Carla Santos
Equipe Ascom Ufam
 
Formar professores-pesquisadores indígenas no âmbito da enunciação de políticas públicas educacionais e processos pedagógicos próprios: uma missão a qual a Universidade Federal do Amazonas (Ufam) exerce, no município de maior número de indígenas do País, a cidade São Gabriel da Cachoeira, distante a 853 km em linha reta da capital, Manaus. Em uma solenidade que valorizou a cultura nativa, o reitor da Instituição, professor Sylvio Mario Puga Ferreira, presidiu a cerimônia de outorga de grau a 29 formandos da segunda turma de Licenciatura Indígena em Políticas Educacionais e Desenvolvimento Sustentável (Yegatu), intitulada Pisasuwa Kuasa.
 
Iniciado no ano 2009, a Licenciatura é organizada a partir da territorialidade linguística (Baniwa,  Yegatu e Tukano) sendo ofertada em seis polos, cuja metodologia se norteia pela legislação nacional e internacional da educação indígena. O curso tem duração de quatro anos e é promovido em oito etapas intensivas e sete intermediárias.  
 
Na solenidade de outorga de grau, foram convidadas a compor a mesa, além do reitor da Ufam, as seguintes autoridades: a idealizadora do curso de graduação e paraninfa da turma, professora do Instituto de Filosofia, Ciências Humanas e Sociais, professora Ivani Ferreira de Faria, o pró-reitor de Extensão, professor José Ricardo Bessa Freire e a diretora do IFCHS, professora Simone Baçal. O diretor-presidente da Federação das Organizações Indígenas do Rio Negro (Foirn), Marivelton Barroso e o professor homenageado, Rinaldo Sena Fernandes, além do coordenador da Licenciatura, professor Frantomé Bezerra Pacheco, as lideranças indígenas Baré e Werekena, Bras França e Juarez Cândido, respectivamente e o diretor da Pró-reitoria de Pesquisa e Pós-graduação, professor Jamal Chaar também compunham a mesa da solenidade. A cerimônia foi realizada no auditório 'Wayuri', do Instituto Federal do Amazonas (Ifam), cujo diretor, professor Elias Brasilino, foi representado pelo professor Manoel de Jesus Souza, também à mesa do evento.
 
Após a entrada dos formandos, a aluna Maria Lindalva Fointes Olímpio, da etnia Baniwa, procedeu ao juramento em português e em Yegatu. Da mesma forma, o orador, Paulo Cézar Gaspar Gonçalves, proferiu seu discurso nos dois idiomas, emocionando os familiares e professores do curso. A tônica dos pronunciamentos, a valorização das tradições nativas e a necessidade de garantir o direito ao conhecimento para salvaguardar a cultura dos povos indígenas. 
 
O reitor da Ufam, professor Sylvio Puga, falou da importância da Licenciatura e a obstinação da idealizadora do curso, professora Ivani Ferreira de Faria para fortalecer a relação da Universidade com os povos indígenas. "A Licenciatura é uma prática desenvolvida que converge no exercício das habilidades dos, agora, licenciados, que é uma proposta do curso. Qualificando-se, os novos profissionais estarão aptos a pensar e criar instrumentos pedagógicos próprios à prática docente para o bem viver em suas comunidades", disse o reitor. 'Aqui, reconhecimos e ratificamos o compromisso da professora Ivani Ferreira de Faria de décadas para com as políticas educacionais voltadas aos povos indígenas", ressaltou o reitor. 
 
A paraninfa da turma, professora Ivani Ferreira, em seu discurso, chamou ao exercício de cidadania participativa indígena e a construção da autonomia educacional dos licenciados. "Nosso ideal é difundir o controle sobre a agenda educacional indígena, com o objetivo de romper com o que se impõe a esses povos no que tange à educação e a Licenciatura Indígena em Políticas Educacionais e Desenvolvimento Sustentável (Yegatu) vem para preencher essa lacuna", salientou. 
 
Aprendizado -  Primeiro a receber o diploma de licenciado, o graduado Adailton Pompilho Baltazar, falou da felicidade de cumprir uma jornada importante em sua vida pedagógico. "Não foi fácil chegar até aqui, porque fazemos muitas renúncias para poder estar em sala de aula. Deixar nossa comunidade e vir para a cidade, estudar, requer muita força de vontade e apoio da família", contou. 
 
O graduado da turma com mais idade, Eliúde Américo Rodrigues Carneiro, já possuía graduação na área de Educação por outra instituição, mas disse que, até cursar a Licenciatura, ainda não se sentia suficientemente preparado para lecionar. "Vou voltar a minha comunidade mais qualificado para ministrar minhas aulas. Agora me sinto mais seguro para atuar como professor, o que aprendi aqui me abriu as portas para um universo que até então eu não acreditava que pudesse ser capaz de administrar e empregar no meu dia a dia", considerou.
 
Abaixo, a listagem com os nomes dos novos licenciados em Políticas Educacionais e Desenvolvimento Sustentável (Yegatu):
 
- Alberta Gomes André
 
 
 
 
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