8 de março: Uma homenagem à mulher na Universidade, na pesquisa e no contexto social

Kátia, Tereza, Terezinha, Mariomar, Bianca, Marilene. Em comum, mulheres, mulheres com vivência cotidiana da Ufam seja no papel de professora, acadêmica, pesquisadora, de técnica-administrativa ou colaboradora, mas indivíduos que merecem ser homenageados pela tenacidade e ternura que representam em seu papel social. 

 
Na Universidade Federal do Amazonas, um levantamento feito pela Pró-Reitoria de Gestão de Pessoas (Progesp) aponta que, dos poucos mais de 3.500 servidores da Universidade, cerca de 1.700 são mulheres. Três das oito Pró-Reitorias e nove diretorias dos 20 Institutos e das Faculdades são geridas por pessoas do sexo feminino. 
 
Uma dessas gestoras é da própria Progesp, professora do curso de Educação Física e Fisioterapia (FEFF), Kathya Thomé Lopes. "Não sou adepta do discurso de disputa entre gêneros, mas acredito que a data deve promover o respeito e a compreensão sobre a forma como a mulher se movimenta, pensa, reage e busca realizar seus objetivos, que é muito diferente dos homens", disse. 

Pró-Reitora da Progesp, Kathya ThoméPró-Reitora da Progesp, Kathya Thomé

Fazendo uma alusão ao seu campo de estudo como pesquisadora e docente, a pró-reitora menciona o movimento (corporal) numa analogia ao poder de adaptação e superação que a mulher tem. "Movimentar o corpo é se descobrir e, muitas vezes, o indivíduo desconhece suas potencialidades, muitas vezes, sob pressão ou por instinto de sobrevivência. O mesmo acontece com a mulher, que, contra imposições e conjunturas reage, adapta-se e se mostra obstinada frente a tudo que possa surgir como barreira", disse. 
 
A Pró-Reitora de Planejamento e Desenvolvimento Institucional, professora Mariomar de Sales Lima, corrobora. No campo profissional, considerando que as organizações buscam profissionais que saibam lidar com situações envolvendo emoções e sensibilidade, as mulheres se destacam pelas características que, em sua maioria, são próprias.

Pró-reitora da Proplan, professora Mariomar SalesPró-reitora da Proplan, professora Mariomar Sales

No âmbito das instituições de ensino superior, a pró-reitora acredita ser cada vez maior a participação delas em cargos de gestão. “A partir dos fatos históricos a mulher tem buscado participar, efetivamente, de movimentos sociais, políticos, religiosos e comunitários e tem conseguido ser ouvida. No campo de trabalho, no entanto, uma das formas mais marcantes de discriminação é a persistência na diferença salarial, mesmo em cargos equivalentes aos exercidos pelos homens, ganhando 40% menos que eles”, disse.
 
Abordando a data de 8 de março como um momento para reflexão e não somente de homenagens, a coordenadora de Treinamento e Desenvolvimento da Progesp, Rosianny Santos, também faz uma leitura da mulher atual como um indivíduo multitarefa, numa sociedade que exige amplitude de potencialidades profissionais. 
 
“Para muitas de nós, alcançar objetivos não foi tarefa fácil, da mesma forma que não foi para nossas mães ou para a geração anterior à delas, por isso, é preciso empenho e determinação para manter as conquistas, ao passo que lutamos por mais respeito e equidade”, observou. 

Coordenadora de Treinamento da Progesp, Rosianny SantosCoordenadora de Treinamento da Progesp, Rosianny Santos

A mulher nos contextos regional e da pesquisa científica - A diretora do Centro de Ciências do Ambiente, professora Therezinha Fraxe, na Universidade há mais de três décadas e estudiosa das populações tradicionais ribeirinhas, da mulher amazônica e produtora rural, parafraseia Euclides da Cunha para construir sua definição. "A mulher rural é, indiscutivelmente, uma guerreira: pesca, planta, ajuda a colher, cumpre com suas atribuições domésticas, é mãe e esposa. A urbana, busca desafios constantes, estuda, trabalha, impõe-se e luta e essa será uma realidade mais frequente com o passar dos tempos”, prevê. 
 
A coordenadora do Programa de Pós Graduação em Sociedade e Cultura na Amazônia, professora Marilene Corrêa da Silva Freitas, avalia o papel da mulher no campo da pesquisa, afirmando que sua incursão nesse universo aconteceu com sacrifício. 
 

Ela avalia que, se a trajetória histórica de cientistas da Física, da Matemática, da Biologia, do Direito no mundo, e nas Ciências Sociais do Brasil, a carreira da mulher no campo da pesquisa foi acompanhada de esforços gigantescos de conciliação da vida pessoal e familiar com a vida acadêmica. 

Professora Therezinha Fraxe (C, de branco) com sua equipe de trabalho e pesquisaProfessora Therezinha Fraxe (C, de branco) com sua equipe de trabalho e pesquisa

“No site do CNPQ há, desde o ano passado, uma homenagem às cientistas do Brasil que chegaram ao auge de suas carreiras, e ao reconhecimento, e a história de vida de cada uma das homenageadas acompanha o itinerário do desenvolvimento da atividade científica com uma inconfundível característica: a da superação. E isso pode ser exemplar para indicação de políticas afirmativas de redução de desigualdades e respeito às diferenças para o Estado e a Sociedade, ou seja, nas universidades brasileiras, a vida da mulher professora e pesquisadora é mais próxima da igualdade social e de gênero do que em outras instituições”, salientou.
 
Em se tratando do dia a dia da Universidade, a serviços gerais Maria Tereza Ferreira , 56, colaborada da empresa prestadora de serviço Adap, diz que a mulher não pode se esquecer de ser mulher. 
 

“Para mim, a data é um momento para nos lembrarmos sobre como somos capazes de nos desafiarmos, de nos impormos metas e conseguirmos alcançar nossos objetivos. Mas acho, ainda, que mesmo que busquemos nossas realizações, não devemos deixar de lado a nossa feminilidade, pois temos de ser melhores para nós mesmas”, ressaltou. 

 
Bianca Sabrina Marques, 20, estudante do 4º período de Odontologia, acredita que o ambiente universitário pode servir de termômetro no que se refere à participação da mulher em áreas antes ocupadas majoritariamente por homens. 
 
“Eu estudo na área da saúde, mas observo muitas mulheres vislumbrando a área de Exatas. Percebo que estamos ultrapassando os nossos próprios limites, antes desconhecidos e ignorados. Na minha família, por exemplo, somos quatro irmãs e duas de nós já ingressaram no ensino superior, algo que na época da minha mãe, talvez não aconteceria”, disse. 
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