“Diálogos Azulilás” debate características dos casos de pedofilia e violência sexual contra crianças e adolescentes em Manaus

O Núcleo de Pesquisas Azulilás, do Departamento de Antropologia da Universidade Federal do Amazonas (Ufam) realizou e difundiu junto à plateia, pesquisas relacionas a crianças e jovens vítimas de violência sexual na cidade.  Denominado “Observatório da violência sexual contra crianças e adolescentes”, os estudos reúnem integrantes da Equipe Azulilás, pesquisadores da área de Antropologia e Serviço Social e representantes do Centro de Referência Especializado de Assistência Social (Creas). No evento estiveram presentes ainda, gestores da Secretaria Municipal de Assistência Social e Direitos Humanos (Semasdh).

Segundo a coordenadora da iniciativa, a professora e antropóloga Raquel Wiggers, o evento serviu para levar à plateia resultados pertinentes a experiências realizadas em Manaus e que foram apresentadas durante Congresso Internacional Feminino-Masculino, ocorrido no México em dezembro passado. Durante essas apresentações, a delegação do Amazonas expôs trâmite de implementação do “Grupo de autor da violência”, que recebe, acompanha e cuida, com apoio profissional, daqueles indivíduos supostamente acusados de cometer abuso sexual contra crianças e adolescentes. Esse atendimento é feito nos Centros de Referência Especializado da Assistência Social (Creas), órgão que faz parte da política de Direitos Humanos do governo federal, com ações executadas pelo município.

Representando a secretária da Semasdh, Goreth Garcia, a coordenadora do Creas, Ana Lúcia Mitouso, afirmou que, segundo essa mesma política de Direitos Humanos, que abrange o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), a partir de 200 mil habitantes, a cidade precisa instituir um Creas para receber e tratar dos casos de abuso sexual.

“Manaus conta com apenas dois Creas, o segundo deles inaugurado há pouco mais de dois anos. Até abril, a Prefeitura terá de inaugurar mais três. Mas os desafios não param por aí, sabemos que a demanda é e continuará sendo superior à medida que formos em busca e não esperarmos o surgimento dos casos”, disse a gestora.

A representante municipal salientou ainda, que ficou impressionada com os resultados obtidos pelo Observatório e que os dados serão repassados à secretária da Semasdh para conhecimento.

“Nossos atendimentos mensais somente no Creas do bairro Nossa Senhora das Graças chegam a somar quase 900. Ainda há o tripé saúde-educação-assistência social que precisa ser colocado em prática, porque até agora, estamos de fora desse processo”, observou Ana Lúcia Mitouso.

Durante seu pronunciamento, a coordenadora do Núcleo Azulilás, professora Raquel Wiggers, afirmou que pesquisas do Observatório mostram que a pessoa (em sua maioria homens) abusa de crianças ou adolescentes não porque instintivamente nutre desejo sexual por um menos, mas porque está com sua visão de poder abalada, ou por tê-la perdido ou por precisar restabelecer.

“Nem sempre o pedófilo tem desejo sexual por uma criança. Ele pode nunca ter abusado de uma. A gente tem trabalhado com dois conceitos distintos:  abuso sexual e pedofilia, ambos porém, estão 90% relacionados a uma relação intrafamiliar ou parental”, explicou, afirmando que de qualquer forma, é preciso imprimir na sociedade, a responsabilização do culpado.

“Não se pode ver a mãe de uma criança como culpada quando a menor ou o menor é abusado, muito menos a própria vítima como responsável pela violência”, salientou.  

Mais informações sobre as ações do grupo Azulilas podem ser acompanhadas pelo endereço eletrônico

http:azulilas-ufam.blogspot.com.br ou pelo facebook: azulilasufam

 

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