Conheça a família que há quatro gerações acompanha a nossa história

Afonso B. Nina, à esquerda, João Nina, Afonso M. Nina, centro, e Tárik Nina, à direitaAfonso B. Nina, à esquerda, João Nina, Afonso M. Nina, centro, e Tárik Nina, à direitaEm 106 anos de ensino superior no Amazonas, a Universidade Federal do Amazonas já contribuiu na formação de milhares de pessoas, muitas da mesma família. Um exemplo disso é a família Nina que possui quatro gerações de profissionais graduados pela Ufam, cuja história se confunde com a da própria Universidade.

O primeiro membro da família a ingressar na Ufam, na época, ainda Universidade de Manáos, foi Raimundo Gonçalves Nina Filho, o qual cursou Odontologia nos anos 20.  Nascido em Parintins, seu Raimundo Nina exerceu a profissão em Manaus, onde foi o responsável pela criação do primeiro serviço público de odontologia infantil da cidade, que contava com menos de 80 mil habitantes. “Aqueles homens eram realmente formidáveis”, declara o filho de Raimundo Nina Filho, professor Afonso Celso Maranhão Nina, sobre a iniciativa de homens como Joaquim Eulálio Gomes da Silva Chaves, um dos idealizadores da Escola Universitária Livre de Manáos, a Ufam, a primeira universidade do Brasil.

Família Nina em colação de Tárik NinaFamília Nina em colação de Tárik Nina

A Universidade de Manáus, ainda privada naquele tempo, sofria com o Amazonas as perdas advindas da decadência do Ciclo da Borracha e iniciava a fase de desestruturação, quando os cursos foram paulatinamente fechando, restando somente a Faculdade de Direito (FD).

Nesse momento da história da Ufam está o professor Afonso Celso Maranhão Nina, segundo representante da família a estudar na Instituição, de 1945 a 1949. Segundo o professor, hoje com 88 anos, a FD realizava um vestibular para selecionar os alunos aptos para a faculdade. “Não era muito concorrido porque poucas pessoas tinham o ginásio completo e quem tinha, estudava Direito”, comenta, “A gente estudava para não deixar de estudar porque não iria advogar, pois não tinha para quem”, acrescentou, referindo-se à deficiente situação econômica de Manaus, cuja população não chegava a 140 mil pessoas.

Raimundo Nina - estudou na Universidade de ManáosRaimundo Nina - estudou na Universidade de Manáos

De acordo com Afonso Maranhão Nina, ainda que tenha sido o único curso a permanecer em atividade, a Faculdade de Direito também enfrentava dificuldades. “Ela passou por problemas como todas as outras escolas daquela época, tanto pela carência financeira quanto de professores também”, informou o egresso que estudou Direito Penal com Manoel José Machado Barbuda e se formou com aquele que iria se tornar Ministro do Supremo Tribunal Federal, Francisco Manoel Xavier de Albuquerque. “Era uma época muito boa, bons amigos e bons professores”, disse.

Anos depois, Afonso Nina exerceu importante colaboração na criação de novos cursos para a Universidade do Amazonas (UA), para a qual também contribuiu como docente e sub-reitor (pró-reitor). Também atuou como diretor da extinta Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras, o precursor do Instituto de Ciências Humanas e Letras, e ainda presidiu a Comissão de Vestibular da UA.

E foi nesse contexto que nasceu e cresceu Afonso Celso Brandão Nina, o terceiro integrante dos Nina a passar pela Ufam, nesse momento, entre os anos de 1977 e 1984, ainda UA. “Eu costumava ir esperar meu pai para nós voltarmos para casa juntos”, conta, sobre os tempos em que o pai assumiu o cargo de diretor da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras, localizada onde hoje funciona o Centro de Artes da Ufam, no Centro.

Afonso M. Nina como sub-reitor da UAAfonso M. Nina como sub-reitor da UA

Afonso Brandão Nina prestou o primeiro vestibular para Engenharia, tendo cursado apenas dois anos. Em 1980, ingressa novamente, agora para estudar Educação Física, o qual conclui quatro anos depois. No mesmo período, Nina entrou para o quadro de professores da Instituição por meio da Faculdade de Educação Física e Fisioterapia.

De acordo com o professor, a UA despertava grande interesse da população que almejava um diploma de nível superior, o que tornava o vestibular uma verdadeira olimpíada do conhecimento.  “Eram poucas vagas e poucos cursos, então, a cidade parava para saber o resultado”, relembrou.

Naquela época, a comunidade universitária era bastante envolvida politicamente, reivindicando mudanças não só na Universidade, mas também na cidade e no país, então sob o regime militar. “Tudo era motivo para uma reivindicação política. A UA canalizava todas as discussões”, expôs o professor, ao citar a meia-passagem nos ônibus e a criação do Restaurante Universitário como exemplos de conquistas daquela fase.  

O professor acrescenta que a UA era descentralizada com apenas três unidades acadêmicas instaladas no campus universitário, os Institutos de Ciências Biológicas (ICB) e Exatas (ICE) e a Faculdade de Tecnologia (FT). “O setor Norte nem existia. Não tinha nada lá, só trilhas que nós usávamos para fazer corridas e treinamento físico”,  explicou ao descrever o campus da Ufam da Manaus que possuía pouco mais de 600 mil moradores e sentia as mudanças com a Zona Franca de Manaus.

Ao fundo, construção dos Blocos da FEFFAo fundo, construção dos Blocos da FEFF

Tárik Vaz Nina, pertence à quarta geração da Família Nina na Ufam, seguiu os passos do pai e, foi aprovado para Educação Física, pelo Processo Seletivo Contínuo (PSC). Entre os anos da graduação (2004 a 2008), Tárik aproveitou as oportunidades que a Instituição oferecia para aprimorar a sua formação. “Participei ativamente do que pude”, afirmou, ao citar que foi monitor de disciplina, presidente de centro acadêmico, desenvolveu projeto de pesquisa e também representou a Ufam em competições.

O ex-aluno lamenta, todavia, a pouca preocupação por parte dos estudantes com as questões políticas do Brasil do século XXI. Para Tárik, o foco da maioria dos novos universitários é unicamente a formação acadêmica e ingresso no mercado de trabalho. “Eu creio que os alunos deveriam se interessar mais pelas discussões políticas”, avaliou.

Segundo o professor, sempre fora seu desejo estudar na Ufam, não somente devido à influência familiar, mas também pela referência no ensino proporcionado pela Instituição. “Gostaria de ser professor lá novamente”, confessa ao revelar que já atuou como professor substituto. “Seria o ápice profissional da minha carreira”, completou.

Sobre a estreita relação entre a Família Nina e a Ufam, Tárik diz que pretende manter viva a tradição da Família. “Esse é o nosso legado que será passado para as próximas gerações: se quem quiser buscar o ensino superior público e de qualidade, que estude na Ufam”, anunciou.

 

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