Professora Renilda Aparecida Costa recebe homenagem em sessão especial na Assembleia Legislativa

A Sessão Especial para homenagear o Dia da Consciência Negra foi proposta pelos deputados estaduais Alessandra Campelo, José Ricardo e Luiz Castro.

Apresentações culturais marcaram a Sessão Especial alusiva ao Dia da Consciência NegraApresentações culturais marcaram a Sessão Especial alusiva ao Dia da Consciência NegraPor Márcia Grana
Equipe Ascom Ufam

Em sessão especial alusiva ao Dia da Consciência Negra, realizada no Plenário Ruy Araújo da Assembleia Legislativa do Estado do Amazonas, na manhã desta terça-feira, 21, a professora  Renilda Aparecida Costa foi uma das nove homenageadas pelo destacado trabalho na área de Estudos Afro-indígenas.

Com uma agenda acadêmica que envolve o estudo de relações raciais e de educação no Brasil, a professora Renilda é docente do Programa de Pós-Graduação em Sociedade e Cultura na Amazônia e coordenadora do Núcleo de Estudos Afro-indígenas, vinculado ao Instituto de Natureza e Cultura (INC), unidade da Universidade Federal do amazonas (Ufam) no município de Benjamin Constant.

Ao destacar que a homenagem é bem-vinda, a pesquisadora ressalta que a condecoração é dirigida a toda Ufam. "Embora nosso trabalho não seja feito para recebermos homenagens, fiquei muito lisongeada. Escolhi o Amazonas como um lugar onde vou passar boa parte de minha vida e me sinto muito feliz em viver e realizar meu trabalho aqui. Quando li o convite da assembleia, vi que fazia alusão ao trabalho que tenho realizado ao longo de vinte anos, tanto no Amazonas, quanto no sul do país, mais especificamente no Núcleo de Estudos Afro-indígenas, vinculado ao Instituto Natureza e Cultura, e também ao trabalho desenvolvido no Programa de Pós-Graduação em Sociedade e Cultura no Amazonas, mas entendo que a homenagem é de caráter institucional, pois sou ligada à Universidade Federal do Amazonas, com uma agenda acadêmica que envolve o estudo de relações raciais no Brasil, identidade nacional, religião de matriz africana e intolerância religiosa. Falo da importância dele e de outros trabalhos porque o não querer ver ainda é muito presente. Os trabalhos desenvolvidos, seja pelo Programa Sociedade e Cultura, seja pelos afro-indígenas ou pelos movimentos sociais ou comunidades tradicionais de terreiro têm esse escopo de trazer a contribuição do povo negro no Brasil e no Amazonas”, declarou a professora Renilda.

Professora Renilda Aparecida e demais homenageadosProfessora Renilda Aparecida e demais homenageadosHomenageados

Também receberam a homenagem, juntamente com a professora Renilda Costa, o coordenador do Fórum Permanente de Afrodescendentes do Amazonas, professor Gláucio da Gama Fernandes; o instrutor Regente do Liceu de Artes e Ofícios Cláudio Santoro (unidade Parintins), Cícero Antônio da Silva; a coordenadora da Marcha das Mulheres Negras Francimar Santos Júnior; o mestre da escola Matumbé de capoeira, Luiz Carlos Bonates; o coordenador do Grupo de Capoeira Raízes José Roberto Rodrigues; a professora Arlete Anchieta e o zelador de umbanda Eliézio Pinheiro.

Discurso dos Propositores

Citando pesquisas e informações governamentais, a deputada Alessandra Campelo, uma das propositoras da homenagem, ressaltou que o preconceito ainda é uma realidade no Brasil. " Percebi, no Dia da Consciência Negra, com muita decepção, que as pessoas ainda questionam bastante a razão de se ter um dia para se refletir sobre a consciência negra. Parece que precisamos lembrar o óbvio, que o racismo deve ser combatido todos os dias. São muitas as pessoas que não reconhecem que o racismo existe em nosso país, embora a violência afete muito mais as pessoas negras. Como mulher, sei que sofremos violência, mas a mulher negra sofre ainda mais. A mulher negra é a maior vítima de mortalidade materna, de violência obstétrica. Elas são quase 70% das mulheres mortas por agressão, com duas vezes mais chances de serem assassinadas do que mulheres brancas. Dos desempregados em nosso país, 64% são negros; das pessoas que trabalham como domésticos, 66%. Como se pode dizer, então, que não existe racismo em nosso país e que não é necessário o dia da consciência negra? Então, como parlamentar, acho que temos pouco a comemorar e muito a trabalhar para criarmos oportunidades. Temos que ter políticas públicas de saúde, de juventude, para as mulheres, de combate à violência para a população amazonense e políticas específicas de igualdade racial. Não podemos negar a desigualdade racial que existe em nosso país e em nosso estado", ressaltou a parlamentar.

O deputado José Ricardo mencionou as matérias jornalísticas sobre o Dia Nacional da Consciência Negra e afirmou que tudo o que leu o levou a concluir que os avanços no combate ao racismo ainda são muito tímidos. "Avançou-se pouco. Ao consultar o Estatuto da Igualdade Racial, aprovado à base de muita luta, percebemos que, da aprovação para cá, se formos olhar as políticas que foram implementadas no Estado do Amazonas realmente chegamos à conclusão de que são tímidas, muito tímidas. Agora, nesse momento em que se vai discutir o orçamento do Estado, seria o momento certo para definir prioridades e a alocação de recursos para garantir políticas afirmativas, política de direitos, as quais precisariam ser encaminhadas, não só pelo poder público, mas também através de parcerias com a sociedade civil. Queremos chegar a um dia em que não precisemos fazer mais manifestações desta natureza; que o preconceito seja apenas um triste episódio do passado.

O deputado Luiz Castro destacou que o Dia da Consciência Negra é indispensável para que as pessoas tenham consciência histórica das injustiças, não apenas do período da escravidão, como também do período subsequente, marcados pelo preconceito e pela discriminação. “Nós nos perguntamos onde está a paz, o amor e a caridade de uma sociedade que se diz cristã desde a chegada de Pedro Álvares Cabral até os dias de hoje, quando ainda assistimos a tanta violência, discriminação contra os terreiros de umbanda, contra as religiões de matriz africana que são assediadas por ameaças e ataques de pretensos cristãos, mesmo quando sabemos que Cristo não advogou esse tipo de atitude de violência e discriminação aos diversos modos de expressar a fé. Vivemos em uma sociedade que se declara cristã, ao mesmo tempo em que carrega enorme carga de preconceito. Quando se fala em dia da consciência negra, acompanhamos uma série de ataques. Fico impressionado quando perguntam por que temos que ter o Dia da Consciência Negra. Eu respondo enfaticamente que é para que tenhamos consciência histórica das injustiças, não apenas do período da escravidão, como também do período subsequente, do período da pós-escravidão, em que sobreviveram o preconceito e a discriminação”, ressaltou o deputado.

A Sessão Especial foi finalizada com apresentações culturais protagonizadas pelos homenageados.

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