UFAM compartilha com a cidade as conquistas de uma parceria centenária

Em 346 anos de história, Manaus segue sua trajetória repleta de desafios e oportunidades. Nos últimos 106 anos desse percurso, a Universidade Federal do Amazonas tem fortalecido o desenvolvimento local ao dividir com o povo manauara conquistas em áreas como ciência, tecnologia, cultura e arte. Projetos que propõem inovação e melhoria em aspectos urbanísticos, ambientais e culturais são algumas das principais contribuições da UFAM."UFAM cumpre a sua missão", destaca reitor em exercício"UFAM cumpre a sua missão", destaca reitor em exercício

Dos 117 cursos ofertados na modalidade de Graduação Regular, 83 estão distribuídos entre as 15 unidades acadêmicas localizadas em Manaus. A oferta de vagas, somente na graduação regular com ingresso pelo Processo Seletivo Contínuo (PSC) e pelo Sistema de Seleção Unificada (SiSU), é de mais de 5 mil por ano, sendo cerca de 3.500 para os cursos da sede. A UFAM tem, hoje, quase 20 mil alunos da graduação regular residentes em Manaus.

O reitor em exercício, professor Hedinaldo Lima, destaca a relevância social do trabalho empreendido pela UFAM. “Nossa missão institucional é cultivar o saber em todos os campos do conhecimento com compromisso e qualidade. É gratificante saber que estamos fazendo isso por Manaus”, comemora o professor.

 

 

 

Espaço urbano

Docente do curso de Arquitetura e Urbanismo da Faculdade de Tecnologia (FT), o professor Rodrigo Capeleto desenvolve pesquisas sobre o tema ‘Apropriação do Espaço Urbano’. Ao comentar sobre o atual momento que vive a cidade de Manaus, ele ressalta: nossa “característica provinciana” está sendo substituída pelo urbanismo contemporâneo, mais próximo a cidades como São Paulo, Belo Horizonte e Rio de Janeiro. Esse fator reflete nas relações sociais cotidianas. “Antes eram mais amistosas, calorosas. Hoje as pessoas estão mais individualistas, e suas rotinas intensas com família, trabalho, estudo e longos deslocamentos impedem que elas utilizem os espaços públicos como experiência coletiva da cidade”, reflete.Professor aponta necessidade de vivência do espaço urbanoProfessor aponta necessidade de vivência do espaço urbano

Dessa reflexão, o estudioso enxerga uma questão preocupante: “A metrópole não convida mais seu usuário. E quando não se convida mais para a vivência da cidade, os lugares coletivos tornam-se obsoletos, o que dá margem para uma apropriação irregular e inadequada”. De acordo com o professor, se o espaço público não é estimulado, conhecido e praticado, ele pode ser engolido pela especulação imobiliária, por exemplo. “Esse cenário estimula o citadino a ser individualista, levando-o a ser inquilino da cidade”, pontua Capeleto.

Manaus precisa atrair mais as pessoas a conhecerem seus ambientes, e o desafio é estimular as experiências que os lugares proporcionam através de recursos já existentes, mas apostando em novas propostas. Na avaliação do professor, um transporte público de boa qualidade poderia estimular a busca de experiências coletivas nos espaços públicos. Por outro lado, os próprios locais precisam tornar-se híbridos e multiatrativos, de modo a oferecer maior diversidade de eventos e práticas culturais aos manauaras.

 

Resíduos orgânicos

Um dos grandes desafios das metrópoles é, sem dúvida, encontrar soluções para o descarte inadequado dos resíduos orgânicos. Em Manaus não é diferente. De acordo com o coordenador do Programa de Pós-Graduação em Biotecnologia da UFAM, vinculado ao Centro de Apoio Multidisciplinar da Universidade (CAM), Carlos Gustavo Nunes, é possível transformar toneladas de restos alimentares em ração para peixe. A pesquisa está em fase de estudos para aplicação do projeto piloto em larga escala em 2016, já que a etapa de testes foi bem sucedida.

