Laboratório de Solos da Ufam conquista Certificado de Excelência e planeja expansão

O laboratório realiza análises de amostras de solo da região para produtores rurais, pesquisadores e extensionistas. Expectativa é analisar três mil amostras por ano.

Alunos em aula prática no laboratórioAlunos em aula prática no laboratórioCriado na década de 1970, o Laboratório de Análise de Solos da Faculdade de Ciências Agrárias da Universidade Federal do Amazonas tomou novo fôlego nos últimos dois anos. Isso porque, desde 2014 – no âmbito do projeto de extensão ‘Fertilidade do Solo do Amazonas (FERTIAMAZON)’ – tem realizado testes em amostras que ajudam produtores rurais, pesquisadores e extensionistas a corrigirem a acidez do solo e aplicarem a quantidade adequada de adubo em áreas de plantio.

A Embrapa Solos, com sede no estado do Rio de Janeiro, é a provedora do Programa Análise de Qualidade de Laboratórios de Fertilidade – PAQLF. Em 2015, 146 laboratórios que realizam análise de fertilidade de solos em todo o País participaram dos testes, dentre os quais o da Ufam. “O processo consiste no envio de 12 amostras de solo identificadas por uma numeração. Cada laboratório fez testes que deveriam ter resultados muito próximos aos parâmetros estabelecidos pela avaliadora para pontuarem”, explica o coordenador do Laboratório, professor Bruno Pereira.

No Certificado de Excelência, concedido à FCA, unidade acadêmica que abriga o laboratório, o Selo de Qualidade PAQLF 2016 foi justificado pelo atendimento aos critérios de qualidade de análise de solos e confiabilidade nas determinações constantes do Manual de Métodos de Análise da Empresa Pública. “Com isso, nosso trabalho ganha reconhecimento e nos fortalecemos para investir na expansão de forma planejada”, comemora o professor.

Desde que teve início o projeto de extensão, o engenheiro agrônomo cuja tese foi desenvolvida na área de Fertilidade do Solo, pensa em expandir a oferta do serviço, especialmente após a conquista do selo nacional de qualidade. “Nosso objetivo é aumentar a equipe de técnicos e de bolsistas com atividade diária regular no laboratório. Com isso, mantemos a qualidade do trabalho e expandimos a quantidade de amostras analisadas até atingir a meta de três mil por ano”, informa.Professor Bruno Pereira e técnico Vitor Repolho testam amostras enviadas pelos clientes. Processo leva até um mêsProfessor Bruno Pereira e técnico Vitor Repolho testam amostras enviadas pelos clientes. Processo leva até um mês

Técnico responsável pelas análises das amostras que conferiram ao laboratório o certificado de Excelência, Vitor Repolho é servidor da Ufam desde 1979. “Antes de eu ingressar na Universidade o laboratório já estava em funcionamento, mas hoje nós estamos fazendo um trabalho diferenciado. Eu já ia me aposentar, mas decidi continuar porque acredito no projeto”, conta Vitor.

Serviços– Atualmente, 78% do público externo atendido pelo laboratório são produtores rurais. Pesquisadores de instituições como o Instituto de Desenvolvimento Agropecuário e Florestal Sustentável do Estado do Amazonas (IDAM), o Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA), o Instituto Federal de Educação do Amazonas (IFAM) e a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) também são clientes do laboratório, respondendo por 20% da demanda. Apenas 2% dos atendidos são extensionistas, os quais prestam serviços aos produtores rurais.

Os dados do projeto de autossustentação financeira revelam que mais de mil amostras foram analisadas pela equipe entre agosto de 2014 e agosto de 2015. Hoje o laboratório possui um técnico, Vitor Repolho, e Wellington Gomes, de outro laboratório, na função de vice-coordenador, e uma média de dez acadêmicos por ano vinculados à atividade de extensão. A proposta de expansão do atendimento inclui incremento na equipe atual, mesmo porque a Ufam sedia um dos dois únicos laboratórios que realizam esse serviço para o público externo no Estado do Amazonas.

O laboratório recebe amostras de solo de Manaus, do interior e até de outros estados. Do Amazonas, produtores dos municípios de Presidente Figueiredo, Rio Preto da Eva, Careiro da Várzea, Iranduba, Manacapuru, Maués, Itacoatiara, Apuí e Humaitá já utilizaram o serviço. Produtores de Roraima, de Rondônia e do Pará também já tiveram amostras analisadas na Ufam.

Processo– “Podemos fazer um paralelo entre a necessidade que o médico tem da análise do sangue para saber que medicamentos usar no paciente e a importância da análise do solo para que o engenheiro agrônomo defina calagem [quantidade de calcário para equilibrar a acidez do solo] e adubação [quantidade de adubo necessário] considerando o tipo de cultura daquela área. Se forem usados em maior ou menor quantidade, geram resultados ruins”, esclarece o técnico Vitor Repolho.

