UFAM promove desenvolvimento regional através do Centro de Apoio Multidisciplinar

Em dois anos, 20 pesquisadores diretamente ligados ao CAM publicaram 72 artigos em revistas indexadas, receberam dez prêmios e submeteram três patentes.

 

Professor Spartaco fomenta o desenvolvimento da Biotecnologia na regiãoProfessor Spartaco fomenta o desenvolvimento da Biotecnologia na regiãoInvestimento em estrutura física e equipamentos avançados, fomento a pesquisas inovadoras, incentivo à criação de produtos e processos biotecnológicos, patentes e publicações. Esses são alguns dos predicados do Centro de Apoio Multidisciplinar (CAM), órgão suplementar criado em 22 de maio de 1997 que integra a estrutura do Parque Científico e Tecnológico da UFAM e estádividido em Biotecnologia e Central Analítica.

O objetivo é disponibilizar instrumentos para estudos multi e interdisciplinares e viabilizar a criação, a aquisição e a difusão de conhecimentos científicos e tecnológicos. Pesquisas em Química, Biologia, Geologia, Biotecnologia, Engenharia de Materiais e Medicina são realizadas na estrutura do órgão. Um ponto forte do trabalho empreendido pelo grupo é a Rede Genômica da Amazônia, cujo foco é desenvolver processos de interesse para a indústria.

Conservação, Manejo Florestal, Biorremediação e Saúde (estudos epidemiológicos) são temas constantes nas pesquisas fomentadas pelo CAM. “Estudos científicos inovadores associados a propostas de melhoria proporcionam viabilidade de aplicações industriais alternativas”, suscita o diretor do Centro, professor Spartaco Astolfi Filho. “Atualmente, ainda há poucas empresas de Biotecnologia do Amazonas, mas já estamos ajudando a mudar essa realidade ao fomentar o empreendedorismo científico-tecnológico”, comemora o pesquisador.

Na Central Analítica estão disponíveis os serviços de análise da composição química de óleos e extratos, e de estrutura de biomoléculas. Na Divisão de Biotecnologia são ofertados os serviços de sequenciamento de DNA. Para atender a demanda, a estrutura do CAM é composta por salas de aula, para fases teóricas das disciplinas, e laboratórios para práticas específicas, como os de Tecnologia de DNA, Diagnóstico Molecular, Microbiologia Industrial e Bioinformática.

 

PPG-Biotec

“Já tínhamos chegado num ponto importante de desenvolvimento dessa área ainda com os mestrados esparsos. A partir disso, aglutinamos toda a competência dos pesquisadores para criar o primeiro doutorado em Biotecnologia, ainda em 2002. No ano seguinte, ele foi aprovado pela Capes [Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior]”, conta o professor Spartaco. É o programa multi-institucional de pós-graduação em Biotecnologia. Para tornar o PPG realidade, foi necessário um esforço interinstitucional do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA) e da Superintendência da Zona Franca de Manaus (Suframa).Professor Carlos Gustavo coordena o PP-Biotec e diversos projetos sobre biorremediaçãoProfessor Carlos Gustavo coordena o PP-Biotec e diversos projetos sobre biorremediação

A proposta primeira era fazer que os egressos dos vários programas de mestrado em áreas correlatas que já estavam em funcionamento, como Química, Patologia Tropical, Agronomia, Genética (este em parceria com a Universidade Federal de São Carlos - UFSC), pudessem continuar seu doutorado na UFAM, mas agora num programa multidisciplinar.

Atualmente, o PPG-Biotec tem em conta 184 doutores e 90 mestres formados, além dos 150 alunos matriculados no doutorado nas turmas em andamento. “Muitos de nossos egressos têm se dedicado a empresas de desenvolvimento de processos biotecnológicos, liderando algum projeto nessa área ou mesmo trabalhando em instituições como a Fiocruz e CBA”, atualiza o coordenador do Programa, professor Carlos Gustavo Nunes.

O docente investiga Bioprospecção e Desenvolvimento de Bioprocessos e Bioprodutos. Ele tem trabalhos relacionados à biotecnologia de insetos, em especial as abelhas. “O objetivo principal é isolar e identificar as bactérias associadas ao pólen da abelha amazônica Melipona seminigra e caracterizar o espectro de atividade enzimática. Resultados prévios indicam que a maioria das bactérias degradam amido e celulose. Ou seja, os isolados bacterianos do pólen podem servir de base para a prospecção de novas amilases e celulases de interesse industrial”, detalha o pesquisador.

Outro ramo de pesquisa do professor trata da proposição de alternativas para produzir ração para animais domésticos ou mesmo criados em larga escala para consumo humano a partir do uso de insetos para degradar de resíduos orgânicos, como restos alimentares e compostagem (decomposição de material orgânico). “Os insetos podem produzir proteína de alta qualidade inclusive para consumo humano (Entomofagia). A taxa de eficiência é 50%, pois dois quilos de alimento podem gerar um quilo de massa corporal”, ressalta o coordenador do PPG. Leia o boletim da ONU para Alimentação e Agricultura (FAO) sobre o tema.

