“Migrar é um processo de ruptura de mundo”, afirmou a professora Maria Catarina Zanini em palestra sobre migrações
Professora Maria Catarina ZaniniO Museu Amazônico, em conjunto com o Núcleo de Estudos de Políticas Territoriais na Amazônia (NEPTA) e o Grupo de Estudos Migratórios na Amazônia (GEMA) promoveram nesta manhã de quinta-feira, 2, no ICHL, a conferência “Novas abordagens nos estudos migratórios: questões metodológicas”, da professora do Programa de Pós-Graduação em História da Universidade Federal de Santa Maria -UFSM-, Maria Catarina Zanini. A mesa de abertura contou com a participação do coordenador do grupo GEMA, professor Sidney Antônio da Silva e da professora do Departamento de Ciências Sociais da Ufam, Mariana Galuch.
Um tema que tem sido exposto atualmente com maior freqüência em diversas frentes (acadêmicas, na mídia tradicional, nas redes sociais, entre outras) são os processos migratórios. O tema já é antigo, mas ganhou força nos últimos anos em razão de diversos eventos ocorridos, principalmente na Europa, com desdobramentos trágicos. A compreensão do fenômeno é colocada de forma generalizada e por muitas vezes suas dinâmicas são negligenciadas.
Conforme a professora Maria Catarina Zanini, o processo migratório é um fenômeno complexo que pode ser visto do ponto de vista micro, macro estrutural, de questões subjetivas ou objetivas e que podem ser compreendidos a partir de alguns aspectos dos deslocamentos. “É um fenômeno muito complexo. Pode ser visto do ponto de vista micro, macro estrutural, de questões mais subjetivas ou mais objetivas. A proposta é apontar algumas metodologias pra que se possa, fazendo recorte de estudo, chegar mais perto de uma compreensão de alguns aspectos deste processo (Como ele se dá? Quais são suas dinâmicas? Por que ocorre? Como está ocorrendo?). É nesse sentido que a mobilidade contemporânea passa a ser compreendida. As dificuldades para entendê-la estão enraizadas no processo histórico das sociedades”, disse a palestrante.
“A importância do tema exposto extrapola o interesse puramente acadêmico por tratar de questões socioeconômicas e culturais atuais, de dimensão global, que exigem tomadas de decisões pelos Estados Nacionais para promoção de justiça social para aqueles que necessitam migrar em busca de seu bem-estar”, destacou a diretora do Museu Amazônico, professora Maria Helena Ortolan.
Os movimentos migratórios contemporâneos têm características fundamentadas nas novas formas do capitalismo. São dinâmicas também das Mesa de abertura da palestranovas formas culturais que se dão em nível global. “Não se pode generalizar o que leva uma pessoa a migrar. São diversos elementos que envolvem o processo em todo o mundo. Afirmar que o fator econômico é que leva uma pessoa a se deslocar de lugar para o outro é ingenuidade. A migração sempre é uma perspectiva de melhorar as condições das pessoas e envolve diversos elementos. Migrar é um processo de ruptura de mundo, de processos de identificação. Quem emigra nunca volta o mesmo”, ressaltou a professora Maria Catarina Zanini.