Folhas da planta Pimenta-de-Macaco (Piper aduncum L.)O Brasil é um dos líderes mundiais em produção de óleos essenciais, embora grande parte do volume que exporte atualmente seja de óleos cítricos, que são subprodutos de baixo valor da indústria de sucos. Estima-se que hoje haja 1.250 espécies de plantas produtoras de óleos essenciais na Amazônia. Entretanto, apenas 0,1% desse número é utilizado comercialmente para fins de exportação. Logo, qualquer trabalho de pesquisa que aproveite de forma sustentável a riqueza aromática regional possui grande relevância no contexto econômico da região.

Com base nesse cenário, e nas inúmeras espécies de plantas, uma em especial foi delimitada como objeto de estudo do acadêmico Pedro Sávio Gama dos Santos,do curso de Engenharia Química da UFAM:as folhas da planta pimenta-de-macaco (Piper aduncum L.). Sob orientação dos professores Nazareno de Pina Braga, da Faculdade de Tecnologia, e Francisco Célio Maia Chaves, pesquisador da Embrapa Amazônia Ocidental, o Acadêmico defendeu em fevereiro, para uma banca examinadora formada pelos professores Cristiane Daliassi Ramos de Souza e Johnson Pontes de Moura, o Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) intitulado "Efeitos da Secagem no Rendimento de Óleo Essencial das Folhas de Piper aduncum.

Segundo Pedro, a pimenta-de-macaco, como é popularmente conhecida, é utilizada tradicionalmente como tônico, adstringente, diurético, sedativo, anestésico, hemostático, laxante, entre outras aplicações. Seu óleo essencial é rico em um constituinte químico chamado dilapiol, que possui diversas atividades biológicas, sendo que sua potencial aplicação tem sido na formulação de inseticidas usados no combate às pragas agropecuárias que atacam culturas de interesse comercial no Brasil como banana, algodão, maçã, mamão e feijão.

O principal objetivo do trabalho foi avaliar a influência e os efeitos da secagem ao ar livre, por convecção natural, no rendimento do óleo essencial de folhas de Piper aduncum. Esta técnica é caracterizada pela secagem do produto no campo, na própria planta, sem a interferência do homem. A escolha desse sistema de secagem se deve ao baixo custo, diferente de outras técnicas.

“Para a espécie estudada, existem poucos trabalhos que endereçam os  fatores de processo que afetam o rendimento e produção de óleo essencial, tornando, assim, a pesquisa mais atrativa do ponto de vista da Engenharia”, ressalta Pedro.

ResultadosPedro Sávio (camisa escura) e seu orientador professor Nazareno Braga

A pesquisa teve duração de 3 meses e foi dividida em 5 fases: material vegetal, secagem, extração de óleo essencial, modelagem matemática da curva de secagem, e determinação de umidade, rendimento e cálculo da difusividade efetiva.

Os locais de experimentos foram a UFAM, e Embrapa Amazônia Ocidental, localizada no km 29 da rodovia AM-010.  As folhas de Piper aduncum L., foram coletadas em novembro de 2014, de plantas cultivadas há três anos na Embrapa. O horário de coleta das amostras foi entre 08h e 11h. 

Os resultados mostraram que o valor do rendimento de óleo essencial varia de maneira inversamente proporcional ao teor de umidade presente na biomassa, sendo que o rendimento do material seco após o período de 8 dias, aumentou em 2,7 vezes quando comparado ao rendimento proveniente da matéria prima fresca. Logo, a secagem de folhas de P. aduncum L., como pré-tratamento na extração do seu óleo essencial, é um processo altamente recomendado para produções em maiores escalas.

Futuro da pesquisa

Após a defesa do TCC, Pedro já tem planos para a pesquisa. “Temos muito interesse em continuar o trabalho, com a verificação dos efeitos do processo de secagem no teor de dilapiol, o constituinte de interesse no óleo essencial de Piper aduncum L. Também pretendemos direcionar o trabalho  para eventos científicos e possível publicação’’, finaliza o Acadêmico, agora bacharel em Engenharia Química.