Comunidade universitária debate proposta de Lei Orgânica das Universidades Federais
Debater a proposta de Lei Orgânica para as Universidades Federais (UFs) foi o objetivo do Seminário realizado na manhã desta sexta-feira, 31 de janeiro, no auditório Rio Amazonas. O evento contou com a presença de representantes do Ministério da Educação (MEC), da Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes) e do Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior (Andes). As propostas apresentadas no Seminário serão encaminhadas para o Conselho Universitário (Consuni) da Ufam, que se reúne na segunda, 03, para emitir o posicionamento da Ufam acerca da questão.
Organizado a partir de solicitação do Conselho Universitário, o Seminário desta sexta, foi promovido com a finalidade de permitir a participação dos docentes, técnicos em educação e dos estudantes da Universidade na decisão do Consuni. O evento foi coordenado pela Associação dos docentes da Ufam (Adua), pelo Sindicato dos Trabalhadores em Educação do Estado do Amazonas (Sintesam) e pela Administração Superior da Ufam.
Para a Reitora da Ufam, professora Márcia Perales, o debate é fundamental para subsidiar a decisão do Consuni. “O que nós pretendemos é sair daqui com propostas bem estruturadas para levar ao Consuni na segunda- feira para que ele possa aprová-las e encaminhá-las como contribuição da Ufam para Andifes para que isso chegue ao Congresso Nacional”, disse a reitora.
Segundo a gestora da Ufam, entre as principais mudanças presentes na proposta elaborada pela Andifes está a regulamentação da autonomia universitária de que trata o artigo 207 da Constituição Federal. Na forma como está hoje regulamentada, as Universidades Federais estão subordinadas ao Ministério da Educação em questões administrativas e financeiras. “Hoje, um exemplo, nós temos um diagnóstico de que precisamos de mais de 400 servidores, mas não temos autonomia para criar um código de vagas e abrir um concurso público porque a demanda chega ao Mec, mas nós ficamos limitados àquilo que é disponibilizado”, explicou a professora.
Outro ponto exposto pela reitora que também precisa ser considerado na proposta diz respeito ao impedimento que as UFs têm para possuírem assessoria jurídica própria. Conforme a professora Márcia, o suporte jurídicos das Federais é fornecido por procuradores da Advocacia Geral da União. “Nós temos dois procuradores para dar conta da Universidade. É uma demanda incrível. Eles não têm pessoal para repor, e ao mesmo tempo a legislação atual não permite que os reitores tenham assessoria. E essa assessoria é fundamental”, afirma.
Ângela Maria Paiva, presidente da Comissão de autonomia das Instituições Federais de Ensino Superior da Andifes expôs as principais alterações da proposta de Lei Orgânica. Para a reitora da UFRN, a norma constitucional trata da mesma maneiras todas as instituições federais, o que para ela, não considera as especificidades das UFs. “Nós somos tratados iguais às outras instituições federais. Quem conhece as Universidades Federais sabe o quanto elas são diferentes dos demais órgãos”, disse.
Segundo a representante da Andifes, a nova norma fica restrita unicamente às UFs, excluindo os Institutos Federais que também oferecem educação de nível superior no país. “Há mais diferenças entre os institutos e as Universidades do que semelhanças. Ficará a critério do governo decidir quanto a eles”, declarou. “Esse é um documento base da Andifes, mas ele não é fechado. Até porque quanto maiores as colaborações, melhor”, anunciou a professora.
Paulo Rizzo, segundo secretário do Andes, apresentou alguns questionamentos relativos à proposta da
Andifes, entre eles, a criação de um conselho das UFs composto por reitores das universidades. “Nossa preocupação em relação a esse debate é que nós queremos autonomia e uma autonomia que contraponha a dominação pelos poderes políticos e hegemônicos presentes na sociedade”, frisou Rizzo.
Representando o MEC, o coordenador geral de expansão e gestão das instituições federais de ensino, Antônio Simões, afirmou que quanto à autonomia didática, não haverá muitos entraves para que a proposta seja aprovada. Os dois pontos que suscitam dificuldades são a autonomia administrativa e financeira. “A autonomia didática não terá problema para o Congresso aprovar. Já as autonomias administrativa e financeira vão gerar discussões quando chegar ao Congresso, porque nesses casos existem despesas”, prevê o coordenador.