Projeto do novo Campus prevê abastecimento com energia renovável

Duas das principais soluções apontadas são a elaboração do projeto internacional ‘Preserve uma árvore na Amazônia’ e o uso de energia renovável para abastecer o futuro Campus.

Pró-reitor de Extensão, professor Ricardo Bessa, apresenta o projeto 'Preserve uma árvore na Amazônia'Pró-reitor de Extensão, professor Ricardo Bessa, apresenta o projeto 'Preserve uma árvore na Amazônia'

Por Cristiane Souza
Equipe Ascom 

Como parte da programação da Audiência Pública realizada pela Universidade Federal do Amazonas (Ufam) e gestores de São Gabriel da Cachoeira, docentes da Ufam apresentaram alternativas possíveis de serem implementadas no município. O objetivo é promover a melhoria dos indicadores sociais e econômicos através de projetos em parceria com o poder público, instituições públicas e privadas e ainda com organismos internacionais, como a ONU.

O pró-reitor de Extensão e representante da Administração Superior no evento, professor Ricardo Bessa, explicou aos presentes no segundo dia da audiência pública que a atuação da Ufam no município será pautada na sustentabilidade. “Essa é a palavra da nova ordem mundial e nós queremos assumir esse compromisso com a cidade de São Gabriel, que é a terceira maior do Brasil, ficando atrás apenas de Altamira (PA) e Barcelos (AM), e a sexta maior do mundo. As riquezas desta região precisam ser as riquezas do povo daqui”, afirmou.

O professor trouxe o conceito de sustentabilidade como uma visão global que se materializa numa ação local. Energia renovável, mobilidade, biodiversidade e destinação adequada de resíduos sólidos são alguns dos fundamentos desse conceito. “A Universidade está buscando uma atuação mais próxima da sociedade do Alto Rio Negro, efetiva e capaz de resgatar a nossa dívida social para com esses povos. Temos a consciência de que somos a vanguarda intelectual apta a possibilitar as mudanças necessárias por meio da formação superior de qualidade”, completou o docente, ao apresentar o projeto ‘Preserve uma árvore na Amazônia’.

Trata-se de uma iniciativa encampada pela Pró-Reitoria de Extensão da Ufam, por meio da qual será cedida uma área de reserva ambiental já ocupada pelos índios e a eles pertencente. Conforme a proposta apresentada à Organização das Nações Unidas (ONU), cada cidadão americano, europeu ou canadense que contribuir com 50 dólares ao ano terá uma placa com o seu nome fixada numa árvore daquela área. “O adotante receberá informações periódicas dos cuidados com a árvore e o certificado de ‘Amigo da Amazônia’. “Dessa forma, vamos gerar consciência de cuidado com o meio ambiente nos cidadãos daqueles países, e os recursos obtidos serão empregados no desenvolvimento regional”, garantiu o professor Bessa.

A exposição culminou com a apresentação do Planejamento Estratégico para o Desenvolvimento Regional Autossustentável (Pedras), também sob a responsabilidade do pró-reitor. O projeto trata de uma série de possibilidades para geração de emprego e renda, melhoria da qualidade dos serviços de saúde e educação e investimentos estruturais na cidade e nas comunidades. A criação de cooperativas para produzir desde sabão com óleo residual, geleias e biscoitos de tucumã e pupunha até tijolo, calçamento e artesanato, assim como projetos voltados para saúde e nutrição são alguns dos pontos contemplados no planejamento.

 

Energia Renovável

Professor Helder Silva fala sobre energia renovável no projeto do novo campusProfessor Helder Silva fala sobre energia renovável no projeto do novo campusO professor Helder Silva, chefe do departamento de Eletricidade da Faculdade de Tecnologia da Ufam (FT), apresentou os sistemas fotovoltaicos como uma alternativa para regiões mais isoladas geograficamente, como é o caso dos municípios do Alto Rio Negro. Ao se discutir a viabilidade técnica e a aplicação, foi deliberado que o plano do futuro Campus contemplará um projeto elétrico baseado no uso de energia solar fotovoltaica, uma fonte natural renovável e limpa.

O pesquisador explicou que a matriz energética brasileira, em 2016, já utilizava 43,5% de fontes renováveis, enquanto que, no mundo todo, em 2014, o uso dessas fontes era de apenas 13,5%. A comparação mostra que o Brasil tem potencial para avançar ainda mais nesse setor. “Na Amazônia, a matriz energética tradicional e não renovável traz uma série de problemas, como os ambientais e os logísticos”, argumentou Silva. 

Segundo ele, a geração distribuída de energia é uma solução para o funcionamento efetivo num sistema isolado. Ou seja, permite levar energia de qualidade (de fontes limpas) para a população. “Hoje a China já superou a Alemanha na geração de energia fotovoltaica, atuando com extrema agressividade no mercado”, explicou o professor, ao avaliar que a matriz energética adequada é fator decisivo no econômico cenário mundial. “O Brasil, em 2018, deverá estar entre os 20 maiores produtores de energia solar do mundo”, apontou ele.

Em se tratando de Alto Rio Negro, a Universidade inova ao lançar a si mesma o desafio de construir um Campus plenamente abastecido por energia natural renovável, mais precisamente a energia solar fotovoltaica. “Isso veio como uma reivindicação dos índios: a possibilidade de implantar energia solar na futura Unidade Acadêmica. Para dar cumprimento às deliberações, será formada uma equipe interdisciplinar para a elaboração do projeto mais adequado”, esclareceu o professor Ricardo Bessa. Isso funcionará como um piloto, cuja perspectiva é expandir, pela atuação do poder público, para as comunidades mais distantes.

 

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