Projetos de pesquisa do ICET trabalham com o manejo do pirarucu no Lago do Canaçari

O manejo do peixe símbolo da Amazônia, ameaçado de  extinção, o pirarucu (Arapaima gigas) é objeto de estudo dos projetos de pesquisa intitulados “Etnoictiologia do Pirarucu segundo os pescadores, ribeirinhos e sua aplicação no manejo participativo da pesca no Lago do Canaçari”, “Uso dos recursos pesqueiros no Lago do Canaçari, Rio Urubu e Silves”, que são financiados pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (FAPEAM). Eles visam contribuir com a conservação e gestão de recursos pesqueiros das águas interiores da Amazônia.

Os projetos de autoria da professora do Instituto de Ciências Exatas e Tecnologia (ICET), Samantha Aquino buscam promover a sustentabilidade das comunidades ribeirinhas do Amazonas e a preservação da espécie.

A proposta dos projetos é fundir o saber tradicional, adquirido ao longo dos anos de profissão, dos ribeirinhos com o saber científico resultando em avanços significativos na pesca do pirarucu.

A pesquisa aborda o trabalho comunitário de um grupo de aproximadamente 100 pessoas formado por pescadores e ribeirinhos residentes das comunidades de Santo Antônio, São Sebastião, São José do Pampolha e Santa Fé, todas do entorno do Lago do Canaçari.

A pesquisa busca identificar o perfil dos moradores, padrão socioeconômico, avaliar o potencial do lago e reorganizar o manejo na área numa perspectiva de disseminar o sistema de manejo participativo do pirarucu. Para alcançar isso, os projetos buscam promover o entendimento da situação atual da pesca na região e, por conseguinte, a melhorar a qualidade das famílias que estão envolvidas diretamente no projeto e conservação do pescado.

Segundo a professora Samantha, “o projeto está na primeira etapa da pesquisa, demostrando um diagnóstico das comunidades envolvidas, na segunda etapa serão propostas entrevistas com os pescadores para resgatar e entender o conhecimento tradicional e na última etapa acontecerão oficinas ambientais envolvendo todos os membros das comunidades”, contou.

Já a bolsista de iniciação científica Raiana da Silva salienta que “na localidade serão abordados vários aspectos desde fatores socioeconômicos até locais de uso, locais de reprodução, enfim todo o conhecimento que os comunitários têm a respeito do pirarucu, cujo objetivo é dialogar com as comunidades para recomeçar o manejo do pescado e tentar diagnosticar quais os principais problemas que perpassam a questão”, afirmou.

Sobre o pescado

Hoje em dia a pesca do pirarucu continua sendo uma importante fonte de renda para os pescadores.  O pirarucu pode alcançar cerca de três metros de comprimento e 200 quilos, e sua carne saborosa costuma ser comercializada por altos valores de mercado. Além disso, o pirarucu respira ar atmosférico obrigatoriamente, subindo à superfície da água para respirar a cada intervalo de dez minutos, e assim torna-se vulnerável ao arpão dos pescadores. 

A pesca desordenada do pirarucu tem afetado dramaticamente as suas populações. A pouca informação existente sobre sua pesca indica que o recurso encontra-se sobre-explorado na maior parte da Bacia Amazônica e até mesmo comercialmente extinto próximo aos principais centros urbanos.

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