Crítica indígena da razão antropológica é tema de debate com a palestrante Alcida Ramos em evento do PPGAS na Ufam
O Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social da Ufam (PPGAS), por meio do Núcleo de Estudos de Políticas Territoriais na Amazônia (NEPTA), e o Museu Amazônico, promoveram nesta manhã de terça-feira, 13, no auditório da Faculdade de Direito, no setor norte do Campus, a palestra da professora do Departamento de Antropologia da Universidade de Brasília, Alcida Rita Ramos intitulada "Por uma crítica indígena da razão antropológica".
Alcida Rita Ramos é doutora em Antropologia e professora emérita do Departamento de Antropologia da Universidade de Brasília (UnB). Foi diretora da Comissão Pró-Yanomami (CCPY). Pesquisadora 1-A do Cnpq, Alcida tem se dedicado ao estudo das sociedades indígenas, em especial, Yanomami, e atualmente desenvolve pesquisas sobre indigenismo comparado na América do Sul, com foco no Brasil, Argentina e Colômbia.
A renovação da Antropologia foi o ponto de vista defendido pela professora Alcida Rita Ramos, da UnB, na palestra ministrada na Ufam nesta terça-feira. A pesquisadora questionou as práticas antropológicas centenárias e defendeu mudanças em razão da inserção, nos últimos anos, de indígenas no meio acadêmico. “A entrada de indígenas nos cursos de Antropologia nas universidades acabam renovando a Antropologia porque eles têm visões que não são as ocidentais. Percebo que eles já têm ideias renovadoras e estou propondo que a Antropologia acadêmica aceite estes saberes para fazer parte do acervo de conhecimento, em igualdade de condições e, simplesmente, não ser objeto de pesquisa do outro, para gerar conhecimentos mais refinados e condizentes com a adversidade do mundo a qual a Antropologia tem se dedicado sempre. Vejo uma possibilidade de manutenção de diálogo permanente entre o conhecimento indígena e ocidental acadêmico. Há um conhecimento científico do lado indígena que não é reconhecido pela ciência ocidental. Isso é uma injustiça porque quando um estudioso vem em busca de conhecer alguma coisa se apodera logo do conhecimento indígena. Nós antropólogos temos rapinado durante 100 anos o conhecimento indígena e agora está na hora de dividir os louros” disse Alcida Ramos.
A estudante de Pós-Graduação em Antropologia Social, Lilian de Oliveira, ressalta a relevência do debate para as instituições. “O evento é importante porque promove um intercâmbio com pesquisadores de outras instituições, que estudam temas referentes aos povos indígenas e sua relação com o Estado brasileiro”, afirma.
A coordenadora do evento, a professora do PPGAS, diretora do Museu Amazônico e coordenadora do NEPTA, Maria Helena Ortolan, destacou a importância da palestrante em razão de sua atuação em defesa dos povos indígenas e de sua reflexão acerca do fazer antropológico. “É uma oportunidade ímpar aos estudantes participarem da palestra da professora. É uma pesquisadora consagrada sobre os Yanomami e, mesmo com o seu brilhantismo acadêmica, nunca deixou de defender os povos indígenas. Tem mais de 100 artigos publicados e uma enorme experiência como professora emérita da UnB”, destacou Maria Helena Ortolan.