Pesquisa propõe solução rentável para tratar resíduos orgânicosPesquisa propõe solução rentável para tratar resíduos orgânicos

A técnica utiliza larvas de moscas, que são isoladas nessa fase inicial de maturação, para a degradação dos resíduos orgânicos. Quando após a transformação do “lixo” em proteínas no organismo da larva, ela passa por um processo de desidratação e começa a se transformar em ração a ser utilizada na piscicultura. O coordenador do projeto pondera: “De um lado, é um meio eficaz de descartar esse resíduo orgânico abundante, que hoje é um grande problema; e de outro, você produz alimento de baixo custo e de alta qualidade para desenvolver um vetor econômico muito forte na região”.

O professor destaca ainda que esse processo já é utilizado em outros países, mas a pesquisa com a larva da mosca “hermetia illucens” é a primeira aplicação no Brasil. “É preciso validar o projeto aqui em Manaus e é isso que estamos fazendo, pois as temperaturas são altas o ano todo. Esse fator ambiental é muito favorável para reprodução natural dessa mosca”, completa. No futuro, é possível pensar em parcerias com secretarias públicas na prefeitura e do estado para a produção de ração a partir de resíduos de feiras, da agroindústria e até de residências. Restaurantes também descartam grande volume desse material. Por outro lado, com a mesma base de ação, será possível produzir ração para galinhas e para animais de zoológicos.

 

 

 

Cultura e arte

Do prisma de promoção, produção e difusão cultural, a UFAM tem no Centro de Artes o seu principal elo com a sociedade local. Com 700 alunos nos cursos livres apenas em 2015 e cerca de 250 matriculados em oficinas de artes desde agosto, o CAUA desenvolve ainda 14 Atividades Curriculares de Extensão com recursos totais de R$ 21.000 da Pró-Reitoria de Extensão (Proext). O diretor do órgão suplementar, professor Paulo Simonetti, ressalta que a demanda é grande, pois as ações são ofertadas com qualidade e de forma gratuita.

Daniel aprende escultura com argila no CAUADaniel aprende escultura com argila no CAUA

Os cursos livres ofertados são de Violão, Flauta, Piano, Violino, Técnica Vocal e Desenho. Todos têm duração total de dois anos, sendo realizados em quatro períodos de seis meses. O estudante do 1º ano do Ensino Médio do Instituto de Educação do Amazonas (IEA), Ricardo Castilho Filho, 15, teve a oportunidade de ser espectador na apresentação do Coral composto por alunos do CAUA, um dos 14 projetos de extensão que proporcionam intercâmbio entre a Universidade e alunos de três escolas públicas. “Estou muito satisfeito”, disse, ao contar que pretende matricular-se nos cursos livres de piano e de técnica vocal. “Já toco violão e guitarra há um ano; quero conhecer outros instrumentos e aprimorar a parte vocal”, planeja.

Para quem procura aprendizado e renda extra, as oficinas de artes visuais são uma boa oportunidade. A professora Ellen Telles, 45, está concluindo a oficina de Mosaico, mas já participa das atividades do CAUA há quase quatro anos. “Já fiz dança do ventre, jazz, e teatro e pintura. Isso tudo ajuda muito na autoestima, porque faço coisas que me dão prazer”, expõe ela. O professor Simonetti coordena essa oficina e, ao exibir algumas peças, disse que chegam a valer 150 reais ou mais, a exemplo de placas para porta produzidas com técnicas variadas

O estudante Daniel Aguiar, 17, aprende como fazer escultura em argila. Segundo ele, a atividade o ajudou a descobrir uma inclinação artística. “Fiz um busto africano, e considero esse produto uma forma de resgate da minha própria cultura. Gosto de feições e eu mesmo tenho algumas dessas que construí, como os cabelos”, explica o aluno, que aprendeu muito além de uma técnica, mas sobre sua própria raiz cultural através dessa oportunidade.

Diante da crescente complexidade de Manaus no cenário local e regional, a Universidade Federal do Amazonas segue cumprindo o papel de pensar esta cidade e propor alternativas para que os próximos 346 anos sejam ainda mais exitosos. Ao ensinar este povo, pesquisar sobre suas demandas e se aproximar dos manauaras por meio da extensão, a UFAM segue convicta de sua contribuição para a cidade onde deu seus primeiros passos há mais de um século. Esse é o nosso presente para Manaus!

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