Líder em produção de fibra de juta e malva no Brasil, Amazonas traça estratégias de dinamização da cadeia produtiva das fibras no Estado

Nesta quinta-feira, 5, o evento segue com o minicurso de produção e beneficiamento de semente de malva na Fazenda Experimental da UFAM, a ser ministrado pelo empresário do segmento de sementes de malva no Pará, Moacir Cavalcante da Silva.

Professor Henrique dos Santos Pereira, professora Terezinha Fraxe, professora Albejamere Castro e professor Néliton Marques compuseram a mesa de abertura do workshopProfessor Henrique dos Santos Pereira, professora Terezinha Fraxe, professora Albejamere Castro e professor Néliton Marques compuseram a mesa de abertura do workshop

O workshop de estratégia de dinamização da cadeia produtiva de Juta e Malva no Amazonas, que acontece nos dias 04 e 05 de maio, é realizado pelo Núcleo de Socioeconomia da Universidade Federal do Amazonas (NUSEC). A anfitriã do evento e diretora do Centro de Ciências do Ambiente (CCA), professora Terezinha Fraxe, declarou durante a abertura do evento que a cultura da malva faz parte do perfil identitário dos povos da Amazônia. "A cultura da malva significa a reprodução de uma identidade secular na agricultura familiar do Estado do Amazonas reproduzindo a vida na água. Portanto, todos que trabalhamos com o setor primário precisamos dinamizar, incentivar e se responsabilizar pela cadeia sistêmica de valor da malva no Amazonas", afirmou a docente.

O diretor da Faculdade de Ciências Agrárias, professor Néliton Marques, afirmou que o workshop promovido pelo NUSEC é a oportunidade  de um debate, de um caminho para contribuir para a manutenção da sustentabilidade deste setor. "No coletivo, avançamos nas soluções. A universidade não poderia fazer diferente. A segunda edição desse workshop é a perseverança na busca de melhores soluções para nosso Estado, para nossa região amazônica, para construir uma agenda de pesquisa para avançar na fronteira do conhecimento".

Alexandre Henrique Araújo, representante da SEPROR no workshopAlexandre Henrique Araújo, representante da SEPROR no workshopNa primeira mesa-redonda do workshop, os palestrantes convidados abordaram os desafios e as perspectivas da produção de malva no Estado. Representante da Secretaria de Estado de Produção Rural (SEPROR),   Alexandre Henrique Araújo, coordenador de Culturas industriais da pasta responsável por todo o setor primário do Amazonas, afirmou que o Amazonas é o maior produtor de fibra de juta e malva do país e, que para fazer frente à crescente concorrência internacional, principalmente indiana, debates como os promovidos pela universidade auxiliam nas estratégias de fortalecimento da cadeia produtiva das fibras no Estado. "O Estado do Amazonas quer estimular efetivamente o fortalecimento da cadeia produtiva das fibras no Estado e, para tanto, faz parcerias importantes como a que mantém com a universidade. No âmbito da Sepror, temos o programa Pró-sementes, que objetiva expandir a produção de juta e malva, atualmente bastante concentrada em Manacapuru, para outros municípios do Amazonas. O projeto ainda não foi completamente implementado por restrições orçamentárias que enfrentamos no ano passado, mas a iniciativa, quando completamente implementada, pretende ampliar a atividade econômica e aumentar a renda dos produtores dos municípios participantes", enfatizou e representante da SEPROR.

As ações conjunturais e estruturais juntos ao Governo Federal e ao governo Estadual foram os aspectos Thomás Antônio Peres da Silva, representante da CONABThomás Antônio Peres da Silva, representante da CONABdestacados pelo representante da Conab, Thomás Antônio Peres da Silva. "Acredito que, no âmbito do Governo federal, a valoração da cultura da fibra passe, por exemplo, pela necessária atualização do custo de produção da juta e da malva e pela compra de sacaria para uso no estoque público, em substituição à sacaria plástica, utilizada em grande escala atualmente. No âmbito estadual, acredito que a valoração da cultura da juta e da malva consista no reajuste da subvenção paga diretamente ao produtor; na utilização eficaz da máquina descotiçadora desenvolvida pela UFAM; na renegociação das dívidas dos integrantes da cadeia produtiva. Temos, inclusive, como ponto muito positivo um amazonense na presidência da Câmara Setorial Nacional de fibras, o Muni Lourenço, o que ajuda a fortalecer essa cultura da fibra. Além disso, seria muito legal que a carta concluída ao fim desse encontro não fosse entregue por uma só pessoa, mas por todos nós, pra mostrar o quanto esse assunto é importante, o quanto a produção de juta e de malva são prioridades para nosso Estado", observou o representante da Conab.

O presidente da Câmara Setorial Nacional de Fibras, Muni Lourenço, elencou alguns fatores que atualmente desfavorecem a produção de juta e malva no Estado. "Embora a questão da fibra tenha relação direta com o agronegócio brasileiro, sabemos que fatores como o endividamento dos integrantes da cadeia produtiva fecha portas para nossos produtores; que a desatualização do preço mínimo da fibra, considerando que o último preço é de 2009, afeta frontalmente a nossa produção; além das questões climáticas adversas, vez que as cheias recordistas agora acontecem em intervalos cada vez menores, questão que precisa ser combatida pelo fortalecimento do seguro rural. Outro aspecto a ressaltar é que precisamos ampliar o orçamento que o Estado destina ao setor primário, que hoje é de menos de 1%", considerou o presidente.

Sebastião Guerreiro,  presidente do Sindicato das Indústrias de Fiação e Tecelagem do Amazonas e diretor executivo da BrasjutaSebastião Guerreiro, presidente do Sindicato das Indústrias de Fiação e Tecelagem do Amazonas e diretor executivo da Brasjuta

Durante seu pronunciamento, o presidente do Sindicato das Indústrias de Fiação e Tecelagem do Amazonas e diretor executivo da Brasjuta, Sebastião Guerreiro, descreveu o histórico da cultura de malva e juta no Estado do Amazonas e fez um diagnóstico da cadeia produtiva de fibras no Estado. "O cultivo da juta no Amazonas tem 82 anos. No Sindicato das indústrias de Fiação e Tecelagem somos quatro indústrias e duas cooperativas, com 1100 beneficiários diretos e 300 indiretos. Somos 7000 famílias produtoras de malva e juta, o que corresponde indiretamente a 35 mil pessoas. No diagnóstico que faço, temos como desafios, entre outros fatores, a baixa oferta de sementes, principal insumo dessa atividade; a baixa produtividade da mão-de-obra intensiva, face ao rudimentar sistema de produção da fibra; a frequente perda de produção, ora pelas enchentes ou estiagem, ora pelas dificuldades de comercialização da safra e estamos na universidade para buscarmos coletivamente soluções".

A abertura do evento foi realizada na manhã desta quarta-feira, 4, na sala Copaíba, setor sul do Campus Universitário Arthur Virgílio Filho. 

 

 

 
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