Professor André Lázaro, da UERJCriar o nosso próprio caminho. Este é o foco do Seminário de ações afirmativas da UFAM que definirá a política da Instituição acerca da pauta. Durante a manhã, além da abertura oficial do evento com a presença da administração superior da Universidade, ocorreu a exposição do professor da UERJ, André Lazáro.

Iniciativa da administração superior da UFAM, o seminário foi planejado para ouvir a comunidade acadêmica, entidades governamentais e representantes de minorias a fim de elaborar um documento com as diretrizes do tema a ser levado ao Conselho Universitário, maior órgão deliberativo institucional.

Reitora destaca papel social da UFAM

A reitora da UFAM, professora Márcia Perales, destacou que este é o momento para a comunidade universitária manifestar seu ponto de vista sobre a questão para que a política instituída seja o reflexo da vontade coletiva de estudantes, docentes e técnicos administrativos. “Nós entendemos o papel social que essa Instituição tem. Não é possível desvincular os nossos segmentos e deixar de reconhecer as suas singularidades. Isso a Universidade tem feito. E esse seminário vai trazer muito mais elementos porque nós vamos ouvir os grupos, dialogar, para podermos encaminhar as diretrizes da política a ser adotada”, informou.

De acordo com a professora Márcia, a Universidade desenvolve ações visando proporcionar o acesso à Instituição como, por exemplo, o oferecimento de bolsas permanência para estudantes das unidades fora da sede desde que estas foram instaladas. Outros casos citados pela reitora foram a extinção da cobrança de taxa de inscrição no Processo Seletivo Contínuo (PSC) dos estudantes de escolas públicas no interior do estado em 2009, como também, a aplicação da prova em todos os 64 municípios do Amazonas em 2013. “Não estamos falando que temos ações suficientes e agora precisamos somente institucionalizá-las. Não é isso. Nós temos iniciativas importantes, concretas, e precisamos ampliá-las e institucionalizá-las, tornando-as articuladas e formalizando-as nas instâncias competentes”, declarou.

O vice-reitor, professor Hedinaldo Lima, ressaltou a importância do Seminário para o desenvolvimento das futuras ações da Universidade e frisou a necessidade da participação da comunidade acadêmica nas discussões do evento. “Cabe a todos nós essa responsabilidade”, disse, afirmando que o tema deve ser abordado de forma ampla e aprofundada.

Diretrizes serão dadas pela comunidade acadêmica

Apresentando as “Ações Afirmativas no Brasil”, o professor André Lázaro, da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), defendeu a adoção de ações afirmativas em razão das desigualdades históricas do país, que inviabilizaram a grande parte da população o acesso de forma igual às oportunidades de melhoria de vida, como ao ensino superior e ao mercado de trabalho. “À medida que aumentam as oportunidades numa sociedade estruturalmente desigual, há uma apropriação desigual dessas oportunidades e, ao invés dessas desigualdades diminuírem, elas aumentam”, expôs Lázaro, ao explicar que a população brasileira branca teve crescimento dobrado no acesso ao ensino superior da década de 90 até 2005, em relação à população negra, porque foi nesse período que houve a expansão das instituições privadas no país que demandavam renda para o ingresso.

O professor afirmou ainda que o tema das ações afirmativas representa o anseio por mudanças sociais conduzidas de maneira pacífica, democrática, por meio do diálogo, da argumentação. “Mas sem as forças sociais presentes no diálogo não haverá mudanças”, alertou o preletor. “A mudança é dolorosa, custosa e difícil”, acrescentou, ao parabenizar a UFAM por suscitar a discussão da pauta. “Isto é o enfrentamento das desigualdades estruturais do Brasil. Não estamos copiando outros modelos, estamos tentando construir uma solução nossa, o que é muito complexo de fazer e difícil, mas que bom que estamos procurando por ela”, comemorou.

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