Socióloga Wania Pasinato avalia dez anos da Lei Maria da Penha em "Seminário Violência e Gênero no Amazonas"
Mesa de honra da abertura do Seminário Violência e Gênero no AmazonasVoltado a acolher reflexões sobre a questão de gênero na atualidade, como violência de gênero, discriminação, diversidade e orientação sexual em diferentes abordagens teóricas, o "Seminário Violência e Gênero no Amazonas" teve início na manhã desta quarta-feira, 19, no auditório Rio Amazonas.
O coordenador geral do evento, professor Fabio Candotti, destacou que abordar apenas os dez anos da criação da Lei Maria da Penha não seria suficiente para discutir a temática e classificou o Seminário como um espaço de resistência da sociedade. “Uma das minhas tarefas ao assumir a coordenação do Observatório de Violência no Amazonas, criado em 2012 sob a coordenação da professora Flávia Melo e com apoio da PROEXT, da PROTEC e da FAPEAM, era fazer o lançamento do mapa da violência que estava sendo construído desde 2012 e ele será lançado logo mais, às 14h. Mas não é suficiente lançar o mapa ou apenas abordar os dez anos da criação da Lei Maria da Penha. É preciso resistir à tentativa de retirar a temática de gênero das escolas e demais esferas políticas e aqui na universidade é o espaço ideal por se tratar de uma reunião pública, um fórum, porque é preciso, sim, falar de gênero e esse debate é cada vez mais necessário” declarou o coordenador do evento, referindo-se a projetos de Lei em tramitação.
No hall do auditório Rio Amazonas resumos de trabalhos alusivos à temática do Seminário como "Análise do papel do sistema de justiça na solução de conflitos de gênero" e "A etnografia das trabalhadoras da limpeza pública do município de Benjamin Constant" O seminário segue até o próximo dia 21 de outubro. A pró-reitora de Inovação Tecnológica, professora Socorro Chaves, representou a Administração Superior da Universidade na abertura do evento. Durante seu discurso, ela enfatizou que a Ufam tem vários trabalhos sobre a temática Violência e Gênero, inclusive vinculados à Pró-reitoria de Inovação Tecnológica. “Quero parabenizar a todos os organizadores que assumiram esse compromisso de debater esse tema extremamente relevante e espero que daqui saiam várias proposições para que nós possamos ganhar força e esperança nesse momento crítico de aumento da violência em todas as áreas, não só no Estado do Amazonas, mas em nível mundial”, ressaltou a Pró-reitora.
A Secretária Executiva de Políticas para as Mulheres, Keith Bentes, representou o Governo do Estado na cerimônia de abertura do evento. “Em nome do Governo do Estado eu gostaria de agradecer o convite. Nós viemos aqui para contribuir com o debate e apresentar o trabalho desenvolvido pela nossa Secretaria. Nossa gerência de diversidade também participa ativamente deste Seminário e quero destacar que a Universidade Federal do Amazonas tem feito um trabalho fundamental de protagonismo no interior e essa parceria com nossa Secretaria é fundamental para debelar a violência contra a mulher”.
Centro de Referência dos Direitos da Mulher
Representando o Poder executivo municipal, a coordenadora do Centro de Referência dos Direitos da Mulher, Luciana Farias, aproveitou para divulgar os serviços oferecidos pelo recém-inaugurado Centro que coordena. “Preciso falar da necessidade de divulgação constante do Centro de Referência dos Direitos da Mulher inaugurado recentemente e que é mais uma instituição para compor a Rede de Enfrentamento à violência contra a mulher. O Centro está instalado no Conjunto Duque de Caxias e oferece serviços de atendimento psicossocial, jurídico e de orientação pedagógica e busca acolher mulheres em situação de violência da melhor forma possível”, declarou a representante da Prefeitura de Manaus.
Conferência de abertura
A socióloga da Universidade de São Paulo, Wania Pasinato, foi a conferencista da abertura do Seminário Violência e Gênero no Amazonas.A socióloga da Universidade de São Paulo, Wania Pasinato, foi a conferencista da abertura do Seminário Violência e Gênero no Amazonas. Durante a apresentação, ela destacou que a Lei Maria da Penha passa pelo momento mais delicado de sua existência. “Pra mim é uma honra falar sobre a Lei Maria da Penha, pois eu tenho acompanhado desde a elaboração dela. Sou convidada há anos para fazer balanços sobre a implementação da Lei, sobre os avanços e desafios e eu afirmo aos senhores que em nenhum momento antes, nesses dez anos de implementação, a Lei Maria da Penha esteve tão ameaçada quanto agora", declarou a palestrante. Segundo Wania Pasinato, os Projetos de Lei que apresentam alterações em direitos conquistados nas últimas décadas. "Se permitirmos uma modificação no texto da Lei Maria da Penha, por mais que revestida da ideia de boa intenção, vamos deixar as portas abertas para que outras mudanças entrem. Estão propondo, por exemplo, que se retire a palavra gênero da Lei Maria da Penha. Se nós retirarmos a palavra gênero dessa Lei, vamos desmantelar a lei; toda a sua história e tudo o que ela representa como marco político de enfrentamento da violência contra a mulher” , alertou a conferencista.
Programação
Na tarde desta quarta o evento continua com a apresentação e com o debate do Mapa da Violência de gênero no Amazonas, além do lançamento do aplicativo do Observatório da violência de gênero no Amazonas.
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