Semana de Astronomia Indígena reconstrói sistema solar em miniaturas

Indígenas possuem observatórios próprios.Indígenas possuem observatórios próprios.
 
Por Carlos William
Equipe Ascom

O Departamento de Física do Instituto de Ciências Exatas da Ufam (ICE), em parceria com o Serviço Social do Comércio no Amazonas (Sesc – AM) promoveu nos dias 19 e 20 de abril a primeira edição da Semana de Astronomia Indígena, com a finalidade de explanar conceitos e curiosidades astronômicas, além de apresentar as perspectivas indígenas em relação ao tema. O encerramento do evento foi realizado na Unidade Balneário do Sesc, localizada na Constantinopla, 288, Alvorada.

Às 14h, o professor Walter Esteves, docente do Departamento de Física da Ufam e coordenador do Clube de Astronomia da Universidade, ministrou a oficina ‘Construção do sistema solar em tamanho relativo’, em que miniaturas dos planetas de nossa galáxia foram posicionados de acordo com as dimensões reais. Conforme afirma Walter, o único planeta possivelmente habitável em um futuro distante é Marte, pois possui grande quantidade de água e condições que poderão corresponder à sobrevivência. Os demais, segundo informou, são gigantes gasosos, a parte aparente das representações não está relacionada à superfície deles. A superfície rochosa, tal como a de nosso Planeta está bem dentro deles e seu tamanho é bastante inferior, de modo que se uma nave for enviada para esses centros, ela seria destruída antes de chegar ao destino final, devido à atmosfera imprópria. Os planetas em questão possuem uma mancha de nuvens muito densa e extremamente quente. “A mancha vermelha de Júpiter é um furacão que já existe há 400 anos, e o tamanho dele poderia comportar três planetas Terra”, exemplificou o professor.

Lua nova é a mais indicada para caça e pesca indígenas.Lua nova é a mais indicada para caça e pesca indígenas.Os povos indígenas utilizam a observação das constelações para localizar-se e elaborar mapeamento astronômico das regiões onde vivem, um modelo herdado de nossos antepassados. “Quando uma constelação surgia no céu, eles já sabiam que vinha o período das chuvas. Eles sabiam que a Lua nova era a melhor para caçar e pescar, pois as luas que proporcionam maior luminosidade atraem mais mosquitos e agitam os animais em geral”, observou Walter Esteves. Outra forma utilizada são os Observatórios indígenas, em que a posição do sol é marcada por instrumentos construídos artesanalmente, em épocas bem definidas do ano. Quando o sol atinge determinada latitude máxima ao norte, em junho, inicia-se o período seco, o verão amazônico, e os meses seguintes terão poucas chuvas.

O professor Walter discorreu ainda sobre a possibilidade da existência de vida em outros planetas. “Acho que é pretensão demais da raça humana achar que numa galáxia como a nossa, que possui de 200 a 400 bilhões de estrelas, não exista um outro planeta semelhante ao nosso, com estrelas. Porém, esta galáxia é tão grande, que para viajar de um extremo ao outro, levaríamos 100 mil anos”, constatou.

Para ilustrar a velocidade da luz, o docente afirmou que se a luz pudesse orbitar a terra na linha do equador, em um segundo ela daria sete voltas e meia, e mesmo nessa velocidade, demoraria 80 mil anos para enviar uma mensagem em ondas eletromagnéticas do planeta Terra em direção ao centro da galáxia, fato que justifica a atual impossibilidade da descoberta. “Um exemplo das limitações humanas poderia ser representado por imagens presas a duas dimensões, que tem consciência de sua própria formação, mas são incapazes de perceber outros formatos presentes em dimensões mais elevadas. Não quer dizer que determinada forma de vida não exista, apenas porque não adquirimos a capacidade de descobri-las”, observou. Atualmente, não é possível visualizar estrelas de outras galáxias, mesmo com os telescópios mais avançados tecnologicamente.

Todas as estrelas visíveis por telescópio fazem parte da nossa galáxia.Todas as estrelas visíveis por telescópio fazem parte da nossa galáxia.Sobre o Clube de Astronomia da Ufam

O projeto de extensão foi iniciado em 2009, quando três telescópios financiados pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam) foram obtidos, com o objetivo de popularizar o ensino de Astronomia. Todas as terças e quartas-feiras, um grupo de estudantes membros se reúnem em local gramado próximo ao estacionamento da Faculdade de Educação Física, setor Sul do Campus, devido à melhor visibilidade do céu, e observam astros com material telescópico, permitindo a participação de quaisquer interessados, a partir das 19h. Segundo o professor Walter, “a Astronomia é uma das ciências que mais fascina as pessoas e isto pode ser usado como instrumento para disseminar a Educação interativa”. Atualmente, o grupo possui 15 monitores e, para eles, trata-se de uma ciência que revela um grande potencial, apesar de não existir como disciplina escolar, pois integra conhecimentos de Física, Química, Matemática, Geografia, História, entre outras.  

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