Equipe de Ouro na Competição Internacional IGEM é homenageada

Ao conquistar o inédito primeiro lugar no iGEM (International Genetic Engineered Machine), ou Competição Internacional de Máquinas Geneticamente Modificadas ou de Biologia Sintética, a equipe da UFAM, formada por 15 pessoas e liderada pelo professor Carlos Gustavo da Silva, recebeu da reitora, professora Márcia Perales, uma placa para registrar o feito.

A condecoração foi nesta quinta-feira (13), no Gabinete (primeiro andar do Centro Administrativo/UFAM), quando estiveram presentes as pesquisadoras Laís Gomes, Luna Lacerda e Paloma Fernandes, membros do grupo que representou a UFAM no evento ocorrido entre 30 de outubro e 3 de novembro, em Boston (EUA). Ao conceder a homenagem, a reitora, professora Márcia Perales, reiterou que esse grupo é e sempre será referência na Universidade. “Ao conquistar esse grande prêmio que envolveu os melhores do mundo, vocês ajudam a construir a UFAM de excelência que queremos. Tudo isso é fruto de apoio institucional, tutores capacitados e, principalmente, sonhos compartilhados”, disse.

Também participaram da mesa o vice-reitor, professor Hedinaldo Lima, a pró-reitora de Inovação Tecnológica, professora Socorro Chaves, o pró-reitor de Pesquisa e Pós-Graduação, professor Gilson Monteiro, a diretora do Instituto de Ciências Biológicas (ICB), professora Sônia Carvalho. Na avaliação do vice-reitor, a equipe mostrou que está preparada para enfrentar desafios, pois eles têm objetivos e sabem persegui-los; isso traz resultados para a sociedade. “Ficamos felizes porque o resultado desse trabalho repercutiu na imprensa, e isso é motivo de muito orgulho para a UFAM”, ressaltou.

 

A competição

Participaram da competição estudantes de áreas diversas. A equipe da UFAM, por exemplo, é formada por estudantes, pesquisadores e professores das áreas de Biologia, Biotecnologia, Ciência da Computação, Química, Medicina e Design, em que cada pessoa foi responsável por tarefas específicas e contribuiu para o resultado do experimento. As equipes foram divididas por Universidade e pesquisaram com infraestrutura própria por determinado período. Na UFAM, o Centro de Apoio Multidisciplinar (CAM), dirigido pelo professor Spartaco Filho, foi o local onde as pesquisas laboratoriais ocorreram.

“Eu fico muito satisfeito ao saber que pude passar muito do que eu sei sobre Biologia Sintética, Biologia Molecular e Engenharia Genética para os estudantes do time UFAM-Brazil; e mais ainda porque eles conseguiram um ouro para a nossa Universidade”, comemorou o professor Spartaco, referindo-se às aulas que ministrou e às atividades práticas que conduziu ao preparar os competidores da instituição para o IGEM. “Melhor do que tudo é saber que a experiência realmente funcionou após os testes”, disse o coordenador da Rede Bionorte.

A competição recebeu mais de 2.500 pesquisadores de todo o mundo, incluindo equipes brasileiras da Universidade de São Paulo (USP), da Universidade do Estado de São Paulo (UNESP), Centro de Estudos e Sistemas Avançados do Recife (CESAR) e das Federais de São Carlos (UFSCAR) e de Minas Gerais (UFMG). As tradicionais Universidades de Harvard, Oxford, MIT, Pequim, Universidade de Sidney (Austrália), Universidade Heidelberg (Alemanha) também competiram no IGEM.

 

Despoluindo os rios

Com técnicas que usam Biologia Sintética, o time desenvolveu um sistema de detecção, coleta e biorremediação de mercúrio, um poluente dos rios amazônicos. A estimativa é de que, na bacia amazônica, por conta de seus processos de formação bio-geológicos  exista alto nível de mercúrio, mas em quantidade aceitável. Por outro lado, a garimpagem ilegal do ouro em águas pluviais acentua o problema, elevando essas taxas, pois esse elemento é usado na separação do ouro, provocando a chamada amalgamação.

De acordo com o tutor do time UFAM-Brazil, professor Carlos Gustavo, que é pesquisador da área de Engenharia Genética no ICB e faz parte da Rede BIONORTE e do Programa de Pós-Graduação em Biotecnologia (PPGBiotec), contaminação por mercúrio pode causar problemas em órgãos vitais, como rins e fígado, e no sistema nervoso. Se alguém se alimenta com peixe contaminado, pode receber altos níveis do elemento, fenômeno chamado biomagnificação.

A proposta dos pesquisadores da UFAM foi a seguinte: modificar uma bactéria muito utilizada nos laboratórios de manipulação genética e, portanto, fácil de cultivar, a Escherichia coli (ou simplesmente E.coli), com genes de bactérias que naturalmente vivem em regiões com alto teor de mercúrio. Essas bactérias adaptadas e “resistentes” a esse metal têm um arsenal de códigos no seu DNA para produzir proteínas que garantam sua sobrevivência em situações de grandes contaminações. Trabalhando com três desses genes das bactérias selvagens, os cientistas conseguiram transformar bactérias de laboratório em bactérias sensíveis à presença de mercúrio líquido, além de reprogramarem uma linhagem de laboratório para “destruir” o mercúrio. Após as modificações, as bactérias geneticamente modificadas foram testadas por simulação matemática em computadores e o resultado mostrou que são eficazes.

Ao avaliar a conquista em termos científicos, o professor Carlos Gustavo traçou metas: “É possível que continuemos desenvolvendo experimentos na área para a próxima competição. E mais do que isso, buscaremos a possibilidade de criar um protótipo de estação de tratamento de água e até de reciclagem de Mercúrio”. O professor Spartaco acrescenta sobre intercâmbio de conhecimentos com diversas áreas do conhecimento, em especial porque se trata de um tema em expansão, que é a “transferência de propriedades importantes entre seres vivos”.

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