 

Rede Bionorte

Depois de implantar o PPG-Biotec, era hora de alargar os horizontes em busca de parcerias em projetos colaborativos. Isso só foi possível com o surgimento da Rede de Biodiversidade e Biotecnologia da Amazônia Legal (Bionorte). “O objetivo era formar pessoal qualificado de alto nível num PPG em Biodiversidade e Biotecnologia para atuar em instituições de ensino e pesquisa da região”, lembra o diretor órgão suplementar e mentor da proposta. A primeira turma ingressou no ano de 2012, e hoje são 347 discentes e 178 docentes vinculados ao Programa. Visite a página do PPG-Bionorte (www.bionorte.org.br).

Doutorado consolida pesquisa e desenvolvimento biotecnológico na AmazôniaDoutorado consolida pesquisa e desenvolvimento biotecnológico na Amazônia

 

Para dar vida à Rede Bionorte, 22 partícipes reuniram-se em torno de uma ideia. De acordo com os idealizadores, o PPG tem enfoque interestadual, multi-institucional e interdisciplinar. Com enfoque no desenvolvimento de bioprocessos e bioprodutos, o PPG contribui para a conservação do bioma amazônico e fomenta um setor industrial voltado para a biodiversidade regional. Os doutores formados pela Rede Bionorte têm atuação voltada para quatro vetores: a) difusão de conhecimentos (docência); b) aprovação de projetos (pesquisa); c) publicações e patentes (inovação); e d) apoio ou incubação de empresas próprias (empreendedorismo).

Ao apresentar o atual momento, o professor Spartaco Filho revela: “a prioridade da Rede hoje é formar doutores na região. A coordenação geral é no CAM, mas há nove núcleos estaduais, um em cada estado do Norte, e já temos discentes do Acre e do Mato Grosso”. No dia 10 de novembro, o polo do Pará sediou um evento cujo objetivo foi fortalecer o Programa no estado.

 

 

 

Multidisciplinar

Há 20 anos, quando do início das atividades do Centro, as áreas de pesquisas que o compõem eram isoladas, o que dificultava o desenvolvimento de produtos e processos biotecnológicos. O trabalho do órgão suplementar foi de agregação de pessoas em projetos multidisciplinares e multi-institucionais. Elas se traduzem, hoje, em projetos consolidados e fortes nessa área.

Larissa Muniz conclui doutorado sobre identificação humana no PPG-BiotecLarissa Muniz conclui doutorado sobre identificação humana no PPG-BiotecEm relação às parcerias, o diretor destaca algumas pesquisas recentes. “Em colaboração com a empresa Cristália Produtos Químicos Farmacêuticos Ltda., em contrato de desenvolvimento e transferência de tecnologia, atuamos na produção de hormônio de crescimento humano por meio de engenharia genética e processos fermentativos da bactéria Escherichia coli”, explica. O trabalho está na fase final de desenvolvimento, chamada de Teste Clínico III.

O Ministério da Justiça e as Secretarias Estaduais de Ciência e Tecnologia (antiga SECT) e de Segurança Pública (SSP) colaboraram com o CAM no projeto que originou o “Laboratório de Genética Forense do Estado do Amazonas” e ainda resultou na contratação de peritos e no aperfeiçoamento de recursos humanos para iniciar o funcionamento do projeto.

Outro projeto de grande relevância, segundo o professor, é sobre clones superprodutores de enzimas amilolíticas que são utilizadas em processos industriais para produzir álcool de amido. Os clones estão em fase de transferência para a Petrobras.  O projeto tem como parceiras as universidades de São Paulo (USP) e Brasília (UNB), e a federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

 

Oportunidades

Responsável pela iniciativa ‘Sinapse da Inovação’ no estado, a Fundação de Amparo à Pesquisa do Amazonas (Fapeam) selecionou, em seu edital mais recente, 80 projetos de um total de mais de mil inscritos. Desses, o professor Spartaco enfatiza que projetos de Biotecnologia e Bioeconomia disputam de modo equilibrado com setores tradicionalmente contemplados com esses recursos, como Tecnologias de Informação e Comunicação, e Eletroeletrônica. “Dos 80 que vão para a terceira fase, 16 são sobre biotecnologia e 23 relativos à bioeconomia”, revela.

Ao avaliar o trabalho de quase duas décadas, o professor diz que “a transformação é palpável”, e pode ser medida a partir da colocação de cem doutores formados na área de Biotecnologia. Esses profissionais atuam, hoje, em Instituições de Ciência e Tecnologia (ICT) do Amazonas e de outros estados ou em suas próprias empresas. Muitos deles têm aprovado seus projetos e, em outros casos, passaram a integrar o quadro de docentes em Programas de Pós-Graduação.

 

 

Contatos

Telefone: (92) 3305-4230 / 4018

Atendimento: de segunda a sexta-feira, das 8 às 12 e das 14 às 18h.

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