologia parece apaixonada por todos os teóricos que ela nos apresenta, e isso é contagiante e nos faz querer saber mais. A professora de Anatomia faz questão de nos levar ao laboratório”, avalia o discente. Por enquanto, ele ainda não definiu a carreira profissional, mas tem uma certeza: “Aonde a vida me chamar, onde possam precisar de mim, eu vou. Estou aberto a várias possibilidades”.

Mobilidade – a quantidade de alunos estrangeiros nos cursos de graduação regular ainda é pequena. Por outro lado, os programas de mobilidade in, ou seja, aqueles pelos quais a Universidade recebe alunos de outras instituições, respondem pela maior parte dos estrangeiros em trânsito para estudo na instituição.

Esses programas são geridos pela Assessoria de Relações Internacionais e Interinstitucionais (ARII), cuja missão é consolidar a política institucional para a internacionalização do ensino e da própria Universidade. “Há duas diretrizes. Primeiro, mostrar mais a cara da Ufam lá fora, o que nos ajudará a enviar e a receber mais estudantes. Em segundo lugar, fazer que a instituição seja vista como um ator importante no contexto das discussões sobre a Amazônia, dos pontos de vista cultural, ambiental, tecnológico”, destaca assessor da ARII, professor Naziano Filizola.

O planejamento, segundo o docente, visa a incrementar em 50% ações de mobilidade in e out (quando universitários da Ufam fazem mobilidade fora do Amazonas). Como resultado, o assessor aponta para o aumento da capacidade de articulação com instituições estrangeiras, incluindo a troca de conhecimentos cada vez mais próxima e duradoura em projetos de referência mundial.

As estratégias para levar o nome da Ufam ao cenário internacional são diversificadas, dentre as quais a participação em eventos internacionais para divulgar a marca regional e as oportunidades para os estrangeiros. Alemanha, República Tcheca, Portugal e Estados Unidos, por exemplo, já receberam representantes da Instituição.Do Togo, Nassifu diz que, após concluir Administração, ingressará no mestrado em Engenharia de ProduçãoDo Togo, Nassifu diz que, após concluir Administração, ingressará no mestrado em Engenharia de Produção

Ao chegarem à instituição, recebem todas as informações sobre projetos, bolsas, auxílios, calendário acadêmico e muito mais. Isso é pensado para proporcionar boas experiências aos alunos em mobilidade, minimizando os efeitos do “choque cultural” entre alunos nativos e estrangeiros. “A nossa proposta é promover um intercâmbio cultural, no sentido que nossos alunos conhecem outras culturas e compartilham a nossa. A isso nos chamamos de interculturalidade”, pontua o professor Filizola.

Brasil e África – Um desses é o Programa de Estudantes-Convênio de Graduação (PEC-G), que oferece formação superior a cidadãos de países em desenvolvimento com os quais o Brasil tem acordos educacionais e culturais e responde por 70% dos estrangeiros na Ufam. Há alunos oriundos de Guiné Bissau, Cabo Verde, Angola, Benin, Camarões, República do Congo, Togo e Honduras. Desses, 34% são oriundos de Benin.

Nassifu Owtunde, 28, é um dos alunos recepcionados pela Universidade através do PEC-G. Ele nasceu no Togo, País africano com cerca de sete milhões de habitantes. “Sempre fui um bom aluno e tirava boas notas quando cursava Economia e estava no quinto período quando um amigo falou sobre a seleção para estudar no Brasil. Eu concorri com 27 pessoas por dez vagas em universidades brasileiras em 2011”, lembra.

“Eu vim incentivado por um amigo e descobri que a cidade é grande e existe muita coisa além do que mostra a Internet”, conta. Após concluir o curso, Nassifu pretende fazer mestrando em Engenharia de Produção aqui antes de retornar ao país de origem.

O haitiano Jean Barthelemy ingressou no curso de Ciências Biológicas também pelo PEC-G. Ele sempre teve o sonho de estudar noutro País e, quando soube do convênio, investiu na oportunidade. “Eu não conhecia ninguém em Manaus, mas hoje eu avalio como muito boa a minha experiência. Gosto da Ufam e do meu curso”, elogia Jean.Aluna do mestrado em Informática, Isabel Karina atribui os bons resultados aos professores e às exigências do PPGIAluna do mestrado em Informática, Isabel Karina atribui os bons resultados aos professores e às exigências do PPGI

A entrada de um número expressivo de africanos nos últimos anos, conta o coordenador do Programa de Extensão “Nossa África”, professor Hideraldo Costa, deu origem à proposta em 2013. “O Programa responde a uma questão institucional e parte da demanda dos nossos alunos africanos. Tenta incorporar atividades de estudo, pesquisa e ações sobre a cultura e a história dos negros no País”, situa o docente.

Pós-graduação – A graduação ainda é a que mais absorve os discentes estrangeiros que buscam formação na Ufam, mas a pós-graduação já está gerando bons resultados. Atualmente, existem cerca de 20 pós-graduandos, entre especializações, mestrados e doutorados. No Programa de Pós-Graduação em Informática, por exemplo, há quatro estrangeiros, sendo três no curso de Mestrado e um no de Doutorado.

Isabel Karina é oriunda da cidade de Cerro de Pasco, no Peru, onde se formou em Engenharia de Sistemas na Universidade Tecnológica del Peru (UTP). Veio para Manaus em 2012 e teve o primeiro contato com a Universidade por meio de um evento. “No início, eu busquei contatos com alunos e professores do Instituto de Computação. Eles esclareceram sobre o PPG em Informática. Entrei em 2014 e iniciei em 2015”, conta.

A experiência tem sido melhor que o esperado, também por conta das exigências do curso. “Fiquei impactada com isso durante o primeiro semestre, mas logo consegui me adaptar, seguir o ritmo e ter bons resultados”, comemora a mestranda. Isabel destaca as oportunidades de interagir com outros pesquisadores em seminários, simpósios e conferências. “Tudo isso enriquece a experiência acadêmica”, conclui.

Há pouco mais de dois anos, o indiano Anibrata Pal mora no Brasil. A graduação foi concluída na Índia entre 2000 e 2004 e o doutorando do PPGI trabalhou por uma década no País de origem e também nos EUA. “Terminei o mestrado no Icomp em abril deste ano. Tive opções de fazer pós nos Estados Unidos, mas avaliei as universidades e vi que a Ufam oferecia boas oportunidades na minha área”, ressalta.

Apenas um mês depois de obter o grau de mestre, Anibrata ingressou no doutorado do mesmo Instituto, sob a orientação do professor Altigran da Silva. O pouco tempo na Ufam já é suficiente para a avaliação do estudante. “Meus professores me inspiram a fazer pesquisas boas. Inicialmente, foi difícil fazer uma mudança de vida e de trabalho, porque ela inclui uma mudança de paradigma. Tenho alguns desafios, mas pretendo continuar nas pesquisas do Icomp depois do doutorado e voltar a trabalhar para ajudar na educação da minha filha de quatro anos”, planeja Anibrata.

 

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