Seu Carmosino atesta melhor qualidade do hortifruti vendido nas feiras de Manaus. Quantidade também teve incrementoSeu Carmosino atesta melhor qualidade do hortifruti vendido nas feiras de Manaus. Quantidade também teve incrementoNo laboratório é realizada a primeira das três etapas que compõem o processo integral, ou seja, a análise de fertilidade do solo. Com o resultado em forma de gráficos e tabelas, o engenheiro agrônomo tem a função de interpretar os dados e, por último, recomendar as quantidades adequadas de calcário e adubo condizentes com o tipo de solo, a área abrangida e a cultura que se planta ou que se pretende plantar. O resultado é enviado ao e-mail do cliente em até 30 dias.

“Se a fertilidade está correta, o plantio não estará suscetível a pragas e doenças como numa situação em que não se tem essa preocupação. É um aspecto nutricional, da mesma forma como ocorre com as pessoas: se estamos alimentados na medida certa, ficamos mais fortalecidos e temos menos chances de adoecer”, compara o professor Pereira, ao reforçar que o aspecto quantitativo também é incrementado, pois o uso adequado de calcário e adubo aumenta a produtividade.

Assim, numa mesma área é possível colher mais frutos e, como consequência, não será necessário desmatar para abrir mais áreas para plantio. Essa é uma cadeia de bons resultados que vai desde a economia de recursos do produtor rural, cujo investimento em calagem (calcário no solo) e adubação otimiza o uso de um recurso não renovável (o adubo), passa pela nutrição correta da cultura e termina com o aumento da produtividade e qualidade do produto. “Ganham o produtor, o consumidor e o meio ambiente”, simplifica o idealizador do projeto.

Bons frutos– Áreas de plantio de banana responderam por 24% das amostras analisadas; seguidas pelas culturas de frutas cítricas (laranja, limão, tangerina), com 14%; pelo solo utilizado para pastagem em área de pecuária, também com 14% do total; e pelas áreas direcionadas à piscicultura, cujo percentual é de 12% das amostras. Nesse último caso, é preciso que o piscicultor tenha uma análise granulométrica confiável, ou seja, que os testes revelem os percentuais de areia e de argila onde ele pretende construir o tanque ou viveiro. O solo deve ter estabilidade suficiente.

Produtor do Amazonas, Vildomar Filho experimentou crescimento de 20 a 30% após investir em análise de soloProdutor do Amazonas, Vildomar Filho experimentou crescimento de 20 a 30% após investir em análise de soloO negócio da família é o plantio de banana, mas também produzem milho. Vildomar Brun Filho, aluno do curso de Agronomia da Ufam, utiliza o aprendizado no laboratório na prática. “Desde que o meu pai começou a fazer análise do solo, conseguimos aumentar nossa produção entre 20 e 30% e ainda economizamos, porque agora fazemos tudo na medida do que as culturas precisam. Os frutos também conseguem ter um desenvolvimento de melhor qualidade”, conta o estudante.

Seu Carmosino Ribeiro, 54, é produtor rural do município de Iranduba e já fez análise de solo no laboratório. Para ele, que produz verduras e hortaliças, é preciso utilizar a tecnologia a favor da produção. “Eu trabalho com jerimum, limão, pimentinha, alface hidropônica, salsinha, couve, pepino e cheiro-verde. Meus produtos sempre receberam a quantidade certa de adubo e calcário [além de reduzir a acidez do solo, nutre a cultura com cálcio e magnésio]”, enfatiza. Os produtos são vendidos em feiras de Manaus, e o produtor garante que a quantidade e qualidade compensam o investimento em análise do solo. “Tenho 42 hectares, mas não tem necessidade de usar tudo porque já estou bastante satisfeito com a minha produtividade hoje”, finaliza.

Público Interno– O laboratório também é utilizado para aulas práticas de alunos da graduação e da pós-graduação. Acadêmicos dos cursos de Zootecnia, Agronomia e Engenharia Florestal e mestrandos do Programa de Pós-Graduação em Agronomia Tropical (PPGATR). Além deles, os alunos da área de Química também fazem uso do espaço para atividades práticas.

Veja aqui a página com os serviços do Laboratório de Solos da FCA/Ufam.

O horário de funcionamento é das 8 às 17h, de segunda a sexta-feira. O laboratório está localizado no 2º andar do bloco 01 da FCA (Setor Sul do Campus Universitário Arthur Virgílio Filho). Veja como chegar.

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